"ESTÁVAMOS SUFOCANDO"

A banda de metal cujo show quase matou Rick Rubin

Produtor ficou impressionado com a apresentação ao vivo e depois trabalhou em um dos maiores clássicos desse grupo californiano

Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb)

Rick Rubin em 2024
Rick Rubin em 2024 - Foto: Tristar Media / Getty Images

A parceria de sucesso entre Rick Rubin e Slayer já começou em um patamar altíssimo e resultou em um dos maiores clássicos da música extrema. Trata-se de Reign in Blood (1986), a epítome do thrash metal.

Lançado pela Def Jam, gravadora fundada por Rubin em parceria com Russell Simmons, o álbum levou o gênero às últimas consequências. Virou sinônimo de peso, agressividade e urgência, tudo registrado em 10 músicas e meros 28 minutos de duração.

A fúria do Slayer, no entanto, vinha das apresentações ao vivo, segundo Rubin, e sua tarefa foi capturá-la em estúdio. O produtor contou à Revolver que descobriu e viveu isso na própria pele quando se viu em perigo em um show da banda no L’Amour, no Brooklyn, em meados da década de 1980.

Ele disse:

“Eu estava em pé atrás da mesa de som e da plateia, encostado numa parede ao fundo, em direção à sacada. A banda começou a tocar a música de abertura e a plateia ficou tão agitada, se jogando para todos os lados, que a grande e pesada mesa de mixagem dos anos 1970 foi empurrada para frente e para trás. O técnico de som e eu ficamos presos contra a parede do fundo, com os botões da mesa pressionados contra os nossos rostos. Estávamos presos e sufocando. Felizmente, sobrevivemos para encontrar muitos, muitos outros eventos atípicos como esse em shows do Slayer.”
Tom Araya e Kerry King, do Slayer, em 2018
Tom Araya e Kerry King, do Slayer, em 2018 – Foto: Scott Legato / Getty Images

 

Rubin citou também um outro show do Slayer, desta vez no The Ritz, em Nova York, para tentar exemplificar a energia avassaladora que a banda tinha na época de transição dos primeiros anos para sua fase áurea. Ele relembrou:

“Eu não conseguia acreditar que uma banda tão jovem e novata fosse tão confiante. O teatro tinha capacidade para cerca de 2,5 mil pessoas — era onde se apresentavam os maiores artistas que ainda não tinham chegado às arenas ou não conseguiam mais lotá-las. O Slayer foi impecável. Eles dominaram o salão, o show e o público. Foi de tirar o fôlego.”

Rick Rubin e Slayer

Além de Reign in Blood, Rubin também produziu outros oito discos do Slayer, com destaque para South of Heaven (1988), Seasons in the Abyss (1990) e Divine Intervention (1994), além do álbum de covers Undisputed Attitude (1996), no qual a banda explicitou as referências de sua sonoridade selvagem e implacável.

Em entrevista ao podcast Lipps Service (via site Igor Miranda), o guitarrista Kerry King disse que, com o tempo, ficou mais difícil de trabalhar com Rick. Ele relembrou:

“No começo, Rick era legal, porque ele estava bem inserido na coisa. E então, a cada disco, ele ficava mais e mais desligado. Ele tinha pessoas abaixo dele, como seu amigo número um na gravadora… Rick só vinha e dizia algo – e eu e Jeff (Hanneman, guitarrista falecido em 2013) somos uns teimosos desgraçados. Então, ele vinha e sugeria algo, e nós dizíamos ‘não’ veementemente. Aí ele falava: ‘sim, a carreira é de vocês’. E só foi ficando pior. Na época em que Seasons in the Abyss saiu, ele era como um fantasma.”

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