De Baco Exu do Blues a Duda Beat, de Elza Soares e Gilberto Gil, novatos e veteranos se dividem na lista de melhores trabalhos brasileiros do ano
Pedro Antunes Publicado em 21/12/2018, às 10h06
Vamos admitir, nós gostamos de seguir algumas tradições. Principalmente aquelas saborosas, diversas e tão plurais. Desde que o mundo é mundo - ou, pelo menos, desde a chegada da marca Rolling Stone ao Brasil, em 2006 - soltamos nossas listas de melhores álbuns do ano.
Lembro, por exemplo, de aguardá-las com ansiedade. Quem estaria no topo? Qual seria aquele disco que havia passado despercebido, entre tantos outros lançamentos? Tudo sempre estava ali, respondido pela votação dos grandes críticos musicais desse País.
E essa é uma tradição que gostamos de manter. Em um ano de tantas transformações, sejam elas boas ou ruins, seguimos fiéis ao costume. Não vamos desapontá-los. E, aqui está, a lista com os melhores discos brasileiros lançados em 2018.
Mas, como escrito acima, foi um ano de mudanças. E, também por isso, decidimos transformar nossa lista de melhores do ano. Até 2017, nós reunimos 25 discos (veja a lista completa aqui).
Em 2018, são 50. A música brasileira vive grande fase! Intensa, plural, representativa. Como resumir um ano em somente 25 discos? Ao olhar para a lista completa, até o número de 50 álbuns parece pouco.
Ainda assim, trata-se de uma lista que faz um retrato, um clique, uma fotografia sobre esse ano intenso, emocionalmente e profissionalmente. Hip-hop, com a força do rap, tem destaque. E o que dizer da alegria de ver Elza Soares ali no alto, acompanhada da novata Duda Beat? São discursos assertivos e fundamentais.
Temos orgulho dessa lista, embora sabemos que ela não vai agradar todo mundo. E tudo bem, listas também servem para instigar discussões.
Em 2018, foi convocado o seguinte júri: Alexandre Matias, Anna Mota, André Aloi, André Rodrigues, Bruna Veloso, Caio Delcolli, Cleber Facchi, Elson Barbosa, Érico Fucks, Fernanda Talarico, Guilherme Bryan, Guilherme Guedes, Igor Brunaldi, Itaici Brunetti, Itamar Montalvão, José Flavio Junior, José Julio do Espírito Santo, José Norberto Flesch, Júlio Maria, Leandro Saueia, Lucas Brêda, Marcelo Costa, Marcos Lauro, Mariana Tramontina, Pablo Miyazawa, Paulo Cavalcanti, Pedro Antunes, Roberta Martinelli, Sergio Martins e Thales de Menezes.
Os 50 textos detalhando cada um dos discos são assinados por Pedro Antunes, editor da Rolling Stone Brasil.
Em 2019, queremos ampliar ainda mais nosso corpo de jurados, para trazer uma lista ainda mais representativa.
Também aproveitamos para parabenizar os artistas selecionados pelos excelentes trabalhos, qualquer que seja a posição no ranking.
Com vocês, os 50 melhores discos brasileiros de 2018:
50º lugar: Ultrassom, Edgar
"O futuro é uma criança com medo de nós". Assim, com o single "Plástico", o rapper paulistano Edgar abriu o caminho para Ultrassom, um álbum poderoso. Apocalíptico e, invariavelmente, necessário, o trabalho produzido por Pupillo traz mensagens perturbadoras sobre o que ninguém quer ver.
49º lugar: Lobos, Jão
O pop nacional está muitíssimo bem servido. Com Lobos, Jão sofre de amor enquanto desliza sobre beats, sintetizadores e bases que convidam à dança - e fazem os olhos se encherem de lágrimas.
48º lugar: Puber, Jonas Sá
Puber é um disco para mostrar o amadurecimento de Jonas Sá, sujeito gravado por vozes mais diferentes gerações, de Gal Costa a Nina Becker. Um álbum de canções cheias de lembranças, calientes e saudosas.
