Há quase uma década sem lançar material inédito, guitarrista Noodles fala à Rolling Stone Brasil sobre junção de punk e pop em Let The Bad Times Roll
Itaici Brunetti Publicado em 16/04/2021, às 09h21 - Atualizado às 09h31
Foram quase dez anos de diferença entre o último álbum do The Offspring, Days Go By (2012) e o novo Let The Bad Times Roll, lançado pela Concord Records nesta sexta, 16, em formato físico e nas plataformas digitais.
Nesse tempo, o The Offspring realizou inúmeras turnês e, sem pressa ou pressão de gravadora, foram compondo o que se tornaria o décimo álbum de inéditas do grupo californiano. Como inspiração, se espelharam no passado: na época em que hits como "Pretty Fly (for a White Guy)", "The Kids Aren't Alright" e "Original Prankster" explodiram de tanto tocar nas rádios e nas MTVs do mundo todo.
"Estivemos compondo e gravando por todo esse tempo, mas desta vez não tivemos uma data definida para entregar o álbum", revela o guitarrista Noodles em entrevista à Rolling Stone Brasil. "Os últimos três anos foram muito criativos para nós. Fizemos uma música atrás da outra e entramos rápido em estúdio para gravá-las", diz o músico sobre o trabalho finalizado pouco tempo antes da pandemia do coronavírus começar.
"Terminamos de gravá-lo antes da pandemia. No início, decidimos não lançá-lo enquanto não voltássemos a poder realizar turnês, mas pensamos melhor e dissemos a nós mesmos: 'O álbum está pronto e ele é realmente bom. Então, vamos lançá-lo! Os fãs não aguentam mais esperar'", explicou.
Os dois primeiros singles divulgados, "Let The Bad Times Roll" e "We Never Have Sex Anymore", apontam para a sonoridade bastante conhecida e querida do grande público do The Offspring: a que flerta com o pop sem nenhum pudor, transformando o punk rock em hits radiofônicos que atingem todos os públicos. Aquela sonoridade que o conjunto de Noodles e do vocalista Dexter Holland sabe fazer com louvor.
"Nosso foco foi fazer um trabalho em que os fãs o reconhecessem como um álbum do The Offspring", conta o guitarrista, e continua: "Misturamos punk rock com o pop, assim como temos feito em praticamente quase todos os nossos álbuns. Se eu for classificar o novo disco, diria que fizemos algo entre Americana (1998) e Conspiracy Of One (2000). Sonoramente, nos baseamos nesses álbuns."
As referências ao passado são tão perceptíveis em Let The Bad Times Roll que um dos clássicos da banda reaparece totalmente reformulado: "Gone Away". A balada roqueira presente no álbum Ixnay on The Hombre (1997) ganhou uma nova cara ao ser regravada somente com piano e voz.
"'Gone Away' é uma canção que nunca saiu dos setlists dos nossos shows. Os fãs a adoram", afirma Noodles ao explicar sobre o porquê incluíram a nova versão no disco. "Como ela é cheia de emoção, pensamos que combinaria se tirássemos as guitarras e a deixássemos somente com o vocal e o piano. Uma versão totalmente limpa", explica ele.
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"Apresentamos essa versão intimista de 'Gone Away' em alguns dos nossos shows e funcionou muito bem. Os fãs enlouqueceram e ela se tornou um momento especial das apresentações. Então, os fãs começaram a nos pedir para que a gravássemos na versão somente com piano e voz.", conclui o guitarrista.
Capa de Let The Bad Times Roll
Embora o The Offspring apresente um ar "good vibes" na sonoridade das canções, não é possível dizer o mesmo das letras de Let The Bad Times Roll, pois retratam as consequências causadas na sociedade por decisões de líderes mundiais atuais, em especial as de Donald Trump, que ocupou a presidência dos Estados Unidos nos últimos anos. Resumindo, não há muito otimismo na parte lírica.
Alguns títulos encontrados no disco são "This Is Not Utopia" [Isso Não é Utopia], "Army of One" [Exército de Um], "Breaking These Bones" [Quebrando Esses Ossos], "We Never Have Sex Anymore" [Nunca Mais Fazemos Sexo] e o que leva o nome do disco, "Let The Bad Times Roll" [Deixe os Tempos Ruins Rolarem]."
"No álbum, falamos sobre a sociedade e o sobre líderes mundiais", afirma Noodles. "Fazemos de um jeito em que levantamos questões importantes e apontamos os pontos dos problemas, fazendo com que as pessoas reflitam sobre", explica.
"Let The Bad Times Roll é como estamos vendo o mundo. Os líderes mundiais estão fazendo os tempos ruins 'rolarem'. Eles querem manter as pessoas separadas porque que é o jeito deles se manterem no poder. Aconteceu nos Estados Unidos e acontece algo parecido no Brasil agora", conclui o guitarrista.
