Pesquisadores da Cinemateca Brasileira têm estudado o acervo de nitratos e compartilhado suas descobertas em cursos gratuitos oferecidos pela instituição
Heloísa Lisboa (@helocoptero) Publicado em 12/05/2024, às 16h02
As atividades técnicas da Cinemateca Brasileira ficaram paralisadas por quase dois anos, até a Sociedade Amigos da Cinemateca assumir sua gestão integralmente em 2021. Desde então, medidas têm sido implementadas para preservar o acervo e a história da instituição, bem como o cinema brasileiro.
Em 2023, um grupo de pesquisadores — formado por nomes como Rodrigo Archangelo, Tamara Santos, Giuliana Ghiraldelli, Iago Cordeiro Ribeiro, Igor Andrade Pontes, Marcella Grecco de Araújo, Yasmin Gabrielle Rahmeier Souza, Felipe Queiroz Correa e Castro, Leandro Sampaio de Melo, Luisa Malzoni, Marcela Sonim e Mariana Menna — iniciou o Projeto Nitratos.
Pela primeira vez em mais de sete décadas, a Cinemateca Brasileira recebeu recursos para revisitar a coleção de nitratos de celulose de seu acervo a fim de catalogar, conservar e duplicar obras das décadas de 1900 a 1950.
Além do cuidado técnico das películas, os pesquisadores da Cinemateca estão compartilhando suas experiências vividas durante o projeto em cursos de formação. O primeiro deles, Mulheres Pioneiras do Cinema, aconteceu em dezembro do ano passado e foi ministrado por Marcela Grecco. Outro, chamado A Cultura Cinematográfica e sua História: cinematecas, cineclubismos, festivais, filmografias e historiografias, ganhou lugar na Cinemateca — e no YouTube — no final de abril.
O curso mais recente oferecido pela organização ensinou seus inscritos desde a acessar o Banco de Conteúdos Culturais até a entender a base de dados Filmografia Brasileira. Cinejornais, documentários, ficção, filmes domésticos e publicidade de curta, média e longa-metragens foram analisados.
Os pesquisadores revezaram os assentos na sala Oscarito durante quatro dias de curso e foram muito minuciosos ao apresentar o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo de um ano. Ainda que eles tenham feito inúmeras descobertas sobre o acervo de nitratos e a história brasileira, muitas lacunas precisam ser preenchidas.
Afetada pelos incêndios ocorridos em 1957, 1969, 1982 e 2016, a coleção de nitratos está, naturalmente, deteriorando-se. Trechos e até mesmo títulos de filmes seguem perdidos. Por isso, a equipe da Cinemateca Brasileira convida profissionais a dar continuidade à sua longa pesquisa sobre esse tipo de suporte.
Os resultados do Projeto Nitratos serão apresentados no dia 28 de maio, quando ele chega ao fim. Em junho, interessados poderão frequentar o curso Os cinejornais no Brasil: notícia e entretenimento nos cinemas brasileiros do século XX. Vale lembrar que, embora as inscrições estejam esgotadas, é possível assistir ao evento por meio do YouTube ou arriscar uma visita à própria Cinemateca para verificar se existem vagas disponíveis de desistentes.
Embora a Cinemateca tenha reaberto ao público em 2022, Rodrigo Archangelo reforçou o convite para que a sociedade integre cada vez mais o espaço: "A intenção disso aqui é abrir as portas da Cinemateca".
"Aqui se cria conhecimento", adicionou. Acompanhe as redes sociais da Cinemateca Brasileira para ficar por dentro da programação de filmes, cursos e outras atividades:
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