- Banda Uó (Foto: Rogger Cordeiro)
Entrevista

Banda Uó retoma atividades com força total em ‘volta comemorativa’

Antes ‘pós-apocalípticos’, Davi Sabbag, Mel Gonçalves e Mateus Carrilho falam de como se sentem ‘contemporâneos’ pela primeira vez

Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo) Publicado em 05/03/2024, às 14h22

Se você foi um adolescente nos anos 2010 e passava boa parte do tempo sintonizado em programas musicais, ou vendo clipes pela internet, deve ter sido impactado pela Banda Uó. O trio, formado em Goiânia, conquistou o Brasil com letras cativantes e videoclipes irreverentes, que mergulhavam na música brega antes dela ser cool.

O tempo passou e, após oito anos de atividades, a entrou em um período de hiato — ou vale night, como preferem chamar. Davi Sabbag, Mel Gonçalves e Mateus Carrilho focaram cada um na própria carreira solo e nos projetos pessoais. A banda, no entanto, vivia no imaginário dos fãs que pediam diariamente, segundo contam os três, por um retorno.

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Seis anos se passaram e, neste 2024, o grupo retoma as atividades. Inicialmente, os três se unem para uma turnê. Em conversa exclusiva com a Rolling Stone Brasil, a Banda Uó falou sobre as motivações e um pouco do que podemos esperar para a nova fase. 

O trio define esse momento do retorno como “um misto de sentimentos”. “Hoje eu estava ouvindo o show na minha casa e imaginando ‘tá voltando mesmo, é real’,” disse Davi. Mateus concorda: “Eu fiz o mesmo. O nosso produtor tá mandando as versões do show. É um show de pop que elas querem? É um show de pop que terão!”

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“Eu fiquei muito feliz com tudo que está acontecendo. Acho que a Banda Uó tem um lugar muito divertido e também amoroso nas pessoas, consegue chegar nesses dois lugares,” completa Mel. “Então, quando a gente tem essa conversa para o reencontro, me traz muitas memórias boas de palco.”

Como os próprios fãs gostam de lembrar, o trio já estava na cena “quando tudo era mato.” No entanto, havia também espaço para uma diversão, que retomam agora, com um show mais potente do que tudo feito anteriormente. 

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As primeiras conversas sobre o retorno aconteceram há menos de um ano, por volta de setembro de 2023, mas a banda recebe propostas para retomar as atividades há bastante tempo. “Mas a gente sempre se negou,” relembrou Mateus. “Em 2023, vimos que estava na hora, que era uma boa oportunidade e começamos a falar,” completa.

Antes do reencontro como banda, os parceiros passaram a se reencontrar pessoalmente. “Tudo meio que se encaminhou num fluxo bom para as coisas acontecerem,” resume Davi. Mel relata que o período em que as atividades da banda estiveram pausadas foi importante para o retorno acontecer da maneira como ocorre agora.

A gente vem com uma perspicácia maior com sabedoria, sagacidade. Com mais tecnologia por conta de tudo que acontece. O mercado está outro, o tempo está outro. Então, muita alegria. - Mel

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Com um show maior e produção diferente do que faziam na primeira fase da banda, os três afirmam que os fãs  encontrarão “uma nova Banda Uó.” “Para o espetáculo, teremos banda, balé e uma grande equipe trabalhando para que a experiência do show seja do jeito que os fãs merecem.”

Os shows da turnê  abrangerão as canções dos dois discos da banda, Motel (2012) e Veneno (2015). Davi comenta também sobre como o som é atual. “10 anos atrás, quando perguntavam se o tecnobrega estaria nos charts do Brasil, não sabíamos dizer, e hoje está. 

Nossa música é muito atual hoje em dia. Eu escuto e falo ‘se a gente tivesse lançado esse disco em 2023, daria para fazer essa mesma turnê que fazemos agora. - Davi

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Por parte dos fãs, a recepção do anúncio da volta foi “uma loucura,” sintetiza Mel. “Tem gente que não acredita até hoje.” A notícia, aliás, chegou para o público em grande estilo. Com direito a um vídeo muito bem produzido, com o DNA da banda em cada detalhe. “Nada mais Banda Uó do que voltar de maneira catastrófica,” brinca Mateus.

