Em No Osso, a cantora reproduz o quarto dela no palco
Carlos Henrique Sartori Publicado em 04/05/2015, às 19h09 - Atualizado em 05/05/2015, às 11h48
No palco do Sesc Belenzinho, na noite deste sábado, 2, em São Paulo, quando gravou um CD e DVD ao vivo, a cantora e compositora Marina Lima criou um clima intimista para o show No Osso. Ela colocou tudo o que precisa em cena para ser feliz. São objetos pessoais: livros, fotos de cachorros, peças, violões e uma guitarra. Instrumentos que fazem parte da história de 19 discos lançados por ela. “A apresentação foi concebida como se fosse o meu quarto. Só falta a minha cama, mas aí já seria demais. E vocês estão no pé da cama me ouvindo”, explica a cantora.
Na mesinha, ao lado da poltrona, uma vela foi queimada perto de uma taça com água, único líquido da noite. Um livro chama atenção: a antologia dos Beatles. Mas Marina se inspira em outra leitura. É o Livro do Desassossego do escritor português Fernando Pessoa. “Esse show é baseado nas canções que eu fiz basicamente no violão. Então, o violão e eu já basta. Não precisa de mais nada. Por isso que se chama No Osso. É um raio-x da minha vida, da minha alma, das minhas canções”, explica.
A cantora carioca, que vive há alguns anos na capital paulista, entrou no palco com uma roupa preta brilhante e com uma jaqueta de couro. Como sempre Marina está elegante. O casaco é colocado no cabide que está pendurado em um biombo de madeira. Marina tira os sapatos, senta descalça na poltrona e cruza as pernas. Ela ainda não está com a voz perfeita. A fala é mansa e baixa. Algumas palavras são difíceis de compreender. A cantora recebe apoio de efeitos eletrônicos nos vocais. Mesmo assim, ela toca a alma e com estilo.
Foram quase duas horas de show com vinte e duas músicas apresentadas. Algumas delas repetidas para melhorar a gravação. Marina Lima é muito detalhista. “Sou virginiana. Sou perfeccionista” disse sorrindo no palco. Na gravação do CD e DVD, ao vivo, o show foi aberto com a canção “Partiu”. Logo no começo ela errou, interrompeu e começou de novo: “Estou muito à vontade”. Marina também gosta de falar. Contar histórias. O bom humor acompanha essa nova fase da cantora. Em muitos momentos fez o público gargalhar. “Eu estou felicíssima, excitada e emocionada”, disse.
No repertório, ela incluiu alguns sucessos como “It’s Not Enough”, “O Chamado” e “Virgem” para alegria do fiel público. Resgatou parcerias com o irmão e poeta Antônio Cícero com quem voltou a trabalhar depois de um tempo distante. “Eu fiz a primeira música com ele, musiquei o poema do meu irmão. Eu senti que queria fazer isso de novo e fizemos ‘O solo da paixão’”. Outros parceiros também foram reverenciados. É o caso de Lobão e Cazuza. “São duas pessoas com quem convivi muito e fico pensando o que estariam fazendo hoje. O Lobão eu já sei”, ironizou e arrancou gargalhadas da plateia. “De Lobão é só o nome, porque ele é um Chapeuzinho Vermelho de bom.” Durante a apresentação de “Carente Profissional”, Marina errou o final da música e repetiu o solo de violão. Em seguida, olhou para o alto e falou com uma voz bem humorada em tom de bronca “Cajuuuuu”. Uma menção ao apelido de Cazuza.
Entre as várias histórias contadas por Marina durante a apresentação, uma envolve os músicos Lobão, Léo Jaime e Tavinho Paes. A cantora convidou a turma para pescar na “careta” cidade de Búzios, no Rio de Janeiro, onde moravam os pais dela. No meio do caminho, uma blitz policial quase estragou a viagem. “Os três ficaram em pânico. Para nossa sorte, os caras não encontraram nada e ficamos livres, leves e soltos. Eu fiquei tão feliz que naquele mesmo dia fiz uma música com o Tavinho Paes.”
A canção “Acho Que Dá” também estava no show. Marina arriscou um samba com jeitão de bossa. Segundo ela, “Gávea” foi composta para “ganhar uns pontinhos” com quem é do meio. O ponto alto do show é a lembrança de Renato Russo “dos que se foram é o que mais penso”. Marina se emocionou ao falar do líder da Legião Urbana. Revelou que tem sentido muita vontade de tocar nos últimos meses a música “Ainda é Cedo”. A cantora aproveitou o momento e fez uma declaração de amor inspirada na canção: “Eu queria cantar para lembrar de todas as meninas que foram importantíssimas pra mim e espero que a atual seja a última.” Marina cantou a música acompanhada de instrumentos eletrônicos com uma energia incrível.
A cantora mostrou muito pique no palco. O show acústico com violão e voz ganhou duas canções com guitarra e uma aula de como se criar músicas eletrônicas ao vivo. Marina se apaixonou por esse estilo em 1998, quando fez um curso de “midi” em São Paulo. “Isso mudou a minha vida. Eu comecei a compor de outra maneira. E eu quero mostrar como é isso para vocês.” Marina, então, narrou na introdução de “Não Me Venha Mais Com Amor” e “Keepwalking” como produziu sozinha as músicas. “Eu começo com um looping de bateria eletrônica (entra a bateria). Depois coloco o baixo (som do baixo) e logo em seguida o teclado com ambiência. E por último a guitarra e voz.”
O bis da noite levantou o público no Sesc Belenzinho. “Criança” e “Eu Te Amo Você” foram cantadas por todos aos pés de Marina. Uma noite para fãs dormirem felizes. Os problemas técnicos de microfonia, erros e algumas desafinadas da cantora não atrapalharam a festa. O importante é que a alma da Marina foi revelada e isso é o que mais interessa.
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