A coluna semanal da Rolling Stone Brasil reúne os mais quentes lançamentos de disco, singles, clipes e os EPs
Pedro Antunes Publicado em 07/07/2019, às 17h00
Quem acompanha a banda Vanguart sabia como Bob Dylan era uma inspiração para o grupo - os shows deles só com canções do bardo são conhecidamente apoteóticos, delirantes e intensamente políticos. Ouvi-los em um disco só com músicas do norte-americano, contudo, ainda é uma surpresa - e das boas.
Essa é a sexta edição da HOTLIST, a coluna semanal da Rolling Stone Brasil que traz os lançamentos mais quentes, entre discos, singles, clipes e EPs. Curiosamente, dois dos principais lançamentos da semana são de artistas recriando obras de outros.
Além de Vanguart tocando Dylan, temos também um lindíssimo registro ao vivo da Maglore, um novo e climático álbum da Fresno, músicas de Anavitória com Vitor Kley, Tiago Iorc com Turma da Mônica, MC Kevin O Chris com MC Pocah e mais.
Vamos logo à listinha?
Bob Dylan era uma das principais figuras do movimento da contracultura norte-americana, anti-Guerra do Vietnã e uma voz de uma juventude que não era ouvida pelos "adultos que estavam no comando". É esse um dos motivos de ser tão bonito ouvir Vanguart Sings Bob Dylan, lançado pela Deck.
Sim, é um belo recorte da música de Dylan, mas o álbum não é só isso, uma coletânea de hits. É uma escolha de músicas feitas com o coração, desde a canção de abertura, com "Tangled Up In Blue", música de fazer qualquer coração arranhadinho jorrar sangue.
Cada um dos Vanguarts tem seu momento de brilhar. Helio Flanders e Reginaldo Lincoln costumeiramente dividem os vocais já, mas Vanguart Sings Bob Dylan abre espaço para o restante da banda: Fernanda Kostchak canta “House of the Risin’ Sun” de maneira bonita e cristalina; David Dafré se entrega em "Hurricane".
Mais que um disco de covers, Vanguart Sings Bob Dylan é um álbum de coração, de uma banda no topo do seu jogo desconstruindo um artista que é uma de suas fontes para reconstruí-lo a partir de suas musicalidade própria.
A banda estreou o novo disco com shows nos dias 5, 6 e 7, no Sesc Santana. Fiquem de olho nas redes sociais da banda para mais datas. (Pedro Antunes)
"Ouvi que se eu não desistir, vai passar / Que se eu não pensar muito, vai sumir / Conforme o tempo passa, vai sarar / Que se eu fechar os olhos, não tá mais aqui", canta Lucas Silveira, líder da Fresno, em canção com os vocais divididos por Jade Baraldo.
É a canção mais pop, no sentido melódico, de um álbum pesado, climático, soturno, mas curiosamente também otimista, da banda. Sua Alegria Foi Cancelada é a canção e dá nome ao oitavo álbum da Fresno, lançado com a BMG Brasil.
Sua Alegria Foi Cancelada mostra a Fresno no topo do seu jogo, ainda capaz de fazer chorar a ponto de formar poças de água por onde passamos, mas também de criar ondas climáticas que devastam, mas também recuam. (P.A.)
Filhos de uma geração pós-garage-rock-revival iniciada no comecinho dos anos 2000, a banda alemã Tusq absorveu as influências mais delicadas do folk às guitarras matemáticas e bateria marcial às suas canções, criando um séquito bastante admirável de fãs fora das fronteiras do seu país.
O grupo iniciou na sexta-feira, 5, uma turnê intensa do disco The Great Acceleration (2018) pelos estados de São Paulo e Paraná, com um show no Z - Largo da Batata (Av. Brigadeiro Faria Lima, 724 - Pinheiros).
Eles também vão passar por Maringá ( dia 6, no Tribo’s Bar), Santo André (dia 9, no Rising Power Estudios), Curitiba (dia 10, Jokers), Araraquara (dia 11, no Araraquara Rock Festival) e volta a São Paulo (dia 12, na Casa do Mancha). (P.A.)