47º lugar: Ninguém Vai Me Ouvir, Alaska
No fim das contas, parece que ouviram o álbum da Alaska, um álbum de recortes eletrônicos e canções emotivas. E ainda bem. O segundo disco dos rapazes é emotivo e futurista.
46º lugar: Alice, Alice Caymmi
Simplesmente, Alice. Assim, sem o sobrenome no título do seu ábum, Alice solta seu álbum mais pop e aberto. O sucessor de Rainha dos Raios é um disco poderoso de autoconhecimento e aceitação O hit "Eu Te Avisei", com a participação de Pabllo Vittar, um arrombo pop dos bons.
45º lugar: Era Dois, Bemti
Um trabalho emotivo de Bemti, que une a viola caipira a elementos programados e eletrônicos. Mas, acima de tudo, um disco cheio de alma. Uma alma que passa por transformações e despedidas.
44º lugar: + AR, Almir Sater & Renato Teixeira
Trata-se do sucessor de Ar, disco de Almir Sater e Renato Teixeira premiado pelo Grammy Latino. Um álbum para se transportar para uma roda de viola, ao redor de uma fogueira quentinha, numa noite que poderia ser fria, não fosse o cancioneiro impecável e inédito do duo.
43º lugar: Sinfonia Primitiva Nª1, Marcelo Camelo
O novo trabalho inédito de Marcelo Camelo é uma sinfonia poderosa, de pouco mais de 30 minutos dividos em quatro movimentos, registrada pela orquestra filarmônica da cidade de Praga, da República Tcheca.
42º lugar: Voo Longe, Illy
Artista com potencial enorme para voos cada vez mais altos, Illy estreia com a produção azeitada de Moreno Veloso e Alexandre Kassin e regrava canções de artistas como Chico César e Djavan. É cristalina, delicada, festiva e, por vezes, dolorida. Bela estreia.
41º lugar: Dona de Mim, IZA
IZA tomou o mundo do pop brasileiro. Chegou com vozeirão e covers impressionantes - não é a toa que salvou o show mequetrefe de Cee-Lo Green no Rock in Rio 2017. Fulminante, lançou Dona de Mim, um disco que celebra sua independência e o poder do feminino.
40º lugar: O Disco das Horas, Romulo Fróes
Romulo Fróes é poeta até mesmo quando não é o autor dos versos. Em O Disco das Horas, ele coloca seu vozeirão nas canções do parceiro Nuno Ramos. Todo o álbum é magistralmente produzido por Thiago França.
39º lugar: Crise, Rashid
Além de ser fruto de um ótimo trabalho de marketing, com as canções lançadas aos poucos, com números cada vez mais expressivos, Crise é um disco consistente, que mostra Rashid como um rimador que sabe sair para o ataque, com "Música de Guerra", mas também se permite amar, caso da ardida "Bilhete 2.0", com Luccas Carlos.
38º lugar: Consertos em Geral, Manoel Magalhães
O álbum de estreia do músico Manoel Magalhães entra na lista de "discos para abraçar debaixo do chuveiro para disfarçar as lágrimas". Simplicidade e candura, de mãos dadas, levam o ouvinte para essa jornada que não tem medo de mexer em sentimentos doloridos.
37º lugar: O Tempo É Agora, Anavitória
O segundo disco de Ana Caetano e Vitória Falcão é mais do que uma jogada genial de marketing - o filme Ana e Vitória, com as canções inéditas, saiu um dia antes da chegada do trabalho. São canções amadurecidas de quem ainda busca entender o amor.
36º lugar: Viagem ao Coração do Sol, Cordel do Fogo Encantado
A volta do Cordel do Fogo Encantado já seria celebrada se a reunião incluíssem somente alguns shows. Mas Lirinha e companhia voltaram com canções inéditas, atuais, nessa busca pela "filha do vento", uma tal de "liberdade". Mais contemporâneo que isso, impossível.
35º lugar: Vesúvio, Djavan
Contra tempos nebulosos, Djavan djavaneia por seu violão e vozes sincopados com a leveza de costume. Fez um álbum pop como remédio, fluído e cristalino, como se ensinasse ao mundo como tudo deveria ser.
