Sem se levar a sério, banda californiana explora a faceta mais brega do hard rock dos anos 1980
Lucas Brêda Publicado em 26/04/2015, às 14h50 - Atualizado às 16h12
Muitas piadas, seios femininos e um solo de cabelo. O show do Steel Panther, segundo do dia 2 de Monsters of Rock 2015, mostrou que ainda é possível viver o sonho de ser uma banda de hair/glam metal nos dias de hoje – pelo menos no caso do quarteto californiano.
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Em tempos nos quais astros do rock são raros – a maioria deles é de veteranos de décadas atrás –, o Steel Panther consegue, por meio de sátiras e brincadeiras, emular o que grupos como o Poison, Mötley Crüe e Guns N’ Roses disseminaram nos anos 1980.
Nada é levado a sério: do microfone rosa aos óculos espelhados do vocalista Michael Starr, passando pelo baixo – também rosa, de oncinha – que combina com a calça colada do baixista Lexxi Foxx, até o nome do baterista (Stix, que remete a “sticks”, ou “baquetas”, em português).
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O show – que começou cerca de 15 minutos atrasado – contou com apenas sete músicas e muito papo. “Meu pinto tem gosto de morango”, disse o guitarrista Satchel, em português, que comparou a própria banda ao Kiss: “Eles venderam mais de 2 milhões de discos. Nós estamos chegando lá, já temos mais de 2 mil curtidas no Facebook!”
Logo na segunda faixa do setlist – “Party Like Tomorrow Is the End of the World”, um hard rock bem azeitado e jovem, que poderia estar na trilha sonora de alguma comédia adolescente norte-americana dos anos 1980 –, diversas mulheres na plateia começaram a tirar a camiseta e mostrar os seios, para delírio do público e da banda. Pouco tempo depois, grande parte delas estava em cima do palco, trocando beijos, danças e afagos com os integrantes.
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Em “Asian Hooker”, eles descrevem a busca e o ato de fazer sexo com uma asiática; em “Eyes of a Panther”, divagam sobre uma garota com “olhos de pantera” e “lábios do satanás”; em “17 Girls in a Row”, contam como praticaram sexo com 17 mulheres na noite passada; “Party All Day (Fuck All Night)” ecoa Bon Jovi nos teclados e comemora uma vida de “sexo a noite inteira” e “festa o dia inteiro”.
A balada “Community Property” é especialmente cômica. “Olhe nos olhos da sua namorada”, disse Satchel. “Diga a ela por que você transa com todas as amigas dela”. A canção começa com uma declaração de amor brega – tanto quanto a melodia à guitarra acústica – e chega ao clímax quando Starr avisa: “Meu coração pertence a você. Mas meu pênis é propriedade comunitária.”
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O ápice da breguice declarada, entretanto, foi um solo de cabelo do baixista Lexxi Foxx. Sim: ele fica parado balançando a cabeça enquanto um grande ventilador balança suas longas e bem tratadas madeixas ao som da bateria.
Após cerca de 40 minutos, a apresentação chegou ao fim com o manifesto da banda, “Death To All But Metal”, primeira faixa do segundo álbum deles (Feel The Steel, de 2009), na qual eles fazem pouco caso de Britney Spears, Blink 182, Kanye West e até da MTV.
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Apesar de o foco do show ser o entretenimento, o Steel Panther é extremamente eficiente musicalmente, e a resposta do público é instantânea: todos os comandos foram obedecidos, e a apresentação agradou até mesmo a parte mais careta da plateia.
Quando Michael Starr saiu do palco, dizendo “Faça sexo com sua mãe” (e depois emendando “é brincadeira”), a sensação era de que a mensagem da banda foi transmitida de forma muito clara. Não se levando a sério, eles conseguem ser a melhor banda de glam rock dos anos 1980 surgida nos últimos dez anos – para o bem e para o mal.
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E apesar de todo o exibicionismo, não é difícil imaginar que, nos camarins do grupo, o laquê deve se sobressair a qualquer das atitudes sexuais retratadas por eles nas letras. Tudo bem: é disso que se trata a faceta mais glam do hard rock oitentista.
O segundo dia do Monsters of Rock 2015 acontece na Arena Anhembi, em São Paulo, neste domingo, 26 de abril. A Rolling Stone Brasil está acompanhando o festival e faz a cobertura completa no site, Twitter, Facebook e Instagram.
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