Antigos e atuais integrantes já discutiram por meio da imprensa sobre razões, com direito a ex-vocalista apontar suposta mentira de baixista
Igor Miranda Publicado em 02/05/2024, às 10h00
O Judas Priest está entre as maiores bandas de heavy metal da história. Para além dos mais de 50 milhões de discos vendidos e das diversas turnês realizadas por todo o planeta, o grupo inglês se notabilizou por ter ajudado a desenvolver a estética do gênero, seja musical ou visualmente.
Um dos momentos mais controversos dessa trajetória se deu entre 1996 e 2003. Com o integrante clássico Rob Halford fora, a vaga de vocalista foi assumida por Tim “Ripper” Owens, em um período que dividiu opiniões em meio aos fãs. A parceria rendeu dois álbuns: Jugulator (1997) e Demolition (2001), que não tiveram a mesma repercussão de seus antecessores diretos.
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Com o retorno de Halford, em 2003, os discos não tiveram mais suas músicas executadas em shows. Mas algo que chateia alguns envolvidos com o grupo no período é a sua total ausência das plataformas de streaming. Não é possível ouvir Jugulator ou Demolition no Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon Music, YouTube Music, Tidal, Qobuz, entre outros.
Por que isso ocorre? As versões dadas por ex e atuais integrantes do Priest divergem nesse sentido.
Dos cinco músicos que gravaram os álbuns, dois já não estão mais na banda. Além do já mencionado Ripper, o guitarrista K.K. Downing saiu em 2011, alegando que iria se aposentar. Quando voltou atrás e decidiu manter-se na ativa, já era tarde: os remanescentes trouxeram Richie Faulkner. O baixista Ian Hill e o baterista Scott Travis seguem envolvidos, assim como o guitarrista Glenn Tipton — que ainda é listado como membro oficial mesmo com seu diagnóstico avançado de Parkinson.
Em entrevista de 2019 ao podcast de Mitch Lafon (via site Igor Miranda), Hill declarou que o “sumiço” de Jugulator e Demolition não só das plataformas de streaming, como também de lojas de discos físicos, é uma falta de acordo com a gravadora da época: SPV, que passou por um processo de falência. O Priest hoje é contratado pela Sony Music. O baixista comentou:
“É estranho, porque há coisas boas em ambos os álbuns e Ripper é um vocalista incrível, que fez um grande trabalho em Jugulator e Demolition. O fato de não estar à venda não tem nada a ver com a banda. Deve ser por algo contratual entre a Sony e quem quer que tenha os direitos desses álbuns, eu não sei. É uma pena, porque há boas coisas ali. Como banda, ainda é Judas Priest. Sei que não era a nossa formação tradicional, mas ainda era Judas Priest, então, é decepcionante, caso seja verdade que o material não esteja disponível.”
K.K. Downing, que voltou a tocar com Tim “Ripper” Owens no projeto KK’s Priest, definiu como “mistério” a ausência de Jugulator e Demolition das plataformas digitais. Em entrevista à rádio americana 94.3 The Shark (via Blabbermouth), o músico declarou:
“É um pouco misterioso, na verdade. Obviamente, não tenho mais controle sobre esses discos, mas não acho que seja uma coisa de gravadora. Porque as gravadoras sempre gostam de vender discos, não é? Ripper e eu ainda estamos muito orgulhosos de tudo o que fizemos como parte de nossa história e legado. Gostaríamos muito de ver os discos disponíveis mais uma vez. Então, esperamos ver isso se concretizar. Mas a boa notícia é que o KK’s Priest estará por aí tocando essas músicas ao vivo.”
Mas a declaração mais forte nesse assunto veio do próprio Ripper. Em entrevista a Marcelo Vieira para o site Igor Miranda, o cantor acusou Ian Hill de estar mentindo. Inicialmente, ele criticou a atitude de fazer os dois discos “sumirem”.
“Fizeram esses discos desaparecer, como Houdini. Loucura. Poderiam estar ganhando dinheiro em cima desses discos, e os fãs adorariam ter a oportunidade de comprá-los em vinil.”
Em seguida, negou que seja uma questão contratual que impeça a volta dos materiais ao mercado. De acordo com Owens, caso Hill estivesse falando a verdade, Jugulator e Demolition não estariam presentes no box set 50 Heavy Metal Years of Music, que compila todos os álbuns do Judas Priest e foi lançado em 2021. Ainda aproveitou para alfinetar uma controversa decisão recente do grupo.
“É mentira. Do contrário, não estariam presentes naquele box-set de 500 dólares. Se bem que são as mesmas pessoas que anunciaram que eles continuariam com um guitarrista só, né? Então, não é como se eles fossem experts em tomar as melhores decisões.”
Vale lembrar que o Priest anunciou a dispensa de Andy Sneap — que substitui Glenn Tipton nos shows — em janeiro de 2022. A ideia era seguir apenas com Richie Faulkner na guitarra, mas a reação dos fãs foi tão negativa que eles voltaram atrás.
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