Simon Neil, vocalista da banda escocesa Biffy Clyro - Owen Sweeney/AP

Biffy Clyro: após reinvenção com álbum duplo, banda promete shows “suados” na primeira passagem pelo Brasil

Vocalista comenta como largou o rock progressivo para focar nos arranjos melódicos de Opposites, disco que levou os escoceses ao topo das paradas britânicas

Lucas Brêda Publicado em 16/10/2014, às 17h07 - Atualizado em 17/10/2014, às 10h58

Foram necessários seis discos para a banda escocesa de rock alternativo Biffy Clyro sair do nicho e chegar ao primeiro lugar das paradas britânicas. Opposites chegou às lojas em março de 2013, em formato de álbum duplo, recheado de histórias dramáticas embaladas em faixas expansivas e melódicas, que puseram o grupo nos horários privilegiados de festivais europeus e renderam uma grande turnê que passou por estádios e arenas ao redor do mundo, chegando ao Brasil nesta quinta, 16, no Rio de Janeiro (Circo Voador), e sexta, 17, em São Paulo (Audio Club).

Gaeria: veja dez grandes capas de discos criadas por Storm Thorgerson; entre elas a de Puzzle, do Biffy Clyro.

“Tornamo-nos uma banda grande agora”, admite o vocalista Simon Neil, em conversa por telefone com a Rolling Stone Brasil. O crescimento – que começou com os dois discos anteriores da banda –, entretanto, veio junto a uma mudança de atitude dos próprios integrantes, como revela o frontman. “Somos muito mais inclusivos como banda, agora. Nos shows dos primeiros álbuns, eu simplesmente dava as costas para a plateia e sequer dizia ‘oi’”, conta.

O aumento da preocupação com o público não se limitou à atitude em cima do palco, mas transpareceu na sonoridade da banda como um todo. “Acho que chegamos a esgotamento dessa coisa progressiva. Depois de Infinity Land [2004] – antes de Puzzle [2007] – compus umas duas canções extremamente longas e tão complexas que não eram legais de tocar, e muitos de ouvir”, narra Neil. “Nessa época pensei: ‘Estou perdendo foco no que eu amo em relação à música e à nossa banda’. Sempre tivemos momentos mais pop, mas sinto que precisamos nos forçar a ficar longe do progressivo e realmente simplificar as coisas, tentar extrair as raízes do que nossa música tem, e do que somos como banda”.

Entre 2011 e 2012, o Biffy Clyro passou cerca de nove semanas nos estúdios The Village, em Santa Mônica, na Califórnia, para gravar Opposites e aprofundar ainda mais essa busca pelo essencial, em sessões regadas a trabalho árduo (e um tanto de maconha). “Se eu não fumasse, acho que não dormiria. E nós lançaríamos, tipo, uns 12 discos por ano!”, brinca o vocalista. “Alguma hora eu preciso fazer meu cérebro sossegar e, para mim, a maconha ajuda a fazer isso. Não estou fazendo nenhuma apologia, há outras maneiras de se conseguir isso. Mas, para mim, isso ajuda e funciona”.

Ouça Opposites, sexto disco de Biffy Clyro.

“Achávamos que não, mas fazer um álbum duplo leva exatamente o dobro do tempo de fazer um disco normal”, confessa Neil sobre o curioso fato de o Biffy Clyro encontrar o maior sucesso em um disco com o dobro de canções que os outros do grupo. “Let's move to California/ Find ourselves a whole new world” (“Vamos nos mudar para Califórnia/ Achar um mundo inteiramente novo para nós”), prevê a banda na faixa “The Joke's On Us”. É verdade que o novo álbum rendeu uma nova realidade para os britânicos, construída, contudo, pela mistura equilibrada do rock melódico e arranjos bem trabalhados, oriundos das experiências mais progressivas.

Suor e energia

“Sinto que uso duas partes do meu cérebro de forma separada”, teoriza Neil. “Uma delas uso para tocar ao vivo, lembrar as letras, e a outra, é a criativa. Por alguma razão, só uso a primeira delas quando estou em turnê”. As atuações em cima do palco do Biffy Clyro já renderam elogios de gente como Dave Grohl, em shows que potencializam a energia das canções épicas, marcados sempre pelo excesso de suor e – quase sempre – pela falta de camisetas, uma vez que os integrantes costumam deixá-las de lado às vezes antes mesmo do início das performances.

A atual turnê, de Opposites, é a primeira em toda a carreira em que o trio – formado pelos James Johnston (baixo) e Ben Johnston (bateria), além de Neil – é acompanhado por um tecladista e um guitarrista, somando-se à formação original. “Não quero que os shows soem como os discos”, afirma o vocalista e guitarrista. “Mas eles têm que ser parecidos o suficiente com o álbum”. Neil ainda acrescenta: “Se vou for assistir a um show, e o cantor muda todos os tons e arranjos das músicas, eu não gosto”, e alfineta: “Não quero que nos tornemos o Guns N’ Roses, com três cantores de fundo e cinco guitarristas”.

Saiba mais sobre os shows que o Biffy Clyro realiza no Brasil.

Fazendo a primeira passagem pelo Brasil, a banda adianta que requer intensidade do público nos shows: “Pedimos energia, suor, que as pessoas cantem o mais alto que puderem”, diz o frontman, que promete apresentações “suadas”. “[O show] Não se trata de experiências individuais, mas sim de as pessoas que estão lá se sentirem tão importantes quanto – ou mais – do que nós. Não sou religioso, mas adoro esse momento em que todos ficam juntos e transcendem tudo o que está em volta. Você se esquece de tudo na sua vida para viver aquele instante. É isso que tentamos fazer”. “Somos uma banda bem maior ao vivo e estamos confiantes com o que fazemos”.

Biffy Clyro no Brasil

Rio de Janeiro

16 de outubro (quinta-feira), à 0h

Circo Voador – Rua dos Arcos, S/N – Lapa – Rio de Janeiro (RJ)

Ingressos: entre R$ 75 e R$ 150 (haverá meia entrada)

São Paulo

17 de outubro (sexta-feira), à 0h

Audio Club – Avenida Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca – São Paulo (SP)

Ingressos: R$ 150 (haverá meia entrada)

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