Os 12 melhores personagens de Willem Dafoe, segundo Rolling Stone
Celebrando os 70 anos de Willem Dafoe, Rolling Stone Brasil preparou uma seleção dos seus 12 personagens mais icônicos e inesquecíveis
Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)
Neste 22 de julho, o ator Willem Dafoe (Pobres Criaturas) celebra seus 70 anos de vida e uma trajetória brilhante no cinema com diversos personagens icônicos. Considerado um dos atores mais versáteis e prolíficos de sua geração, Dafoe construiu, ao longo das décadas, uma filmografia repleta de personagens marcantes.
Mesmo diante de tantos papéis memoráveis, a Rolling Stone Brasil resolveu destacar os 12 que melhor representam a diversidade e a força de sua atuação, ranqueados em ordem de importância — foi uma tarefa ingrata e difícil, mas a lista você pode conferir a seguir:
12º – Davis – The Loveless (1981)

Em seu início de carreira, Willem Dafoe já mostrava sinais do talento que viria a consolidar ao longo das décadas. Em The Loveless, um drama cult que se passa nos anos 1950, ele interpreta Davis, um motoqueiro rebelde que, junto com seu grupo, chega a uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos. O personagem é marcado por uma aura sombria, inquietante e carregada de uma energia juvenil e anárquica que desafia a ordem local. Apesar de ser um papel relativamente silencioso e contido em termos de diálogo, Dafoe usa sua presença física e expressão corporal para transmitir tensão e mistério, dando vida a um personagem emblemático que antecipa a complexidade dos papéis que marcariam sua carreira. Essa atuação precoce destacou sua capacidade de interpretar figuras marginais e intensas, características que o tornariam um ator indispensável no cinema de autor e alternativo.
11º – X – Enigma do Poder (1998)

Em Enigma do Poder, um thriller noir dirigido por Abel Ferrara — com quem Dafoe trabalhou inúmeras vezes — o ator interpreta X, um dos protagonistas de uma trama envolta em espionagem corporativa e traição. Ao lado de Christopher Walken (Prenda-me Se For Capaz), Dafoe constrói um personagem silencioso, calculista e leal ao seu chefe, mas também envolto em uma aura de mistério e ambiguidade moral. Como capanga, ele exerce um papel fundamental na trama, agindo com uma combinação de brutalidade e sutileza, refletindo as tensões do ambiente sombrio em que está inserido. A interpretação de Dafoe traz profundidade a esse papel, mostrando sua capacidade de dar vida a figuras multifacetadas, cuja lealdade e motivações nem sempre são claras.
10º – O Terapeuta – Anticristo (2009)

Pode ser polêmico, mas seu papel em Anticristo tinha que estar na lista! No controverso filme de Lars von Trier (Melancolia), Willem Dafoe é um terapeuta que faz parte de um casal em luto, ao lado de Charlotte Gainsbourg (Ninfomaníaca). Sua atuação delicada e contida contrasta com a atmosfera perturbadora da obra, evidenciando seu talento para dramas psicológicos profundos e complexos. A entrega sutil de Dafoe é fundamental para manter o equilíbrio entre o realismo e o surrealismo que permeiam o longa.
9º – Sargento Elias Grodin – Platoon (1986)

Como o idealista e justo Sargento Elias, Willem Dafoe traz humanidade e coragem em meio ao caos da Guerra do Vietnã, neste que é considerado um dos grandes filmes de guerra de todos os tempos. Em Platoon, Dafoe construiu um dos grandes anti-heróis do cinema. Sua atuação intensa e emocional, especialmente na cena final de luta na selva, valeu indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e consolidou sua reputação como ator capaz de transmitir profundidade e empatia mesmo em ambientes extremos e violentos.
8º – Max Schreck – A Sombra do Vampiro (2000)

Interpretando o ator Max Schreck, que supostamente seria um vampiro real, Willem Dafoe foi novamente indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante graças a uma performance perturbadora e quase hipnótica em A Sombra do Vampiro. O filme brinca com o medo e o mito, misturando fatos reais com ficção, e Dafoe cria um personagem assustador e fascinante, cuja presença domina a tela. Sua capacidade de transmitir tanto o grotesco quanto o enigmático faz deste um dos papéis mais marcantes de sua carreira.
7º – Agente Alan Ward – Mississippi em Chamas (1988)

