Em março do ano passado, o Dônica foi tema do ACONTECE da Rolling Stone Brasil; relembre
Lucas Brêda Publicado em 11/03/2016, às 19h30 - Atualizado às 19h36
Há cerca de um ano, o Dônica basicamente era conhecido por ter um EP e um filho de Caetano Veloso (Tom) na formação. Meses depois, eles lançaram o álbum de estreia, Continuidade dos Parques, angariando respeito, figurando em listas de melhores do ano e cavando um show no Rock in Rio. “Pelo fato de termos o disco, foram surgindo muito mais oportunidades com o passar do tempo”, analisa o guitarrista Lucas Nunes. “Estamos conseguindo viajar mais, marcar mais shows.”
Até o lançamento de Continuidade dos Parques, por exemplo, Tom Veloso ainda assinava apenas como compositor – e sequer tocava com a banda. “Eu gravei os violões no disco e em um show toquei duas músicas”, conta ele. “A partir daí passei a tocar todas.”
Em 2016, eles começam o ano com mais uma apresentação em um megafestival, o Lollapalooza, mas mantendo os pés no chão em relação ao conceito de “sucesso” no Brasil. “Claro que temos vontade de que dê tudo certo, de que as pessoas comprem e gostem do disco”, reflete o vocalista e tecladista José Ibarra. “Mas seria uma ilusão achar que vamos bombar como bombam os sucessos hoje em dia.”
O início
Em março do ano passado, o Dônica foi tema do ACONTECE da Rolling Stone Brasil; relembre abaixo
“Gostamos muito de cinema, lemos bastante, mas não nos preocupamos se somos intelectuais ou não”, conta Miguima, baixista do Dônica, grupo carioca que prepara para maio o disco de estreia, um trabalho embebido em rock progressivo, MPB e Clube da Esquina. Apesar das referências sofisticadas e da seriedade sonora, com melodias intricadas e letras nada prosaicas, o integrante mais velho não passa de 20 anos.
Os versos das quatro faixas do EP Dônica (2014) vêm da parceria entre o vocalista José Ibarra e alguém de sobrenome bem conhecido: Tom Veloso (ambos de 18 anos), caçula de Caetano, que assina como compositor. “Já cheguei compondo, e eles tocando minhas músicas”, admite Tom. “Nem me considerava da banda, mas passei a chegar junto e fazer o que eles fazem – menos tocar [risos].”
Mesmo sendo membro ofi cial do Dônica, Veloso não assume nenhum instrumento e, apesar da descontração ao falar do assunto, demonstra timidez quando comenta a possibilidade de subir ao palco com o grupo. “Vontade... rola sim”, confessa, acanhado.
Tom Veloso está com o Dônica no estúdio Maravilha 8, no Rio de Janeiro, onde eles gravam os últimos vocais e os trechos de teclado para o álbum de estreia, que terá produção do renomado Berna Ceppas e de Daniel Carvalho. “O EP foi nossa primeira experiência em estúdio. Agora sabemos um pouco mais aonde queremos chegar”, diz o guitarrista Lucas Nunes, comparando este trabalho (“a parada mais importante” da banda) ao anterior.
Essa “parada” fica ainda mais importante com uma das participações: Milton Nascimento, que canta em “Pintor”. “Ficamos sentados do lado dele durante a gravação”, lembra Miguima. “Foi bem intenso.”
Se a presença de Nascimento no registro só foi possível pela relação de Tom com o amigo do pai, os cariocas ressaltam o “lado ruim” da filiação. “Rola uma maldade das pessoas ao não encarar as coisas como se eu não fosse filho do Caetano”, diz Tom. Miguima é mais incisivo: “Tem gente que não deve nem escutar nossa música: [pensam] ‘Estão ali só porque é filho do Caetano’”.
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