34º lugar: Ambulante, Karol Conká
"Piririm pam pam, piririm pam pam / Você quer saber o quanto eu ganho", anuncia Karol Conká. No seu esperado álbum, a rapper dá as bofetadas necessárias, mas também exibe os beats bons de dançar e versos afiadíssimos, autênticos e corajosos.
33º lugar: Miopia, Gui Amabis
O quarto álbum do também produtor é ironicamente um disco de olhares. Exerce a função de observador até mesmo quando trata de si em algumas das canções. Soa complexo, com sua voz a trilhar por caminhos graves e sustentada por bases leves, mas sem ser cerebral demais.
32º lugar: Comunista Rico, Diomedes Chinaski
Chinaski chama o trabalho de mixtape, como seus outros lançamentos, mas Comunista Rico tem um conceito bem definido e entrega o melhor do rapper nesse mergulho pelo trap. E o faz, num disco/mixtape viciante, acompanhado de nomes como Djonga, Don L, Coruja BC1 e Rafa Moreira.
31º lugar: Todo Mundo Vai Mudar, Dingo Bells
A leveza da união das vozes dos integrantes do Dingo Bells suaviza até o mais pesado dos temas. Todo Mundo Vai Mudar é um disco pop sobre o respirar aliviado após as transformações que chegam com os 30 anos. Sim, tudo muda, mas (quase) tudo fica bem também.
30º lugar: Trança, Ava Rocha
Ava Rocha segue seu cantar em busca de suas origens, suas forças e sua herança. Com Trança, é poderosa, poética e assertiva. Impossível sair impassível depois de ouvir cada uma das 19 canções do terceiro álbum da artista.
29º lugar: Entrevista, Ronei Jorge
Depois de anos a frente da banda Os Ladrões de Bicicleta, Jorge se redescobre artisticamente com um projeto solo (embora ninguém esteja realmente só ao fazer um álbum). Entrevista é um disco no qual as vozes do artista se costura com os vocais femininos com imensa poesia.
28º lugar: Precariado, Wado
Wado, peculiar e poético como sempre, inicia suas canções por meio da célula-rítmica do samba, mas o faz da sua própria maneira. Precariado é um disco sobre o que há de simples, as relações humanas, com participações de quem compartilha com Wado esse sentimento, como Baleia, Teago Oliveira (da Maglore), Tuyo, Figueroas, Peartree e Morfina.
27º lugar: Relax, Kassin
Depois de Sonhando Devagar, Kassin volta suas atenções ao mundo dos acordados, de fato, mas seu disco não precisa lidar com a realidade crua e dura. Seu pop é célebre, descontraído e desconstruído. Leveza para dias sombrios.
26º lugar: Lenine em Trânsito, Lenine
Neste registro ao vivo, Lenine foge do básico e do óbvio. Ao longo da apresentação, ele caminha seguro por canções inéditas e regravações de músicas menos conhecidas do seu repertório. Traz afeto e intolerância, frente a frente, para um embate.
25º lugar: Ofertório (Ao Vivo), Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso
Outro registro ao vivo, o show de Caetano e filhos é de uma beleza ímpar. O leãozinho e suas crias erguem climas com o mínimo de instrumentação (violões, baixo, piano e pandeiro) e as vozes - que vozes! Costuram heranças e celebram a existência. De quebra, o registro traz "Todo Homem", lindíssima canção de Zeca Veloso.
24º lugar: Ansiedade na Cidade, Catavento
O amadurecimento do rapazes de Caxias do Sul, do Rio Grande, é notório. A sonzeira ganha ordem - nem tanta, ou perderia a graça - e suas mudanças climáticas passam a ser mais bem definidas. A maturidade chegou. E é muitíssimo bem-vinda!
23º lugar: Thinking Out Loud, Moons
Projeto de um músico só se expandiu, virou banda (um bandão de mineiros!) e, com isso, o Moons se cresceu. Suas canções ainda ressoam como um quarto vazio, sem móveis, numa manhã de domingo de outono, mas tudo está mais intenso agora.