Neste drama baseado em fatos reais sobre racismo e direitos civis, Willem Dafoe vive o agente do FBI Alan Ward, determinado a resolver um crime brutal no Sul dos Estados Unidos. Sua interpretação firme e justa destaca seu compromisso com personagens que lutam por justiça. Mesmo atuando ao lado do gigante e saudoso Gene Hackman (Superman – O Filme), Dafoe consegue brilhar em Mississipi em Chamas, entregando uma performance memorável que equilibra autoridade e humanidade.
6º – J.G. Jopling – O Grande Hotel Budapeste (2014)

Em O Grande Hotel Budapeste, no estilo único de Wes Anderson (O Esquema Fenício), Willem Dafoe interpreta o vilão implacável e caricato J.G. Jopling. Seu personagem adiciona tensão e humor negro à trama, funcionando como uma força ameaçadora e ao mesmo tempo quase cômica. A atuação de Dafoe, estilizada e cheia de nuances, destaca-se como um dos pontos altos desta comédia excêntrica, mostrando seu talento para equilibrar o absurdo e a intensidade.
5º – Vincent van Gogh – No Portal da Eternidade (2018)

Aqui, Willem Dafoe entrega uma das performances mais sensíveis e profundas de sua carreira ao interpretar o pintor Vincent van Gogh em seus últimos anos de vida. Em No Portal da Eternidade, Dafoe traz uma intensidade vulnerável que humaniza o ícone artístico, mostrando suas angústias, paixões e tormentos criativos. A interpretação emocionante e cheia de nuances lhe valeu sua primeira — e até então única — indicação ao Oscar de Melhor Ator, embora o careca dourado, lamentavelmente, tenha ido para Rami Malek (Bohemian Rhapsody).
4º – Bobby Peru – Coração Selvagem (1990)

Em Coração Selvagem, dirigido por David Lynch (Twin Peaks), Willem Dafoe interpreta o perturbador e imprevisível Bobby Peru, um vilão carregado de tensão e ameaça. Sua atuação combina uma presença ameaçadora com uma hipnose quase hipnótica, tornando o personagem memorável e aterrorizante. A química sombria entre Dafoe e Laura Dern (Veludo Azul), que vive a protagonista, cria momentos de alta tensão, especialmente nas cenas em que Bobby demonstra sua natureza volátil e perigosa. Este papel é uma prova do domínio de Dafoe em personagens complexos e psicologicamente instáveis.
3º – Jesus Cristo – A Última Tentação de Cristo (1988)

No polêmico e controverso A Última Tentação de Cristo, dirigido por Martin Scorsese (O Irlandês), Willem Dafoe entrega uma interpretação profundamente humana de Jesus Cristo. Seu personagem enfrenta dúvidas, tentações e conflitos internos, oferecendo uma visão multifacetada que explora tanto as dimensões divinas quanto as humanas. A vulnerabilidade da atuação exigiu uma entrega total, tornando esta uma das performances mais memoráveis e debatidas da carreira de Dafoe, marcada por cenas que mostram a fragilidade e a força coexistindo em um mesmo personagem.
2º – Thomas Wake – O Farol (2019)

Como o faroleiro autoritário e enigmático Thomas Wake, Willem Dafoe entrega uma performance inquietante em O Farol, de Robert Eggers (Nosferatu), ao lado de Robert Pattinson (Batman). Ambientado em um cenário claustrofóbico e surreal, Dafoe constrói uma figura imponente que domina a narrativa com sua presença quase hipnótica. Seu monólogo carregado de emoção e força é um dos momentos mais memoráveis do filme, contribuindo decisivamente para o clima denso e perturbador que permeia o longa.
1º – Norman Osborn / Duende Verde – Homem-Aranha (2002)

O primeiro lugar não poderia ser outro: Em Homem-Aranha, Willem Dafoe deu vida ao icônico vilão Duende Verde, na adaptação dirigida por Sam Raimi (Doutor Estranho No Multiverso Da Loucura). Sua atuação combina uma mistura hipnotizante de charme e loucura, entregando um antagonista energético, ameaçador e profundamente complexo. Dafoe criou uma das figuras mais memoráveis do cinema de super-heróis. Até hoje, sua performance permanece entre as melhores dos vilões do gênero.
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