Tom Blyth revela que ouve 'punk para entrar no espírito' de Billy the Kid em série

Billy the Kid, série sobre o infame fora da lei vivido por Tom Blyth (Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes) chega nesta sexta-feira, dia 23 de maio, ao catálogo do MGM+ com suas duas primeiras temporadas.

A Rolling Stone Brasil teve a oportunidade de conversar com o protagonista da produção sobre sua construção do personagem, a preparação emocional e até a trilha sonora pessoal que o ajudou a entrar no espírito rebelde de Billy. Confira a seguir:

Outra versão de Billy the Kid

Billy the Kid já ganhou diversas versões na TV e no cinema, e Tom reconhece isso, destacando o diferencial dessa nova abordagem: a possibilidade de explorar a história em formato de série.

Ele já foi retratado tantas vezes no cinema, mas o que me atraiu nesse projeto foi o fato de que ainda não o tínhamos visto nesse formato de longa duração para a TV. Esse formato permite cavar mais fundo na história, explorar os cantos e frestas do que é conhecido e imaginar o que pode ter acontecido nos vazios deixados pela história.”

Ele elogia o trabalho do criador Michael Hirst por preencher essas lacunas com criatividade, mas sempre informado pelos fatos históricos. “Foi empolgante mergulhar nisso com ele, escavar e tentar entender quem foi esse cara, porque muito sobre ele ainda é um mistério.”

Além disso, ele celebra as possibilidades dramáticas e visuais do formato: “Durante três temporadas, tivemos oportunidade de fazer cenas de ação incríveis, tiroteios, perseguições a cavalo... A televisão nos deu tempo para construir essas sequências de forma épica, coisa que um filme, por ser mais curto, não permite.”

Tom também vê relevância temática: “A série trata das origens da América e da imigração europeia. São temas extremamente atuais. E vê-los pelo olhar de um herói popular como Billy é algo muito revelador.”

Filmagens em locações reais e imersão no Velho Oeste

Segundo o ator, a imersão no universo da série é total. “Não filmamos um único quadro em estúdio. Estávamos de fato nas planícies, nas montanhas, debaixo de chuva, sol, neve... Isso torna tudo muito mais real.”

Ele descreve a experiência com entusiasmo: “Quando você cavalga pela rua principal de Lincoln, você está realmente comendo poeira, com cocô de cavalo voando em você. E quando os tiros começam, você sente tudo ali, de verdade.”

Essa autenticidade ajudou na atuação: “Como ator, isso é empolgante, porque você não precisa fingir tanto. Você está realmente lá. Isso, eu acho, é algo que os fãs da série perceberam, essa sensação de verdade. Quando você vê alguém montado, somos nós mesmos montando. Quando estou galopando com 100 cabeças de gado ao redor ou levando tiros, tudo isso é real, com uma equipe de dublês incrível nos acompanhando.”

A solidão poética de Billy

Tom comenta sobre a sensação de isolamento que acompanha Billy mesmo quando está cercado de pessoas. “Existe essa solidão poética nele. Mesmo em cenas com outros personagens, ele parece um fantasma em sua própria vida.”

Ele lembra que no início da série pensava em interpretá-lo com um tom mais excêntrico: “Queria fazer um Billy charmoso, meio sarcástico, com um toque de loucura. Mas Otto Bathurst, nosso diretor, sugeriu que o aterrássemos mais.”

A partir daí, a proposta foi fazer de Billy alguém atento, sempre observando, calculando. “Ele não sobrevive por ser à prova de balas ou o melhor pistoleiro do Oeste. Ele sobrevive porque está sempre um passo à frente. Ele é como o Jason Bourne do Velho Oeste: entra em um lugar e já sabe onde estão as saídas, quem está armado, como sair dali.”

Esse aspecto estratégico do personagem tornou o trabalho especialmente divertido. “É fascinante interpretar alguém com a mente de um agente secreto no Velho Oeste.”

A trilha sonora pessoal de Billy

Quando perguntado sobre qual música moderna representaria Billy the Kid, Tom tem uma resposta pronta. “Tenho algumas playlists que escuto para entrar no personagem. Tem country e western, claro, pra entrar no clima das pradarias. Mas o que mais se destaca são bandas punk como Fontaine’s DC e Idles.”

Segundo ele, esses sons têm um espírito rebelde que casa com a essência de Billy. “São bandas que falam contra o sistema, que lutam contra injustiças. Acho que isso combina muito com quem Billy é.”

Se pudesse levar algo do set...

Sem hesitar, Tom responde que levaria o cavalo. “Na verdade, meus dois cavalos, Spider e Steel. Mas se tivesse que escolher, ficaria com o Spider. Ele é grande, bonito, forte e ótimo de montar.”

Como desconectar de um personagem tão intenso

Sobre lidar com a carga emocional e moral de viver Billy, Tom admite que pode ser difícil deixar certos papéis no set. “Mas, no caso de Billy, é mais fácil porque é uma obra de época. Quando tiro o figurino, botas, chapéu, coldre, coloco uma calça de moletom e volto a ser eu.”

Ele reconhece que isso foi mais difícil na primeira temporada, mas já aprendeu a fazer essa transição com mais leveza. “O Billy ficou mais fácil de deixar no trabalho. Não posso dizer o mesmo de todos os personagens, mas com ele tem sido saudável.”

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