ANÁLISE RS

Crítica do 5º episódio de The Last of Us: Algo no ar

O hospital da WLF em Seattle traz revelações – e novos perigos – para Ellie, interpretada por Bella Ramsey no seriado da HBO

Alan Sepinwall

Publicado em 12/05/2025, às 11h25
Bella Ramsey interpreta Ellie em The Last of Us - Foto: Divulgação/HBO
Bella Ramsey interpreta Ellie em The Last of Us - Foto: Divulgação/HBO

Esta matéria da Rolling Stone contém spoilers do episódio desta semana de The Last of Us, já disponível na Max.

A segunda temporada de The Last of Us tem sido ao mesmo tempo mais complicada e mais simples. Há mais personagens recorrentes, entre o grupo de Jackson e as pessoas em Seattle. E o próprio Cordyceps continua evoluindo; este quinto episódio coloca Ellie e Dina contra um grupo de infectados inteligentes que conseguem trabalhar em equipe e montar armadilhas, além de apresentar uma nova cepa do fungo, que se tornou aérea e pode infectar pessoas sem contato direto. Há coisas que nós sabemos e os personagens não, e outras que só conseguimos entender por pistas ou são totalmente compreendidas apenas pelas várias facções de Seattle.

Ainda assim, a história da temporada está tão focada em um único objetivo de Ellie — um objetivo que parece mais equivocado a cada semana, especialmente nesta — que tudo frequentemente parece mais direto, e às vezes até mais superficial, do que a jornada de Ellie e Joel pelo país na primeira temporada. A primeira temporada tinha como meta levar Ellie à base dos Vagalumes em Salt Lake City, mas havia espaço para desvios e paradas. Já esta gira inteiramente em torno de Ellie e Dina buscando vingança contra Abby, com os dois episódios mais recentes se passando em um único dia. Há cenas de ação — nesta semana, as parceiras enfrentam um grupo de infectados inteligentes e fogem dos Serafitas, seguida por Ellie perseguindo Nora, a aliada de Abby, por um hospital — mas, em termos de avanço da trama, pouca coisa realmente acontece.

Portanto, se você não estiver envolvido emocionalmente com o enredo da vingança, não há muito em que se agarrar em um episódio como este — pelo menos até seus momentos finais, que trazem de volta Pedro Pascal em um vislumbre da vida de Ellie com Joel antes do assassinato dele.

Logo no início, Ellie reflete mais sobre a gravidez de Dina e finalmente parece perceber o quão terrível foi a decisão de ir para Seattle, e quão especialmente estúpido é permanecer lá — não apenas porque as duas estão empolgadas com a ideia de criar um filho juntas, mas porque a cidade se mostrou muito mais perigosa do que imaginaram ao saírem de Jackson. Mas quando ela compartilha sua preocupação com Dina, Dina conta a história do primeiro homem que matou: um saqueador que massacrou o resto de sua família quando ela tinha apenas oito anos.

“Faria alguma diferença se minha família tivesse machucado o povo dele primeiro?”, ela pergunta, traçando um paralelo com a situação de Ellie e Abby. “Não. E se eu não tivesse matado ele, se ele tivesse escapado, eu te juro, eu teria caçado ele para sempre. Para sempre.” Ela diz que cabe a Ellie decidir se vai embora ou fica. E, apesar de desejar desesperadamente ser pai, Ellie não consegue montar em Shimmer e voltar para casa. Então, elas continuam nessa missão teimosa e sem sentido.

Vemos mais dos Lobos por conta própria, embora, neste caso, seja principalmente para contextualizar o que acontece quando Ellie persegue Nora pelo hospital e elas acabam em um andar cheio de infectados pelo ar. Essa sequência apresenta algumas das imagens mais assustadoras e nojentas da série até agora, com esporos de Cordyceps flutuando no ar e saindo da boca dos pobres Lobos que estavam naquele andar antes de perceberem a natureza dessa nova ameaça.

Ainda assim, estamos principalmente na perspectiva de Ellie e Dina, então, quando elas encontram infectados inteligentes ou quase são capturadas e mortas pelos Serafitas, estamos tão no escuro quanto elas (*). Os Serafitas continuam parecendo algo saído das temporadas mais exageradas de The Walking Dead, infelizmente. Os Lobos são um pouco mais bem desenvolvidos, mas parece que estamos recebendo a quantidade errada deles: não o suficiente para que pareçam personagens de verdade, além de serem apenas carne de canhão para a missão de vingança, mas em número grande o bastante para que não pareça que estamos totalmente imersos na história de Ellie e Dina.

(*) Em cada situação, somos lembrados de que cada metade da dupla tem uma espécie de superpoder: Dina tem uma audição extremamente apurada, então geralmente consegue ter noção de quantos infectados há em um espaço e onde estão aproximadamente; enquanto Ellie é tão pequena que consegue se esconder em lugares onde seus perseguidores simplesmente não conseguem entrar.

Jesse aparece para resgatar as amigas quando elas estão prestes a ser dominadas pelos infectados inteligentes, num acontecimento que parece improvável demais — mesmo depois que ele explica como ele e Tommy as rastrearam. Ter mais personagens significa que a série, em teoria, não depende tanto de uma única pessoa como quando Ellie e Joel eram os únicos que importavam. Mas agora, conveniências forçadas se tornam necessárias para manter algumas das novas figuras secundárias em cena numa história como essa.

Quando escapa dos Serafitas, Ellie tem a escolha entre ir atrás de Jesse e Dina ou continuar até o hospital na esperança de encontrar Abby. Ela ainda está mais preocupada com a missão do que com Dina, então, claro, vai ao hospital, onde encontra apenas Nora, que se sente mal por Ellie ter presenciado a morte de Joel, mas não pelo assassinato em si. Quando acabam no andar com os infectados aéreos, Nora se espanta ao perceber que Ellie é imune — que ela é “a garota imune” cuja existência os Lobos não tinham certeza se era real (*).

(*) Isso levanta uma questão: se Abby sabia que Joel havia matado seu pai e os outros para proteger essa suposta garota imune, e viu Ellie no chão da casa em Jackson gritando como se Joel fosse seu pai, como ela não ligou os pontos? E, considerando como ela reagiu ao assassinato de seu pai, por que diabos deixaria Ellie viva?

Nora, já morrendo, conta a Ellie o que Joel fez em Salt Lake City, ingenuamente achando que isso convencerá Ellie de que eles estão certos e a encorajará a deixar os outros amigos de Nora em paz. Mas descobrimos que Ellie já sabia — seja porque percebeu quando Joel mentiu pela primeira vez ou em algum momento dos cinco anos seguintes — e não se importa. Ela pega um cano que lembra muito um certo taco de golfe e começa a torturar Nora com ele para conseguir a localização de Abby.

Pessoas machucadas machucam outras pessoas — mesmo quando já deveriam estar preocupadas com coisas mais importantes nesta altura da história.

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