A importância da vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar, segundo Walter Salles
Apesar do gosto amargo por Fernanda Torres não ter vencido como Melhor Atriz, diretor Walter Salles destaca papel na valorização da cultura brasileira
Redação
Publicado em 03/03/2025, às 17h20
Na 97ª edição do Oscar, o filme Ainda Estou Aqui fez história. Indicado em três categorias, o longa venceu como Melhor Filme Internacional e garantiu a primeira estatueta do Brasil na premiação.
A produção ainda poderia ter ido além, com os prêmios de Melhor Atriz para Fernanda Torres e Melhor Filme, mas acabou superada por Anora, que também rendeu a Mikey Madison o prêmio de atuação.
Mesmo que muitos brasileiros tenham assistido ao final da cerimônia com um gostinho amargo e de frustração após a atriz brasileira não ter ficado com a estatueta, o Oscar que Ainda Estou Aqui trouxe para casa é muito valioso para o cinema nacional.
Durante a entrevista coletiva após a premiação que aconteceu neste domingo, 2, o diretor Walter Salles ressaltou a importância do feito inédito:
Levou sete anos para nós chegarmos aqui. Desde o começo, nós simplesmente sabíamos que essa era uma história necessária e nunca imaginamos que ela terminaria aqui. Então toda essa jornada foi sobre memória, retomar a memória de uma família ao mesmo tempo em que você retrata a memória de um país durante 21 anos de ditadura militar. E essa história da vida real é protagonizada por uma mulher extraordinária, Eunice Paiva. Acho que ela continua nos guiando.
Este isso não é só no filme. É Eunice realmente nos protegendo e estando aqui. E ao mesmo tempo, é Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, duas atrizes brasileiras extraordinárias, nos mostrando que resistir é importante na arte. Elas fizeram isso. Elas resistiram e a arte floresceu graças a elas. Então o prêmio é para essas três mulheres extraordinárias.
De acordo com o diretor, a vitória no Oscar também tem um papel fundamental para valorizar e contribuir para o reconhecimento do que é feito no país:
Não é um filme que está sendo reconhecido, é uma cultura. É a forma com que fazemos cinema no Brasil que está sendo reconhecida. A literatura brasileira está sendo reconhecida a partir do livro de Marcelo Rubens Paiva que inspira o filme. A música brasileira também. E isso ajuda muito o cinema independente, porque essa notícia vai ecoar pelo mundo e talvez mais produções independentes brasileiras serão gravadas.
Na avaliação de Walter Salles, o filme fez sucesso mundial porque conta uma história de perdas e como superar momentos a partir do afeto, enquanto se luta por justiça. “No final das contas, é um filme sobre a esperança que abraçar a vida permite que você tenha."
O diretor de Ainda Estou Aqui também afirmou que os brasileiros se tornaram co-autores do filme, que “quebrou a barreira da polarização política e ofereceu uma reflexão sobre a história do país”.
Na verdade, o que nós fizemos pode ajudar na luta contra o esquecimento. E isso é realmente importante.
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