Pussy Riot - AP

“O que aconteceu conosco é inaceitável”, diz integrante do Pussy Riot

Yekaterina Samutsevich afirma que não irá desistir de protestar; grupo foi tema do programa 60 Minutes

ERIC R. DANTON Publicado em 25/03/2013, às 11h25 - Atualizado às 12h09

Yekaterina Samutsevich, integrante do Pussy Riot libertada depois de recurso no ano passado, disse que não tem arrependimentos sobre o protesto sob a forma de “prece punk” que levou as autoridades a prender ela e outras duas companheiras de banda, que atualmente estão servindo em campos de trabalho.

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Ela disse ao programa 60 Minutes, na noite de domingo, 24, que o protesto do Pussy Riot em fevereiro de 2012, contra o presidente russo Vladimir Putin, no altar na principal catedral de Moscou, ajudou a tornar notório o repressivo sistema político controlado por líderes pouco dispostos a tolerar dissidências.

“Nós queremos que o governo deixe o poder, porque o consideramos ilegítimo”, afirmou Yekaterina à jornalista Lesley Stahl. “Mas estamos defendendo uma derrubada pacífica.” Ela acredita que Putin fraudou a eleição que o levou ao cargo de presidente da Rússia no ano passado. “As eleições não foram legítimas”, disse. “Houve fraude eleitoral. Uma contagem falsa. Estava claro que o presidente se colocou no poder.” Desde então, garante ela, “Putin levou a Rússia para um novo nível de governo repressivo”.

Yekaterina, Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova foram condenadas em agosto do ano passado, depois de um julgamento que recebeu duras críticas de Madonna, Paul McCartney e outros músicos.

Sergei Markov, um porta-voz político de Putin, reconhece que o governo foi criticado ao acusar o Pussy Riot de “vandalismo motivado por ódio religioso”, com o intuito de fazer delas um exemplo para outras mulheres e desencorajar outros protestantes. Questionado se as autoridades interviram em favor de uma pena mais dura contra elas, Markov respondeu: “Sim”.

Isso, afirmou, justifica o motivo pelo qual nenhuma das integrantes do Pussy Riot considerou pedir por misericórdia na corte. “Todo do processo foi tão injusto para nós, desde o começo”, contou. “É estranho quando você é inocente. Você deve pedir por perdão para um juiz que está pronto para lhe colocar na prisão por vários anos? Não, isso não foi discutido.”

Yekaterina e a baterista do Pussy Riot, que se identificou apenas como “Kot”, disseram que elas não desistiram de protestar. “Nós estamos aqui para dizer que você não deve desistir”, falou Kot. “O que aconteceu conosco é inaceitável.”

“É uma luta, é uma batalha contínua”, continuou Yekaterina. “Só porque houve um julgamento, isso não significa que iremos parar e ficar caladas. Temos muito para dizer. Nós continuaremos a trabalhar e fazer o que costumamos fazer.”

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