Brasil e América latina se destacam no cenário musical global
Canções latinas conquistam grande crescimento em números de streamings em plataformas como o Spotify, alcançando aumento mais rápido fora dos EUA
Bruno Duque
Publicado em 17/02/2025, às 16h21 - Atualizado às 16h27
Na última década, a música latina se transformou de um gênero regional em um fenômeno global, dominando plataformas e remodelando o cenário musical. De acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), as receitas de música gravada da América Latina experimentaram um aumento significativo de 19,4% em 2023, as receitas totais para a região atingiram US$ 1,5 bilhão, mais que o triplo dos US$ 446 milhões relatados em 2017, marcando o décimo quarto ano consecutivo de crescimento da região.
Essa expansão foi impulsionada principalmente pelo streaming, que respondeu por 86,3% das receitas. Notavelmente, Brasil e México, tiveram crescimentos substanciais de 13,4% e 18,2%, respectivamente. Estes serviços, em particular, impulsionaram essa expansão, respondendo por 84,1% do total em 2020, um ano que também viu a América Latina como o local de crescimento mais rápido para música gravada globalmente, com receitas aumentando em 15,9%. Isso pode ser atribuído a fatores como uma maior penetração da internet, uso de smartphones e a popularidade de redes como o Spotify, que desempenharam um papel fundamental. Playlists e algoritmos estão determinando o que milhões de ouvintes querem consumir e descobrir.
Os algoritmos dependem de machine learning e análise de dados para personalizar recomendações. O processo começa com filtragem colaborativa, analisando o comportamento do usuário, como histórico de reprodução, skips e curtidas para identificar padrões e semelhanças entre usuários com preferências sobrepostas. Ele também emprega filtragem baseada em conteúdo, usando natural language process (NLP) para analisar metadados, letras e até mesmo discussões online. Ferramentas de análise de áudio extraem características como tempo, tom e níveis de energia das faixas para categorizá-las.
Esses insights são alimentados por modelos de aprendizado profundo, gerando personalização, como o Discover Weekly ou Release Radar, continuamente refinados pelas interações e feedback, amplificando ainda mais esse efeito ao recomendar faixas. Dados da MIDiA Research indicam que a América Latina responde por 17% dos assinantes globais do Spotify, mas 27% deles são de streaming de vídeo, mostrando um engajamento alto. Isso levou a um cenário em que playlists como Viva Latino ou Brasil Hits, impulsionem artistas já estabelecidos e atuem como guardiões para novos talentos, determinando a visibilidade em um mercado altamente competitivo.
Um fato interessante é: apesar da barreira linguística entre português e espanhol, levantada em vários relatórios, uma tendência é a popularidade e exportação da música brasileira para Portugal. Analisando o Top 50 do país, vemos que artistas brasileiros estão nos charts, muitas vezes entrando no top 10. No entanto, o inverso não é igual. Artistas portugueses não veem sua música no Brasil. O cenário nacional é predominantemente impulsionado por gêneros locais, com a música brasileira respondendo por 93,5% das 200 principais em 2023, refletindo uma forte autossuficiência cultural. Recentemente em 2025 com o lançamento e grande aposta de DeBÍ TiRAR MáS FOToS, do Bad Bunny, não só ressoou profundamente com seu público latino principal, mas também encontrou um sucesso inesperado no Brasil, um mercado historicamente dominado pelo funk, sertanejo e pop. Apesar da penetração gradual do reggaeton no mainstream do país, o último álbum do Bad Bunny marca um momento único em que sua influência se estende além dos territórios habituais de língua espanhola. A fusão do álbum de salsa, plena, bolero e pop latino — junto com sua rica narrativa — deu a ele um apelo que transcende as barreiras linguísticas. Faixas como NUEVAYoL e LO QUE PASÓ A HAWAii, evocam nostalgia e consciência sociopolítica, fazendo com que o álbum pareça um diário pessoal e uma declaração cultural.
No entanto, embora DeBÍ TiRAR MáS FOToS esteja inegavelmente sendo escutado no Brasil, seu sucesso não é necessariamente um momento de ruptura para o reggaeton na região. Em 28 de janeiro, seis faixas do álbum entraram na parada Spotify Viral 50 do Brasil, mas apenas uma — “VOY A LLeVARTE PA PR” — é uma faixa puramente reggaeton. O resto, incluindo BAILE INoLVIDABLE, NUEVAYoL, WELTiTA e LO QUE PASÓ A HAWAii, pendem mais para influências pop, indie e tropicais. Isso sugere que os ouvintes brasileiros estão gravitando em direção à versatilidade de Bad Bunny em vez de abraçar o reggaeton como um todo. Embora isso sinalize uma abertura crescente à música latina, ainda não se sabe se isso se traduz em demanda sustentada pelo gênero dentro do ecossistema musical mainstream do Brasil.
Quando analisamos os artistas latinos vemos uma expansão relevante numa escala global e especificamente nos Estados Unidos. Na recente publicação feita pela Luminate Music Consumption Data, é notável o domínio regional: a música latina tem tido um crescimento significativo, particularmente no sudoeste e em partes do sudeste, alinhando-se com regiões que têm fortes populações hispânicas e latinas.
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