A artista pop que pode estar se inspirando em death metal, segundo Ian Astbury
Cantor do The Cult acredita que referências obscuras são muito atuais na arte: “estamos vivendo em Black Mirror, não voltará a ser como era”
Igor Miranda (@igormirandasite)
Antes de adotar o nome que todos conhecem, The Cult se chamava Death Cult — e tinha uma abordagem sonora diferente. Posteriormente notório por uma fusão entre elementos de hard rock e segmentos alternativos, o grupo liderado por Ian Astbury (voz) e Billy Duffy (guitarra) adotava uma pegada post-punk/gótica, por vezes orientada à ramificação darkwave.
Nos últimos tempos, Astbury e Duffy revisitaram o Death Cult, seja com shows especiais ou com até mesmo o lançamento de duas músicas inéditas sob a alcunha: “Flesh and Bone” e “C.O.T.A.” Em entrevista a Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil, o cantor definiu o antigo projeto como “mais relevante agora do que foi por décadas”.
“Senti que o Death Cult era mais relevante agora do que foi por décadas. Sei que esse sentimento é muito influente na cultura. Estamos neste momento darkwave.”
Ian citou até mesmo uma cantora pop que parece ter se influenciado pelo subgênero mais obscuro do post-punk: Lady Gaga. Na visão do veterano do rock, a nova fase da cantora estabelece até mesmo uma conexão estética com o death metal e ramificações escandinavas da música pesada.
“Até Lady Gaga fez um álbum [Mayhem] darkwave — ou ela diz que fez. Soa pop para mim, mas ela trabalha com produtores de rock e Gesaffelstein [Daft Punk, Charli XCX, Haim, The Weeknd etc], parece estar com roupas em um estilo muito vanguardista. O logotipo remete vagamente ao death/metal escandinavo.”

Para o frontman do The Cult, as referências adotadas por Gaga são “muito atuais”. E se explicam pelo momento que o mundo vivencia hoje.
“Isso é algo muito atual. Talvez as pessoas estejam sentindo a distopia. Sabemos o que está acontecendo no mundo. Estamos vivendo em Black Mirror [série de TV], não voltará a ser como era. Mas continuamos: e você reage a isso.”
The Cult não é diversão
Por isso, Ian Astbury antecipa: quem espera obter apenas entretenimento nos shows do The Cult — que passa pelo Brasil nos próximos dias — vai encontrar algo bem diferente. O cantor destacou o ambiente “muito aberto” encontrado nas apresentações de sua banda, devido ao público diverso, mas pontuou: “não estamos lá para entreter”.
“Isso nos provoca de uma forma muito emocional e é bem sério. Não acho que o que estamos fazendo agora seja divertido — talvez um pouco. […] Mas se eu quisesse ser alguém que entretém, teria tido uma carreira muito diferente. Nunca pensei nisso como uma carreira, um trabalho ou algo assim.”
A entrevista completa pode ser lida clicando aqui.
Shows no Brasil
The Cult realiza três shows no Brasil neste mês de fevereiro. Rio de Janeiro (22/02 – Vivo Rio), São Paulo (23/02 – Vibra) e Curitiba (25/02 – Live) recebem o quarteto formado por Astbury, Billy Duffy (guitarra), John Tempesta (bateria) e Charlie Jones (baixo). O Baroness, banda americana de sonoridade orientada ao sludge metal, estará na abertura. Ingressos podem ser adquiridos no site TheCult.us.
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