22º lugar: Brasileiro, Silva
Silva é um dos melhores artistas da atualidade e, com Brasileiro, ele se reencontra. Deixou (um pouco) o ambiente sintético e mergulhou para entender a estética brasileira, com o violão e um som quente, de fazer brotar deliciosas gotinhas de suor da testa.
21º lugar: Gigantes, BK
Um dos melhores rappers da atualidade. Tem um arsenal de rimas riquíssimo e um flow camaleônico, que se encaixa no beat que vier. Por isso, Gigantes é um disco que apresenta, em cada faixa, situações e sensações distintas, como pinceladas de uma obra maior.
20º lugar: Casas, Rubel
O caminho de Rubel poderia ser fácil. Depois do folk melancólico e despretensioso do álbum de estreia, Pearl, ele tinha tudo para seguir pelo mesmo caminho. Que nada. A melancolia ainda está ali - e, neste momento, já podemos imaginar que é inerente ao artista -, mas suas construções agora se baseiam em colagens eletrônicas e recortes inspirados pelo hip-hop.
19º lugar: Pentimento, Odradek
Afeito a experimentos, o Odradek se deixa levar pelas cargas emotivas que impulsionam o disco para frente. Os arranjos seguem assim, como se fossem puxados pela vontade veloz de sentir. O caos é minimamente organizado. E isso é ótimo.
18º lugar: O Desmanche, Craca e Dani Nega
O desmanche proclamado pelos beats de Craca e as rimas poderosas de Dani Nega são disparados como tiros. O álbum funciona como saraivada de uma arma automática, com poesia e crueza, sem deixar pedra sobre pedra, racista sobre racista.
17º lugar: Omindá, André Abujamra
Omindá é álbum, é show, é filme. É Abujamra encerrando passagens, por se tratar de um disco criado para os pais, que já não estão por aqui, sobre a água, as águas, sobre a liquidez da existência. Um trabalho grandioso.
16º lugar: RSTUVXZ, Arnaldo Antunes
O titã-tribalista salta entre o samba e o rock, gêneros distintos, sem a pretensão de uni-los. Portanto, não se trata de um álbum de samba-rock e, sim, de um músico a provar que sua essência é mutante e artisticamente bipolar.
15º lugar: Fundação, E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante
Um disco sem fala, mas que narra. Um álbum com uma história a ser desbravada a cada marretada, como um escultor em busca da imagem que está dentro de uma rocha sólida. Com Fundação, do EATNMPTD deixou ali um leque de possibilidades imagéticas para medir o atrevimento de cada ouvinte ao formá-las.
14º lugar: Taurina, Anelis Assumpção
Taurina é Anelis Assumpção a abrir seu interior. Ela leva o ouvinte para a sua cozinha, onde causos e acontecimentos são narrados com a beleza gastronômica de sabores, temperos e condimentos. O disco mais íntimo de Anelis, mas também deliciosamente pop.
13º lugar: Libido, Autoramas
É impressionante como o Autoramas ainda é capaz de surpreender, com seus 20 anos de estrada. Renovados, com uma formação recente, o grupo se aventura por um rock de garagem jovial, veloz e cru - mas tudo sem a inocência de quem é jovem demais para entender o mundo ao redor.
12º lugar: Cavala, Maria Beraldo
A estreia de Maria Beraldo, experimental até o osso, mas sem perder o contato com a pele e a carne, é uma emocionante jornada pelas vivências da artista, que encontra na música sua forma de expressão mais plena e real.
11º lugar: Outono no Sudeste, Mauricio Pereira
Compositor das grandes estrofes e mestre das poesias do do que é micro, Mauricio Pereira reúne relatos corriqueiros em uma seleção de canções produzidas por Gustavo Ruiz. É um novo punhado de músicas do mestre Pereira, mas também poderia ser um álbum de fotografias ou um livro de contos.
10º lugar: … Amor É Isso, Erasmo Carlos
Erasmo, romântico até a ponta dos fios de cabelos já brancos, é dirigido por Marcus Preto e produzido por Pupillo. Soa como o bom e velho Tremendão, mas sem estar fora do tempo. É um afago novo, contemporâneo e carinhoso, ao tratar o maior dos temas, o amor.
