Minissérie mostra dificuldades da cantora antes e depois da overdose em 2018
Gabriela Piva (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 11/04/2021, às 12h00
Demi Lovato se preocupava com o frio da Califórnia na noite de 22 de março. Em um palco ao ar livre para celebrar a pré-estreia do documentário Demi Lovato: Dancing With The Devil, tremia. Penso se pelo vento gelado, ou pelo nervosismo de mostrar ao mundo o momento mais frágil de sua vida: a quase morte por overdose.
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A minissérie de quatro episódios exibe as lutas da cantora antes e após sofrer parada cardíaca, derrame, falência múltipla de órgãos e perda de visão pelo uso de drogas ilícitas. Os amigos, assistentes, seguranças e familiares de Demi contam como agiram para salvar a vida da artista, encontrada nua e "quase azul" no chão de um dos cômodos da mansão onde vive em Los Angeles.
Outro choque do público e um dos momentos mais sensíveis da minissérie é quando a cantora conta como o traficante abusou sexualmente dela na noite da overdose. Também lhe deu outras substâncias sem consentimento: "Tenho alguns flashs dele em cima de mim," disse. Um mês depois, percebeu: não estava em condição de consentir relações íntimas com alguém naquele momento.
Com cabelo curto, camisa rosa comprida de bolinhas pretas, salto alto e calças escuras, Demi Lovato também cantou, antes da exibição da série, a famosa "Anyone" e a inédita "Dancing With The Devil" - título do disco lançado dias depois. Ambas canções catárticas e representativas na história dela.
A coragem de Demi em se mostrar para o mundo é visível. O documentário surge como uma forma de dar sentido ao sofrimento dela: mostrar quem é e ensinar os outros. Confira o que aprendemos com Demi Lovato: Dancing With The Devil.
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Apesar de toda a dificuldade, como o vício em drogas e o distúrbio alimentar, Demi Lovato conseguiu enfrentar os problemas de frente: buscando ajuda. Porém, demorou muito - e demandou muita energia - até conseguir ser sincera com ela mesma e ir atrás de suporte profissional.
Isso foi possível depois dos amigos encontrarem-na usando drogas ilícitas no banheiro. Uma das amigas disse: "Demi, você precisa buscar ajuda, não consigo mais lidar com isso." Mesmo sem ouvir conselhos de primeira, foi importante saber quem se importava com ela.
Com dificuldades, a artista conta como buscar ajuda de um profissional é um autocuidado. Para completar, mostra a importância das relações pessoais no trabalho, na família e na vida pessoal.
Talvez o aspecto mais claro do documentário apareça quando Demi fala sobre as mentiras ditas no período anterior à overdose em 2018. Na época, garantia "estar bem" sobre questões de saúde mental. No filme, assume a antiga falta de sinceridade.
Boa em esconder sentimentos e estados de espírito para não encarar a realidade, Demi garantiu honestidade desta vez. Prova disso foi quando contou: "Voltei a usar drogas mesmo depois da overdose." É necessária coragem para assumir atos iguais à experiência de quase morte.
Além disso, o documentário é uma maneira para Demi dar sentido e vazão para os próprios sofrimentos. Ao se mostrar humana, exibe força e fraqueza em simultâneo. Também se torna um exemplo a ser e não ser seguido ao exemplificar porque a autodestruição é um caminho danoso. Audácia é um requisito fundamental para a função - ainda mais em escala global.
O medo de Demi em se abrir para o mundo é visível e audível. A música "What Other People Say," parceria com Sam Fischer, deixa isso claro:
"Telefonava para a minha mãe todo domingo / Só para ela saber que seu amor não estava longe de casa / mas agora estou na mer** em Los Angeles / Porque me importo mais com o que os outros têm a dizer."
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Diferente da faixa de Dancing With The Devil (2021), Demi mostra o medo de maneira sutil e nunca dita. Algumas interpretações, talvez, da linguagem corporal podem mostrar isso.
Porém, não foi a única a precisar encarar os próprios medos. A coreografa, culpada pela overdose de Demi, falou pela primeira vez sobre as acusações. A cantora a apoiou o tempo todo, e ainda criticou os julgamentos dos fãs, quem "crucificaram" a profissional da dança e amiga da artista.
O início de Demi Lovato: Dancing With The Devil mostra agonias da cantora devido à morte prematura do pai, Patrick Lovato, com quem não falava desde 2007. Diagnosticado com esquizofrenia e vício em drogas, morreu em casa em 2013.
Apesar de não ter condições na época, a artista se arrepende de não estar presente no fim da vida dele. No documentário, Demi trata o episódio como gatilho para diversos comportamentos autodestrutivos.
Um dos maiores aprendizados da minissérie aparece no primeiro episódio. A culpa persistente de Demi por não ser presente na vida do pai a corrói, e não acrescenta nada além de auto-sabotagem.
A maior lição do documentário de Demi se resume a ser você mesmo.
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O aprendizado está em diversos momentos, como na revelação da sexualidade ou quando assume as próprias mentiras.
Para dar o recado principal, é necessária coragem para a autenticidade. Isso, Demi exibe de sobra.
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