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Um Bilhete para o Futuro

A banda não descarta a ideia de um disco de inéditas. Mas, antes disso, Moraes Moreira pede licença para agradecer a um velho amigo

J.F.J. Publicado em 10/08/2016, às 20h13 - Atualizado às 20h24

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Os integrantes dos Novos Baianos em meio a alguns de seus filhos, músicos da banda de apoio A Cor do Som e
outros agregados, no começo da década de 1970 - Arquivo Pessoal
Os integrantes dos Novos Baianos em meio a alguns de seus filhos, músicos da banda de apoio A Cor do Som e outros agregados, no começo da década de 1970 - Arquivo Pessoal

Um mundo de possibilidades: um disco recuperando composições dos anos 1970 que nunca foram lançadas, mas que os integrantes dos Novos Baianos cantam nos bastidores no clima “lembra daquela que a gente não gravou?” Ou então um álbum de inéditas em 2018, aproveitando que Luiz Galvão já mandou três ou quatro letras novas para Moraes Moreira musicar. Antes, o registro em DVD da turnê atual... Durante os dias em que esta reportagem foi produzida, os integrantes da banda falaram sobre o que pode vir daqui para a frente. Quase sempre

adjetivando as ideias como embrionárias. “Mas, de repente, uma fagulha pode incendiar”, diz Moraes.

O cantor sentiu uma dessas brasas após participar das sessões de fotos e ser entrevistado pela Rolling Stone. “Comecei a achar que a gente falava muito de João Gilberto e pouco de Tom Zé. Aí baixou o santo e eu fiz uma música do caralho para ele”, conta. Uma semana depois, Moraes cedeu a letra para ser publicada com exclusividade aqui, precedida por um bilhete para Tom Zé. E o nome da criação é exatamente este: “Um Bilhete pra Tom Zé”, referência a “Um Bilhete pra Didi”, tema instrumental de Acabou Chorare.

“Eu devia ter 19 para 20 anos quando conheci Tom Zé na Universidade Federal da Bahia”, recorda Moraes. “Foi uma sorte na minha vida. Não falei que era compositor, falei que fazia

umas músicas. Mostrei minhas coisas e ele disse: ‘É, você tem talento. Vou te dar umas aulas de violão. Não vou cobrar porque sei que você não tem dinheiro para pagar’.” Pouco depois, Galvão procurou Tom Zé com algumas poesias, interessado em fazer parcerias, e ouviu uma negativa, seguida de “mas eu sei de um cara que vai fazer essas músicas com você”.

“Um dia eu estou lá na pensão em que morava e meu irmão me acorda dizendo: ‘Moraes, tem um cara aqui que Tom Zé mandou. É um poeta de Juazeiro’. Acordei num mau humor

horrível. Mas Galvão foi insistindo, fui olhando as letras dele, comecei a achar as letras boas. Dois dias depois, Galvão já estava morando no mesmo quarto e começamos a produzir sem parar. Aí Paulinho Boca de Cantor descobriu a gente e esse foi o começo de tudo”, relata Moraes. Nada mais justo, portanto, do que homenagear uma figura tão importante nessa gênese, em letra que pode acabar virando uma canção inédita dos Novos Baianos futuramente. Ao lado, o bilhete e o “Bilhete”.