9º lugar: Para Dias Ruins, Mahmundi
Mahmundi, ou Marcela, faz um disco de teletransporte. Um álbum que pode funcionar como uma playlist pronta para alegrar as horas mais cinzas. Seu pop, eletrônico sem perder a organicidade, é de trazer leveza só encontrada depois de um mergulho na piscina pela manhã.
8º lugar: Sinto Muito, Duda Beat
A melhor surpresa da música pop brasileira de 2018, Duda Beat pegou seus desamores, jogou num liquidificador, acrescentou graça, raiva, teclados e beats arrojados e serviu, para os interessados em boa música, uma vitamina reforçada de deprê-pop-songs que revigoram os corações mais sofridos. Remédio daqueles caseiros, sabe? Tiro e queda.
7º lugar: Azul Moderno, Luiza Lian
Um novo passeio pelo caminho sempre carregado de ancestralidade de Luiza Lian soa mais pop, mas, calma lá, é um pop próprio. Porque Lian conseguiu erguer, com sua discografia, uma certeza de que ela não se enquadra em qualquer caixinha musical. Criou um estilo próprio e Azul Moderno desconstruiu as bases já criadas ao violão, flertou com o eletrônico, cantou mil vozes em uma, e, ainda assim, mostra-se palatável, pessoal e introspectivo.
6º lugar: O Menino Que Queria Ser Deus, Djonga
Heresia, do ano passado, já era um petardo, O Menino Que Queria Ser Deus é outro tabefe bem dado pelo rapper. Diamante bruto, Djonga se refinou, lixou as arestas e entrega um álbum sobre combate, autoconhecimento e aceitação. Ambicioso até o talo - e isso é ótimo.
5º lugar: Não Para Não, Pabllo Vittar
Pabllo Vittar tinha a difícil missão de ser capaz de entregar hits e batidas viciantes, por ter ficado no topo do pop em 2017. Não Para Não é feito para sacudir, com elementos eletrônicos fundidos a gêneros como o tecnobrega, o carimbó e o pagode baiano. A mistura é viciante. E Pabllo acertou de novo.
4º lugar: OK OK OK, Gilberto Gil
Os primeiros segundos de OK OK OK, o novíssimo disco de Gilberto Gil, são de colocar as lágrimas nos olhos. Marejados, ouvimos Gil aceitando os novos tempos, de acordo com a velocidade de um mundo que não é mais a dele, um sobrevivente que levou a melhor sobre a doença que tentou interromper-lhe a existência. Grato, célebre, nunca frágil. Que disco, Gilberto, que disco.
3º lugar: Tônus, Carne Doce
Viciante, cheio de libido e hipnótico como as trocas de olhares antes de uma transa. Carne Doce faz um álbum que arde amores, carnais, apaixonados, profundos e leves. Lascivos ou agonizantes. Um disco que goza, seja lá o que possa vir depois, se são lágrimas, o sono, o cigarro na beirada da janela, a despedida ou a próxima transa.
2º lugar: Deus É Mulher, Elza Soares
Faça o exercício de desassociar Deus É Mulher, o mais recente álbum de Elza Soares, com Mulher do Fim do Mundo, o disco anterior, que fez justiça à grande artista que é Elza. São álbuns irmãos, é claro, mas Deus É Mulher é também um grande disco sozinho, um novo grito de independência, de feminilidade e negritude. E atualíssimo.
1º lugar: Bluesman, Baco Exu do Blues
Ele conseguiu de novo. E, talvez, você não acreditava que fosse possível. Mas o desafio é combustível para Baco Exu do Blues. Esú, que sacudiu o ano passado, trazia questões hereditárias, fazia a ponte entre o hip-hop soteropolitano e suas raízes africanas. Exu do Blues se aprofunda nessa temática ao fazer o que ninguém esperava dele, um disco de blues sem necessariamente trazer o blues como gênero. É um disco que exalta as suas raízes, que desafia padrões estéticos e ainda mostra que sabe sofrer de amor dolorosamente, mas sem perder a elegância.
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