- Pixies (Foto:Divulgação)

Mais gótico, Pixies volta com disco gravado em igreja e baixista substituta de Kim Deal: 'Sabemos o que fazer como banda' [ENTREVISTA]

Em conversa com a Rolling Stone Brasil, o baterista Dave Lovering também contou sobre o impacto que a nova baixista Paz Lenchantin gerou nos integrantes

Igor Brunaldi Publicado em 22/09/2019, às 16h00

No dia 13 de setembro, o Pixies (formado hoje por Black Francis, Dave Lovering, Joey Santiago e Paz Lenchantin) lançou Beneath the Eyrie, sétimo disco dos veteranos do rock alternativo que já ultrapassaram os 30 anos de carreira.

E para contar um pouco mais sobre as novas composições, o baterista Dave Lovering bateu um papo com a Rolling Stone Brasil, no qual falou sobre crescimento profissional, composição em grupo, o impacto gerado pela chegada da nova baixista e revelou a origem do nome do álbum.

Nessas mais de 3 décadas de existência da banda, o mundo mudou (muito), a indústria fonográfica mudou (bastante) e, claro, eles também mudaram (em formação e sonoridade). 

Apesar da atmosfera do álbum dar a impressão de que o quarteto buscou inspiração no passado, o novo trabalho parece exercer no grupo uma força de progresso, como um tão necessário empurrão para frente.


“Estamos todos mais velhos e mais sábios”, contou Lovering. E segundo ele, esse crescimento individual e consequentemente coletivo “nos fez apreciar mais o que temos, e valorizar muito mais do que antes o que é de fato estar em uma banda”.  

Porém,  amadurecimento não foi a principal alteração no Pixies entre o não muito bem recebido Head Carrier (2016) e Beneath the Eyrie. O destaque ficou por conta da participação efetiva de Paz Lenchantin, baixista que assumiu a posição de Kim Deal (ela deixou o grupo em 2013) e entrou oficialmente para a banda há 3 anos, quando o disco anterior já estava encaminhado e, por isso, não chegou a contribuir muito com a parte criativa.

Mas isso mudou no processo criativo do trabalho mais recente, com o qual ela contribuiu mais do que apenas como baixista. Atencioso, com a mente presente no momento da entrevista e animado em nos contar esses detalhes, Lovering disse que Paz, além de ser "uma musicista incrível", trouxe "um novo tipo de luz para a banda", e também fez os integrantes se relacionarem melhor tanto como pessoas quanto como peças essenciais de um quarteto.

Isso possivelmente contribuiu para uma mudança na dinâmica da composição das novas faixas. O baterista contou que antes de Beneath the Eyrie, as músicas surgiam basicamente com uma ideia apresentada pelo vocalista e guitarrista Black Francis, e eram então construídas a partir disso. No entanto, o novo trabalho trouxe um processo inédito: as canções surgiram como um trabalho em equipe, com todos juntos no estúdio.

Ele revelou que o segredo do Pixies, é não ter um segredo. "Não temos uma fórmula. Simplesmente fazemos o que sabemos fazer como uma banda", disse. E acrescentou, com um tom sério de brincadeira: "Acreditamos que somos bons músicos, mas não acho que isso seja verdade".

O nome do novo álbum, por sua vez, está diretamente ligado ao local onde foi concretizado. Sem revelar a localização exata, Lovering detalhou que o disco foi gravado "em uma igreja antiga, no meio da floresta”, o que pode explicar a atmosfera gótica e fantasmagórica do trabalho. 


E decidiram nomeá-lo em homenagem ao ninho de uma águia-de-cabeça-branca (ave natural da América do Norte), que ficava “a mais ou menos 200 metros atrás da igreja, no topo de uma árvore”. Beneath the Eyrie significa literalmente Embaixo do Ninho, pois a palavra "eyrie" pode ser usada para descrever o abrigo de aves de rapina, construídos em lugares altos.

E curiosamente, a chegada e as mudanças que a baixista Paz desencadeou no Pixies pode estar diretamente ligado ao título do disco, se levarmos em conta o significado da presença de um ninho de águia em um sonho: sonhar com esse símbolo pode ser interpretado como a indicação da chegada de alguém muito importante, que por sua vez será responsável por um impacto intenso na carreira, e no enriquecimento em sabedoria do tempo de quem sonha. Coincidência? Acho que não.

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