Disco lançado em 2003 foi bastante criticado por aproximação ao nu metal, corte de solos de guitarra e timbre estalado de bateria
Igor Miranda Publicado em 06/02/2024, às 10h00
Embora tenha vendido 6 milhões de cópias mundialmente, o oitavo álbum de estúdio do Metallica, St. Anger (2003), é um dos trabalhos mais criticados de toda a carreira da banda. A aproximação com o nu metal, a exclusão de solos de guitarra e o timbre estalado da bateria de Lars Ulrich renderam avaliações negativas tanto dos fãs quanto da imprensa especializada.
Mas isso não quer dizer que todo mundo odeie o disco — ou que ele não possa passar por uma reavaliação ao longo dos anos. Em entrevista à Metal Hammer, o baixista Robert Trujillo contou que muitos fãs parecem estar reconsiderando o “álbum maldito” do grupo. Vale lembrar que o músico entrou para a banda justamente neste período, embora não tenha participado das gravações do material.
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Trujillo abordou o assunto ao comentar a inclusão de músicas de St. Anger no repertório dos shows recentes, em especial da turnê atual M72. Ele disse:
“A maioria das pessoas com quem converso encontraram um lugar em seus corações para St. Anger. O que é legal é incluir a música 'Dirty Window' no set. Do jeito que a tocamos agora, encontrei meu lugar nas músicas que tocamos e encontrei um groove para aquelas músicas de St. Anger, quase como se tivéssemos mudado a cara delas.”
Mesmo em sua passagem mais recente pelo Brasil, o Metallica pôde apresentar a canção citada em uma das quatro cidades onde tocou. A banda tocou “Dirty Window” durante apresentação no estádio do Morumbi, em São Paulo, no dia 10 de maio de 2022. Contudo, outras canções ainda não voltaram aos repertórios. A faixa-título foi tocada pela última vez ao vivo em 2019, enquanto “Frantic” entrou em apenas três apresentações do ano de 2021. “All Within My Hands” costuma ser tocada apenas em ocasiões especiais, como eventos acústicos.
Por incrível que pareça, os integrantes do Metallica entendem St. Anger como uma peça necessária para a aclamada sequência de atividades da banda. Vários fãs acreditam que o grupo completo por James Hetfield (voz e guitarra), Lars Ulrich (bateria) e Kirk Hammett (guitarra) se reencontrou após o criticado disco, o que faz sentido.
Ulrich, recentemente, declarou (via Ultimate Guitar) que o sucessor de St. Anger, Death Magnetic (2008), só foi possível por conta do “fracasso” do trabalho anterior.
“Não se pode ter Death Magnetic e as escolhas que foram feitas naquele álbum sem St. Anger. Então, está tudo interligado de uma forma que em algum momento torna a conversa inútil. Tudo faz parte de um quadro maior. E acho que sou muito bom em aceitar a jornada…”
Por sua vez, Hammett apontou que o Metallica é diferenciado justamente por seus altos e baixos.
“Mesmo que às vezes tenhamos arriscado e falhado terrivelmente do ponto de vista comercial, acho que criativamente e artisticamente, são trabalhos de sucesso. E falo especificamente sobre Lulu (2011), o álbum que fizemos com Lou Reed, e também sobre St. Anger. Esses são álbuns realmente divisivos, e você tem dois campos – pessoas que gostam e que não gostam. Acho que é importante ter coisas assim em sua carreira. Porque você simplesmente não quer a mesma coisa. Você quer altos e baixos; você quer contraste. É o que o torna interessante.”
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