Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o guitarrista Brad Schultz falou sobre os planos para o novo álbum e lembrou de quando era proibido de ouvir discos de rock
Bruna Veloso Publicado em 06/04/2012, às 20h21 - Atualizado às 20h32
A primeira edição do Lollapalooza não concentrou suas melhores atrações apenas na parte da noite, como acontece em alguns festivais. Um exemplo disso é o Cage the Elephant, que se apresenta às 15h deste sábado, 7, no primeiro dia do evento. A julgar pelas imagens do DVD Live From the Vic in Chicago, lançado no início deste ano, vale a pena chegar cedo ao Jockey Club, em São Paulo, para assistir ao energético show dos norte-americanos.
O quinteto, formado no estado do Kentucky, lançou o primeiro disco, homônimo, em 2008, mas foi com Thank You, Happy Birthday (2011) que ganhou notoriedade e entrou para o bolo de artistas considerados “noventistas”. O guitarrista Brad Schultz (na foto, o último da esquerda para a direita), irmão do vocalista Matt Schultz (ao centro), diz, em entrevista à Rolling Stone Brasil, que essa nunca foi a intenção. “Não era o nosso objetivo ter um som dos anos 90 ou algo assim. Estávamos apenas escrevendo músicas. Na verdade, na época a gente estava ouvindo muito Gang of Four e coisas antigas de surf rock”, afirma.
A mudança entre os dois álbuns é grande – do visual aos clipes, muitas vezes parece nem se tratar da mesma banda. “Mudamos para a Inglaterra em 2007, e lançamos o disco lá em 2008. São quase quatro anos entre os dois discos. Acho que saímos de dentro da nossa caixa no segundo”, acredita Brad. No palco Butantã do Lollapalooza, o público deve ouvir mais do último trabalho, que tem na tracklist faixas como “Shake Me Down” e “Aberdeen”, eleita pela Rolling Stone Brasil uma das melhores músicas internacionais de 2011.
O sucesso de Thank You, Happy Birthday não chamou a atenção apenas do público – até Dave Grohl (ex-baterista do Nirvana, uma das bandas às quais o Cage the Elephant é frequentemente relacionado) deu aval aos rapazes. Em uma turnê conjunta no ano passado, Grohl chegou a tocar com o grupo, depois que o baterista Jared Champion foi diagnosticado com apendicite. “Dave é sensacional. Tenho certeza de que passaremos um tempo juntos no Brasil. Sério, na passagem de som, ninguém conseguiu ficar de costas para ele, todo mundo com um sorriso no rosto, como se fosse Natal”, conta Brad, rindo. O Foo Fighters, atração principal do sábado no Lollapalooza, se apresenta horas depois do Cage the Elephant, no palco Cidade Jardim.
Embora hoje excursionem pela Europa e pelos Estados Unidos sendo um dos destaques da safra de bandas que voltou a injetar riffs rasgados de guitarra no rock, o início da educação musical para Brad e Matt não foi exatamente fácil. Os pais deles, religiosos, não queriam saber de rock em casa. “Morávamos em uma parte dos Estados Unidos que é chamada de ‘Bible Belt’ [Cinturão da Bíblia]. Lá, é muito comum crescer na igreja, e quando éramos mais jovens nossos pais eram muito sérios em relação a tudo. Mas eles estavam apenas tentado fazer a coisa certa”, ele afirma. “Os dois tiveram uma vida intensa de festas e tal, e saíram disso buscando outra coisa. Nós só podíamos ouvir músicas cristãs quando éramos jovens. Eu e o Matt levávamos CDs escondidos para casa e, seu meu pai pegasse, tirava da gente.” Agora, longe do Kentucky, Brad não segue mais os passos da família quando o assunto é igreja. “É conversa para outro dia, mas eu não acredito na política religiosa que acontece atualmente, a política das igrejas. Mas definitivamente acredito que existe algo a mais.”
Novo disco
O Cage the Elephant pretende lançar o terceiro álbum da carreira no final de 2012. Segundo o guitarrista, em julho a banda deve entrar em estúdio para dar início ao novo trabalho. “Nós todos escrevemos individualmente, e aí nos juntamos para fazer as músicas. Temos muito material.” E, como aconteceu com os dois primeiros discos, esse não deve guardar semelhanças com os lançamentos anteriores. “Será bem diferente de Thank You, Happy Birthday. Acho que é o que queremos, que cada álbum seja diferente. Nossos gostos mudam muito, e todo mundo muda naturalmente enquanto pessoa”, ele filosofa. “A verdade é que sempre quisemos ser compositores honestos.”
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