Com marretas e martelos, portuguesa PAUS destrói concepções e aparências, com ruídos constrói novas estruturas. Instigante deveria ser adjetivo a acompanhar LXSP, a aventura musical do quarteto português em solo paulistano, quando gravou o EP, seu sétimo trabalho, no Red Bull Music Studios, em São Paulo.
Sob a produção de Guilherme Kastrup, que assina as composições ao lado da banda, o PAUS realmente dissolve para tomar uma nova forma, em quatro canções, com as participações especiais de Maria Beraldo, o rapper Edgar e Dinho Almeida, vocalista dos Boogarins.
É bom lembrar que no dia 18, eles se apresentam no Festival Bananada, em Goiânia. (P.A.)
Em um ano de carreira na música, Amanda Magalhães tem usado os singles para mostrar até onde pode ir e por quais caminhos ela pode percorrer. Do trap e R&B de "Fazer Valer", com Rincon Sapiência, e "Vai Ouvir", um mergulho por uma atmosfera mais jazzy, a cantora salta para um folk intimista com "Coração Só".
Em um ambiente climático formado por violão, e primeiro plano, piano e violinos, a artista que também está na terceira temporada da série 3%, da Netflix, se mostra em casa. (P.A.)
Em um vídeo de bastidores, é possível sentir um pouco da gigantesca BaianaSystem com a igualmente importante Orquestra Sinfônica da Bahia. Com pouco mais de 4 minutos, é possível sentir a pressão criada pelo encontro da musicalidade tão ímpar do Baiana com os instrumentos eruditos comandados por maestro Carlos Prazeres. (P.A.)
Deliciosa a iniciativa da banda Maglore a lançar, há algumas semanas, o registro do poderoso show de celebração de 10 anos de banda. Curioso, também, porque quando o grupo liderado por Teago Oliveira surgiu, eram justamente os DVDs ao vivo que salvavam a capenga indústria musical.
Hoje, o jogo é outro, e a Maglore também. A banda, inclusive, entrosada e com um público crescente, é uma das melhores pedidas da música alternativa (leia-se fora do mainstream), com pés no pop e melodias saborosas. (P.A.)
O rapper mineiro já disse que o som da banda Rosa Neon não poderia faltar nas suas playlists (assista ao vídeo no canal de YouTube da Rolling Stone aqui), a repórter Nicolle Cabral, ao escrever sobre a banda, também citou os "queridinhos" do artista.
Com "Vai Devagar", esse pop fluorescente, eles "oficializam" a parceria. Djonga rima sobre amor, "cansado de falar de glock e de treta", diz o rapper.
A ideia do Rosa Neon era lançar clipes com novos singles mês a mês até a chegada do 1º disco de Marina Sena, Mariana Cavanellas, Marcelo Tofani e Luiz Gabriel Lopes. "Vai Devagar" é o 8º e último desse projeto. O primeiro álbum do grupo chega em setembro. (P.A.)
Tudo soa tão pessoal com 1LUM3, voz preciosa que habita um ambiente de escuridão iluminado por batidas de R&B, trip hop e música urbana moderna. Depois de dois EPs, ela solta o disco Antinomia.
A participação de Baco Exu do Blues (em "deep down") é densa e intensa - as outras participações são de Tuyo e Liev, em "panorâmica", e Rodrigo Zin, em "corpo fechado", ambas também brilhantes.
O trabalho é como a foto de capa, 1LUM3 de costas, frente a um espelho. Uma parte do rosto dela começa a ser revelada, a mirar a câmera. É só o começo. Para ouvir, clique aqui. (P.A.)
Entre as novas experimentações estéticas, a trupe da ótima Plutão Já Foi Planeta encontrou um tempinho para curtir uma boa noitada no karaokê. Brincadeirinha - ou quase.
O fato é que banda iniciou a fase do novo disco da carreira, o terceiro deles, com o vídeo de da música "Pra Gente Ser Feliz", gravado em um karaokê.
Em ambiente sonoro mais sintético, com mais beats e imagens sintetizadas, a Plutão indica também uma identidade mais solar e colorida nesse novo ciclo. Se a vibe do trabalho anterior era saudade, eles agora querem celebrar os reencontros. (P.A.)
