"OBJETIVOS INFINITOS"

O gênero inusitado de filme que Tom Cruise gostaria de estrelar

Durante um evento de carreira no BFI em Londres, o ator refletiu sobre filmes como Top Gun, Missão Impossível e Rain Man

Emily Zemler

Publicado em 12/05/2025, às 11h59
Tom Cruise - Foto: Shane Anthony Sinclair/Getty Images for BFI
Tom Cruise - Foto: Shane Anthony Sinclair/Getty Images for BFI

Interpretar uma estrela do rock em Rock of Ages: O Filme (2012) aparentemente não foi o suficiente para satisfazer o instinto de Tom Cruise de cantar nas telas. Refletindo sobre sua carreira no British Film Institute (BFI) em Londres na noite passada, o ator admitiu que espera fazer um musical — ou vários. As informações são da Rolling Stone.

“Definitivamente musicais”, disse Cruise ao ser questionado sobre o que ainda está em sua lista de desejos como artista. “Drama, ação, aventura. É infinito. Meus objetivos são infinitos.”

O evento, intitulado "Tom Cruise in Conversation" ("Tom Cruise em Conversa", na tradução livre), foi realizado antes de o ator receber o BFI Fellowship, a mais alta honraria da organização, nesta semana. Cruise falou sobre diversos momentos importantes de sua carreira durante a conversa, incluindo seu trabalho fundamental na franquia Missão: Impossível. Ele explicou que o filme original, de 1996, foi a primeira produção que ele assumiu oficialmente, motivado pela música.

“Eu amava o tema musical”, brincou o ator. “E achei que seria interessante pegar uma série de TV da Guerra Fria e transformá-la em ação. Eu queria ação e suspense.” Ele continuou: “A ideia era olhar para Missão e pensar: ‘O que podemos fazer com ação?’ Como posso evoluir a ação e a narrativa, e incorporar esse tipo de história com mais movimento? Esse é meu interesse.”

Cruise também refletiu sobre sua parceria contínua com o roteirista e diretor Christopher McQuarrie, que se juntou à franquia de espionagem sem créditos em Missão Impossível – Protocolo Fantasma, de 2011. Cruise contou que já havia filmado três meses do longa, dirigido por Brad Bird, mas “não tinha uma história”. Ele conheceu McQuarrie e o convidou para o set em Vancouver, onde ele e Simon Pegg filmavam a cena das luvas de escalada adesivas.

“Eu já tinha filmado a cena em que escalo a parede”, ele lembrou. “Filmamos em Dubai. Filmamos a maior parte das sequências de ação, exceto a da garagem, em Dubai. E lá estava eu, e era tipo: ‘Eu não sabia por que estava na lateral do Burj [Khalifa].’ Tipo: ‘Vamos descobrir isso depois. Problemas para outro dia!’” McQuarrie acabou entrando para ajudar nos roteiros e, desde então, já colaborou com Cruise mais de 10 vezes, incluindo o próximo Missão: Impossível - O Acerto Final (2025).

O ator confirmou que há mais por vir. “Temos muito material”, disse sobre suas ideias com McQuarrie. “Nosso relacionamento é feito de histórias sem fim.” Ele acrescentou que o cineasta estava envolvido na escrita da sequência de Top Gun: Maverick mais de 11 anos antes de seu lançamento em 2022.

“Imediatamente, começaram a falar sobre as continuações”, comentou Cruise sobre a produção do filme de 1986. “E, na verdade, parte do que acabamos usando era uma ideia que já tínhamos... Foi extraordinário fazê-lo. O estúdio queria que eu fizesse Top Gun repetidamente. Mas como jovem artista, eu queria desenvolver meu talento em diferentes áreas, entender mais e me desafiar.”

Falando sobre as filmagens de Top Gun com o diretor Tony Scott e Val Kilmer, ele disse: “Foi uma experiência excepcional. Os atores com quem tivemos a chance de trabalhar. E o Val entrando no projeto. Lembro que basicamente imploramos para ele fazer. E Anthony Edwards e a Kelly [McGillis]. Todos aceitaram participar. Foi muito, muito especial.”

Em outros momentos da conversa, que durou cerca de uma hora, Cruise refletiu sobre como Hollywood mudou desde o início de sua carreira, sobre seu desejo de “criar um efeito no público” e como sua irmã o ajudou a conseguir o papel em Rain Man, que surgiu após um encontro casual com Dustin Hoffman em um restaurante em 1984.

“Ela disse: ‘Ali está Dustin Hoffman.’ Eu olhei e lá estava ele, de chapéu — ele estava fazendo A Morte de um Caixeiro-Viajante (1985) — e pedindo comida para viagem”, contou Cruise. “Ela disse: ‘Vai lá falar com ele.’ E eu disse: ‘Não vou falar com ele.’ E ela: ‘Você conhece ele, conhece os filmes dele.’ E ela não costuma fazer esse tipo de coisa. E eu não costumo abordar as pessoas, mas ela insistiu tanto.”

Ele acabou cedendo depois que a irmã “me perturbou tanto”. “Eu disse: ‘Com licença, Sr. Hoffman, desculpe…’”, lembrou o ator. “E ele respondeu: ‘Cruise!’” Hoffman convidou Cruise e sua irmã para assistirem à peça e depois os levou ao camarim. “Quando eu estava indo embora, ele disse: ‘Quero fazer um filme com você’”, disse Cruise. “E eu respondi: ‘Seria uma honra, senhor.’ E foi isso o que aconteceu. Basicamente, um ano depois, ele me mandou o roteiro de Rain Man.”

Falando sobre o filme Magnólia, de Paul Thomas Anderson, de 1999, no qual Cruise interpreta o palestrante motivacional Frank T.J. Mackey, ele revelou que “o monólogo inteiro não existia”. Depois de receber o roteiro, Cruise convidou Anderson para sua sala de exibição particular para mostrar sua visão do personagem Frank.

“Eu criei todo aquele personagem”, disse ele. “Estava na minha sala de projeção. Ele sentou e eu disse: ‘Apenas sente-se.’ Eu fiz a iluminação, coloquei a música. Basicamente escrevi o monólogo de abertura, a minha versão, e falei: ‘Deixe-me te mostrar.’ … E o bom é que você mostra, e a partir daí, tudo evolui.”

Depois da conversa, Cruise subiu no telhado do cinema BFI IMAX ali perto. A escalada inesperada combinou com sua lembrança de infância: ele sempre fazia acrobacias. E quando lhe disseram para continuar com o ótimo trabalho, ele respondeu: “Eu nunca vou parar.”

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