Ao contrário do que se esperava, apresentação não contou com participação de Robert Plant
Lucas Brêda Publicado em 29/03/2015, às 00h30 - Atualizado em 31/03/2015, às 23h53
A maioria das 66 mil pessoas que compareceram ao primeiro dia de Lollapalooza Brasil 2015 se aglomeraram em frente ao palco principal do festival para assistir à apresentação de Jack White, grande atração do sábado, 28. Todo o hype é justificado por uma sólida carreira com o White Stripes e dois discos solo de destaque – sendo o mais recente deles, Lazaretto, lançado no ano passado.
Além disso, Jack White carrega uma pose de estrela do rock deslocado no tempo, com todas as extravagâncias e esquisitices que criam uma imagem extremamente particular e com algo de misteriosa, quase uma raridade em tempos de redes sociais, selfies e superexposição das vidas dos famosos.
Este universo é carregado para o palco, decorado com televisões antigas, instrumentos analógicos e iluminação predominantemente azul (até os roadies se vestem de maneira retrô) – como um convite a um passeio pelo que move a mente do ex-White Stripes e atual Raconteurs e Dead Weather.
O mundo de Jack White é, inegavelmente, recheado de guitarras e muito barulho. Assim começou a apresentação, com os riffs blueseiros e a bateria espaçada de “Icky Thump” (do White Stripes) e a instrumental “High Ball Stepper”. Em um ambiente tão favorável e particular, é difícil imaginar que White aja de maneira artificial; pelo contrário, ele e a banda às vezes deixam de lado a plateia para perder-se em improvisos instigantes o suficiente para tirar o baterista Daru Jones do banco, tocando em pé, de maneira nada usual.
“Vocês estão bem?”, perguntou ele. “Eu também. Estamos no mesmo barco, irmãos”. A afirmativa de White refletiu na boa recepção da recente “Lazaretto”, que foi seguida por “Hotel Yorba” e “Temporary Ground”, na primeira vez que o músico assumiu o violão no show. Em “Weep Themselves to Sleep” (do primeiro disco solo dele, Blunderbuss, de 2012), White se deleitou sob a característica Telecaster branca, em uma das demonstrações da maneira de tocar extremamente própria e virtuosa.
Reforçando de forma inconsciente a aversão ao imediatismo do universo digital, Jack White leva uma apresentação homogênea, na qual chega a ser difícil distinguir canções – emendadas, alongadas ou encurtadas, de acordo com a vontade dele. Foi o caso do mix “Cannon”, “Dead Leaves and the Dirty Ground” e “Screwdriver”, todas do White Stripes, tocadas como uma só faixa.
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A miscelânea é tanta que, em alguns momentos, a plateia é praticamente deixada de lado, enquanto a banda se diverte sem precedentes. Nessas horas, hits como “Steady, As She Goes” (do Raconteurs) caem como luva para levantar o público, como um pedido de atenção, reverberado com o coro do refrão em resposta a White.
Antes de puxar “Love Interruption”, White deixa a guitarra chiando de maneira ensurdecedora no chão, provocando um som praticamente idêntico ao da abertura de “I Feel Fine”, dos Beatles. Com o violão em mãos, ele não deixa passar a sutil coincidência, e engata, mesmo que de maneira breve, o riff de introdução da faixa do Fab Four. Ainda com o violão, ele emenda “We're Going to Be Friends” e “Fell in Love With a Girl”, ambas da antiga banda dele.
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Antes do fim da primeira parte, vieram “Black Math”, “Three Women” – releitura de um blues antigo com o simbólico verso “It took a digital photograph/ To pick which one I like” –, “Missing Pieces” e uma versão prolongada de outra do Raconteurs, “Top Yourself”, esta com direito a vocais rasgados e introduções instrumentais à banda de White.
O ex-White Stripes retorna para o bis com a mesma empolgação infantil que deixou o palco, balançando a cabeça a cada batida de “I'm Slowly Turning Into You”. Ele ainda dá espaço para duas das mais contundentes canções do mais recente álbum, Lazaretto: a tocante “Would You Fight for My Love?” e “That Black Bat Licorice”.
Se quando tocava como duo, com Meg White, Jack se queixava da falta de interação com a colega, acompanhado pela numerosa banda, ele quase se perde nas interações – ora cantando com a violinista Lillie Mae Rische, ora subindo ao pé da bateria de Jones. O show, como não podia deixar de ser, cresce em intensidade.
Quando deu início a “Ball and Biscuit” (White Stripes), o público já se questionava em relação a possibilidade da participação de Robert Plant (atração do mesmo dia e palco de White) na apresentação, para cantar “The Lemon Song”, do Led Zeppelin, como aconteceu na versão argentina do Lollapalooza deste ano (foto), há poucos dias. Com o riff de “Seven Nation Army”, entretanto, ficou claro que o encontro não aconteceria – e que o primeiro dia de Lollapalooza estava chegando ao fim.
Como manda o figurino, o canto em uníssono deu o tom à faixa do White Stripes, encerrando o show com fogos de artifício e instrumentos sendo quebrados no palco. Jack White se despediu deixando para trás uma apresentação que exalta um tipo de estrela em extinção, com um estilo genuínos e hits – quase clássicos contemporâneos – debaixo do braço (“Seven Nation Army” e “Steady, As She Goes” não deixam dúvidas disso).
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