Mostrada em primeira mão no palco do MTV Miaw, gravado no dia 3 de julho e exibido no dia seguinte, a canção "Pupila" é doce e refrescante como uma balinha de morango no meio de uma tarde tediosa.
De autoria de Ana Caetano e Vitor Kley, "Pupila" fala sobre amores que ainda não aconteceram, lida de questões complexas sobre como iniciar uma relação de maneira singela. O duo Anavitória tem mostrado talento justamente nisso: em desatar nós de sentimentos mais emaranhados do que cabos de fones de ouvido jogados na mochila.
Se já eram leves, Ana e Vitória flutuam com a companhia do autor do hit "O Sol". (P.A.)
Há algumas semanas, colocamos na HOTLIST "A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Teus Braços", single que marcou o retorno de Apeles, projeto solo do Eduardo Praça. Aos poucos, ele tem mostrado para nós o que podemos esperar do disco Crux, que tem data de lançamento agendada para o dia 6 de agosto.
Na última quinta, 27, ele divulgou "Torre dos Preteridos", mais uma faixa do novo trabalho, que esbanja logo no título todo o caráter poeticamente enigmático que permeia a discografia construída até agora pelo músico.
Se na outra semana eu escrevi que a canção era "como um sussurro que te convida a entrar em um cômodo mal iluminado e frio", a nova composição lançada se opõe ao deixar alguns raios de luz entrarem pela cortina empoeirada.
Mesmo com a presença de uma iluminação esperançosa e nostálgica, a voz que canta a frase "prometo ir com calma" parece ainda se encontrar acompanhada apenas pelo reflexo no espelho, que por sua vez repete de volta a garantia de que também não vai perder a calma.
O disco sai em agosto, e com ele, chega também um texto no qual eu mergulho e tento sobreviver ao labirinto de melancolias do Crux. Fiquem ligados. (Igor Brunaldi)
Aos poucos, o novo disco de Tiago Iorc se desvenda. "Laços", faixa do álbum Reconstrução, lançado ao final do hiato do artista, em 2019, foi pedida pelo diretor Daniel Rezende, de Turma da Mônica: Laços, para compor a trilha sonora do live action baseado nos personagens de Mauricio de Sousa.
Iorc leu o roteiro e criar a canção justamente para aquele exato momento. Dentro do contexto de Reconstrução, a música aponta para um outro lado, mais melancólica. Na companhia de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, ela rejuvenesce.
Em vez de tratar dos arrependimentos acumulados, ela tem esperança: sempre há chance de recomeçar, não importa idade. (P.A.)
Figura interessantíssima do funk nacional, adorado inclusive por gringos como Post Malone e Cardi B, o MC Kevin O Chris lançou um som novo com Pocah, ex-MC Pocahontas. A música é festeira, mas com interessantes espaços vazios e batidas lentas.
Kevin O Chris tem um flow interessante e um timbre de voz que o torna único aqui. Seu funk triste se contrasta à força de MC Pocah, o que transforma "Resenha Lá Em Casa" em uma montanha-russa. (P.A.)
Se tem uma movimentação dentro do cenário independente que merece bastante atenção é o suposto "resgate do emocore". E coloco isso entre aspas não por ser uma citação, mas por ser uma expressão que descreve parcial e superficialmente o som dos artistas em ascensão apresentados pelo coletivo Geração Perdida de Minas Gerais.
O exemplo mais recente é a furiosa "paranoia", faixa que chega como fruto do esforço conjunto entre o músico Fernando Motta e a banda eliminadorzinho.
Lançada nesta sexta, 5, junto com um clipe, a música de 3 minutos chega aos ouvidos com tanto dinamismo e de forma tão emocionalmente crua (daí o uso do termo emo), que dá a impressão de ser mais curta do que de fato é e, como consequência, pede por mais audições.
E cada uma das vezes que você ouve de novo, "paranoia" atinge os tímpanos com uma satisfação ainda maior.
Os dois vão lançar em breve um EP que gravaram juntos, chamado Lapso, e composto por 4 faixas. Uma dica? Fica de olho. (I.B.)
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