No entanto, nem só de "tempos ruins rolando" vive o novo disco do The Offspring. O grupo encontrou espaço para incluir uma versão punk rock e divertida da música clássica "In The Hall of The Mountain King", de Edvard Grieg e conhecida por ilustrar desenhos clássicos do Mickey, Pato Donald, Pateta, Os Três Mosqueteiros e Trolls (2016), da Dreamworks.
"Na verdade, não houve um motivo especial para incluirmos 'In The Hall of The Mountain King' no disco. Foi por pura diversão mesmo, um descontração. Eu gosto desse negócio de pegar músicas clássicas e transformá-las em punk rock", finaliza Noodles exibindo satisfação com o novo trabalho. Parece que os quase dez anos de espera valeram à pena.
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No dia 5 de abril de 1994, o lendário e inesquecível vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, se suicidou aos 27 anos com um tiro na cabeça em Seattle, Washington, Estados Unidos. Desde então, deixou saudades eternas.
Marco para o grunge, músico fascinante, artista memorável e um dos principais nomes da música, Kurt Cobain fez história ao longo da carreira, principalmente acompanhado do Nirvana.
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As canções compostas pelo vocalista para o grupo relembram o quão importante e fantástico ele foi para a história da música. Faixas impecáveis como "Come As You Are", "All Apologies" e "Drain You" dificilmente serão esquecidas.
Para relembrar a grandiosidade do lado artístico de Kurt Cobain com o Nirvana, a Rolling Stone EUA listou as 6 melhores músicas da carreira do vocalista com a banda. Confira a lista:
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6 - All Apologies
Uma grande canção da discografia da banda, "All Apologies" apareceu originalmente no disco In Utero (1993). No entanto, a versão mais lembrada, e possivelmente querida pelo público, é a gravação de novembro de 1993 para o MTV Unplugged.
5 - Drain You
O Nirvana escreveu muitas das canções do Nevermind (1991) antes de gravar o disco, mas a Rolling Stone EUA lembra que "Drain You" foi composta durante as sessões. Kurt Cobain nunca revelou quem inspirou a canção de amor, porém, foi escrita apenas três meses após ele conhecer Courtney Love.
Com certa frequência, Kurt afirmava ser uma das músicas favoritas dele da discografia da banda, e eles a tocaram basicamente em todos os shows nos últimos três anos de atividade enquanto grupo.
"Penso que há tantas outras canções que escrevi e são tão boas [como 'Smells Like Teen Spirit']. Como 'Drain You'. Eu amo a letra e nunca me canso de tocá-la. Talvez se fosse tão grande quanto 'Teen Spirit', eu não gostaria tanto", contou à Rolling Stone em 1993.
4 - Come As You Are
Kurt Cobain era um grande fã dos Pixies e nunca escondeu isso. Muitas vezes, o músico recorria ao método de composição usado pela banda. "Estou ficando tão cansado dessa fórmula. Nós dominamos isso", disse à Rolling Stone em 1993.
Segundo a Rolling Stone EUA, porém, um dos melhores exemplos da fórmula é "Come As You Are", o segundo single de Nevermind (1991). Para a RS EUA, a versão do Unplugged é particularmente poderosa, e o refrão continua assustador.
3 - Heart-Shaped Box
Em uma entrevista de 1994 à Rolling Stone, Courtney Love lembrou-se de ter ouvido o processo de composição de "Heart-Shaped Box": "Tínhamos um armário enorme. E eu o ouvi lá trabalhando em 'Heart-Shaped Box'. Ele fez isso em cinco minutos."
Kurt Cobain começou a trabalhar na música no início de 1992, e a canção foi a escolhida como primeiro single de In Utero (1993). A Rolling Stone EUA lembra que o disco foi produzido por Steve Albini, e a gravadora temeu não ser comercial o suficiente, e Scott Litt foi chamado para remixar a faixa.
2 - Smells Like Teen Spirit
"Smells Like Teen Spirit" foi a canção que trouxe toda a atenção mundial para o Nirvana e deu início a uma nova era da música - e é um dos principais hits da história. "Eu estava tentando escrever uma música pop", disse o vocalista à Rolling Stone em 1993.
"Todo mundo se concentrou tanto nessa música e o motivo pelo qual ela teve uma grande reação é que as pessoas a viram na MTV um milhão de vezes", contou o artista na mesma entrevista.
+++LEIA MAIS: Quantos anos tinha Kurt Cobain quando escreveu 'Smells Like Teen Spirit'?
1 - Lithium
Não, a Rolling Stone EUA não escolheu "Smells Like Teen Spirit" para o primeiro lugar deste ranking. Segundo a revista, o terceiro single de Nevermind (1991) merece a colocação.
"Lithium" é uma música sobre um cara que passa a se dedicar à religião depois da morte da namorada. Isso o acalma, muito parecido com uma dose de lítio real. É uma incrível música e um dos principais destaques na discografia do Nirvana.
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