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O Primeiro Homem: filme retrata a jornada de Neil Armstrong de maneira sensível e humana

O longa, dirigido por Damien Chazelle, foca nas conquistas e angústias do primeiro astronauta a pisar na Lua

Redação Publicado em 16/10/2018, às 11h35

A chegada do homem na Lua, ocorrida em julho de 1969 e consequentemente os mecanismos da corrida espacial, já foram retratados inúmeras vezes na telona. Mas O Primeiro Homem, que estreia na próxima quinta, 18, joga uma luz diferente neste fato histórico. O filme, dirigido pelo canadense Damien Chazelle (que no ano passado ganhou o Oscar pelo musical La La Land – Cantando Estações), relata a vida e os feitos do astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem a colocar os pés no terreno lunar.

Baseado no livro homônimo de James R. Hansen, o filme se apresenta como uma biografia pouco convencional, chegando inclusive a transitar pelo experimentalismo e abstração. No começo do longa vemos Armstrong (Ryan Gosling), um homem calado, estóico e reservado, quando ainda era um piloto e engenheiro arriscando a vida testando jatos para a Força Aérea no deserto de Mojave, e vivendo modestamente ao lado da esposa Janet (Claire Foy) e os dois filhos pequenos. Querendo melhorar de vida, ele então se interessa pelo programa espacial da NASA e, após rigorosos testes, é aprovado. Porém, a morte inesperada da pequena filha Karen o torna ainda mais circunspecto, gerando nele o impulso de se entrega completamente ao trabalho. Ao longo da década de 1960, vemos a evolução de Armstrong dentro da organização da NASA. Paralelamente, o espectador presencia como surgiu e se cristalizou o programa espacial norte-americano, que resultaria na missão da espaçonave Apollo 11, que levou Armstrong à Lua e, consequentemente, preparou o terreno para a frase imortal: "Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade".

A primeira coisa que se percebe em O Primeiro Homem é como o filme procura tirar o glamour da profissão de astronauta. A função é retratada como um trabalho burocrático, às vezes aborrecido, que demanda muita concentração e dedicação. O profissional necessita estar imerso na função, e Armstrong, como o bom workaholic que foi, é a pessoa certa para desvendar as armadilhas funcionais da NASA. O programa espacial também se mostrou muito arriscado, sendo muito contestado devido ao número de vidas de astronautas que custou durante as missões Gemini e Apollo, e tudo isto é retratado de forma realista.

Acima de tudo, O Primeiro Homem foca na jornada pessoal de Armstrong, e como a morte da filha mudou a vida dele de forma irreversível, e entrar de cabeça na vida de astronauta não foi uma tentativa de fugir do trauma: as novas experiências fizeram parte da dolorosa jornada interna pela qual ele estava passando. O pouso na Lua tem no filme um papel catártico, no qual, em meio à poeira lunar, o astronauta pioneiro faz um gesto definidor que remete a tudo o que ele passava, contemplando o espaço infinito, mas ao mesmo tempo olhando para a própria alma.

Sob o aspecto técnico, O Primeiro Homem é um filme intrigante. De um lado, temos as cenas de Armstrong junto da família, e dentro das claustrofóbicas cápsulas espaciais, que foram filmadas em 16 milímetros, detalhe que acrescenta uma sensibilidade extrema ao filme. Já a sequência final, com os astronautas chegando à Lua, foram feitas, em contraponto, no sistema IMAX, e oferecem ao espectador um realismo deslumbrante.

O Primeiro Homem não é um filme para qualquer um, pois carrega uma narrativa seca, direta e sem humor. Mas a produção tem momentos de beleza incomparável, que pode recompensar aqueles que se entregarem à jornada pessoal de Armstrong.

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