 

“Durante todo o nosso hiato, não teve um dia no qual não recebi uma mensagem de ‘volta Banda Uó’,” diz Mel. Mateus afirma que os fãs são os “culpados” pelo retorno. 

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Como bons artistas sempre têm cartas na manga, com o trio não seria diferente. Eles dão um gosto do que está por vir, mas não entregam o jogo. Ao serem questionados se a volte é somente para turnê, ou definitiva, Mateus responde rapidamente que é “uma volta comemorativa.”

“Deixamos isso bem claro desde o início, tanto que ela [a turnê] se chama O Reencontro por isso. É uma grande comemoração da nossa história e de tudo que a gente viveu junto. - Mateus

“Existe um início, um meio e um final. Então aproveitem, contratem, chamem, porque essa apoteose pode passar,” completa Mel. Seguida por Mateus, que levanta a bola dizendo “E o futuro…”, “A Deus pertence”, completam os outros dois às gargalhadas.

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“As pessoas pedem tanto trabalhos novos porque elas veem a Banda Uó de maneira contemporânea e não com um produto do passado,” explica Mateus. É como se o mundo estivesse pronto para recebê-los agora. 

E eles também estão preparados para o mundo. Para o show, eles trouxeram Pedrowl como produtor e Fernanda Fiuza como diretora-geral. As músicas vão estar com outro corpo e eles classificam a experiência como um “show de novidades”. “Na minha cabeça é como se a gente não tivesse parado e tivéssemos só progredido para fazer esse show grandioso,” explica Davi.

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Nos anos de vale night, eles voltaram com muita sede de fazer o projeto conjunto. Inclusive estudando o que outros artistas têm feito. O trio cita nomes como Rosalía, Beyoncé, Britney Spears, SZA. Karol G e Anitta.

Sobre o que têm consumido, eles flutuam entre o alternativo — Davi cita Caroline Polachek, Björk e Allie X, por exemplo. Mel fala de Dua Lipa e Kali Uchis. E Mateus cita Nadson O Ferinha. Outros nomes das playlists do trio são Luiza Lian e Mc RB KBLZ, “Mas estamos enraizados, uma dica que eu dou é: Brasil profundo,” diz Mateus.

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Mel conta que tem estudado a obra de Zezé Di Camarago & Luciano, porque “tem muita coisa ali que dá para usar.” E diz ainda que para trazer novidades é preciso mergulhar. “As profundezas do conceito”, completa Mateus. Que a cantora explica: “Depois fica extremamente popular.”

Sobre as carreiras solo, o trio explicou como, nesse momento, o foco é a . “Até porque ela consome toda a nossa energia,” revela Mateus. Mas nada impede que os projetos de cada um possam andar paralelamente. Sem dar muitos spoilers, os três confessam que existem projetos sobre a carreira de cada um.

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Quando questionados sobre a possibilidade de podermos sonhar com um novo álbum, Davi respondeu que “sonhar a gente pode” e Mel completa que “assim como as pessoas sonharam durante seis anos com a gente fazendo esse reencontro, que talvez não seria possível há um tempo, eu acho que tudo é possível para aquele que crê.”

Por enquanto, o nosso grande foco é fazer essa turnê ser a coisa mais linda que a gente já fez. Então é um trabalho muito grande, tem muito ensaio, tem muita gente envolvida e, por enquanto, não dá para pensar nisso ainda. Vamos rememora para pedir o que a gente quer depois.” - Mel

Uma coisa é certa: o trio prepara muitas surpresas para o que vem. Davi, Mel e Mateus sintetizam esse momento em uma palavra, cada um. “Emoção,” diz Davi. Seguido por “celebração”, dita por Mel e Mateus completa com “sonho,” compartilhado entre banda e fãs e que, após seis anos de “vale night,” está cada vez mais próximo de se tornar realidade. 

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