A cantora mais talentosa na música pop atualmente, segundo Gene Simmons
Artista citada pelo vocalista e baixista do Kiss é fã de sua banda; segundo ele, méritos se concentram não apenas em técnicas ou habilidades
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 15/02/2025, às 09h30
Ao longo das décadas, o segmento convencionalmente chamado de “música pop” reuniu cantoras elogiadíssimas. Mesmo no momento atual, há artistas de enorme força vocal. E na opinião de Gene Simmons, uma delas pode ser considerada a mais talentosa entre todas.
Em entrevista ao Greatest Music of All Time (via Blabbermouth), o vocalista e baixista do já encerrado Kiss atribuiu a Lady Gaga o título em questão. Na opinião do músico, a responsável por hits como “Bad Romance” e “Poker Face” se sobressai não apenas pelos atributos artísticos, como também por dar um significado mais profundo à sua obra.
“Acho que Lady Gaga é mais talentosa do que todas as outras [cantoras pop] porque suas músicas e seu estilo são: ‘I was born this way’ [‘Eu nasci assim’]. A música não é apenas ‘fofa’. E eu não quero dizer ‘fofo’ no sentido ruim, porque há algumas coisas maravilhosas no âmbito do ‘fofo’. Muito da Invasão Britânica [nos anos 1960] vem dessas ótimas músicas sem muito significado. Mas quando uma música está dizendo ‘você quer uma revolução’, a música é sobre algo.”

Na visão de Simmons, Gaga é a “personificação” de uma “tribo”, de um segmento de público que se identifica com ela. Isso dá poder à sua obra, naturalmente valiosa pelo fato de ela, nas palavras de Gene, “conseguir cantar e tocar de verdade”.
“Se você tem um corpo de trabalho que é sobre algo, você obtém o início do tribalismo. E se você é a personificação dessa tribo, agora você tem algo. A base de fãs de Gaga é sobre isso. E, claro, ela ampliou seu trabalho ao trabalhar com Tony Bennett e todas essas coisas. Ela é verdadeira. Ela tem talento musical, consegue cantar e tocar de verdade.”
Gene Simmons e a perda de espaço do rock
O assunto foi abordado em meio à discussão sobre o porquê de o rock ter perdido lugar no mainstream para o pop e o hip hop. Para Gene Simmons, os artistas dos gêneros que estão em alta no momento conseguiram construir uma “cultura” em torno de seus trabalhos — o que ajuda a construir uma base de reais apoiadores, indo além do fã casual.
“Rap é cultura, não apenas música. Na verdade, é mais cultura, geralmente cultura racial, porque fala sobre ‘nós’ — ