Para o médico, os conflitos internos do governo Bolsonaro e o posicionamento do país no exterior são os principais agravantes da crise
Redação Publicado em 14/05/2020, às 07h59
Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, acredita que o surto do coronavírus está apenas no início. Em entrevista a Jamil Chade, colunista do Uol, o médico criticou o posicionamento do governo de Jair Bolsonaro e afirmou que o pico da doença pode ter sido atingido em Manaus, mas ainda não começou no Sul do país.
“A população não sabe para que lado ela vai [...] Eu dizia uma coisa e o presidente dizia outra”, disse o político. Há cerca de um mês, Mandetta foi demitido por causa das divergências com o Presidente da República.
Já em entrevista à CNN, o ex-ministro deixou claro que o Brasil, que já conta com mais de 12 mil mortes por covid-19, corre o risco de chegar a mil mortos por dia. Para o médico, uma das grandes preocupações é o comportamento do país no cenário internacional, principalmente em relação à China.
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Após os filhos de Bolsonaro e aliados atacarem o país asiático com acusações de um “plano comunista” para dominar o mundo, Mandetta declara que os conflitos só agravam a crise no Brasil e diminuem as possibilidades de receber ajuda internacional.
“A impressão que eu tenho é que, num local cheio de pólvora, o Itamaraty entra fumando [...] Não é o momento de uma briga. Se eu não tenho uma boa relação, vai ser difícil o abastecimento [de materiais de saúde].”
Ele completou: “Não é hora de apontar dedos. Primeiro precisamos enfrentar o coronavírus. Depois podemos lavar roupa suja [...] Cadê as máscaras? Estamos perdendo enfermeiros. Respiradores não chegam”.
Para o médico, a instabilidade do governo em tomar decisões afeta a reputação do Brasil no exterior e descarta o trabalho do ex-ministro na pasta, o qual tentou reposicionar o país e aproximar dos “EUA, Israel e Europa, mas também com a China, Alemanha, Reino Unido e Rússia".
Por fim, Mandetta também reservou críticas para a OMS - Organização Mundial de Saúde. O político afirmou que a instituição “não tem as ferramentas necessárias para arbitrar” e segue um “modelo falido” de administração.
Contudo, é arriscado para o país se alinhar com os ideais dos EUA e se voltar contra organizações. Ele disse: “Meu medo é de o Brasil com um discurso anti-organizações [internacionais]. Os EUA têm musculatura para se defender. Mas nós podemos ficar pelo caminho”.
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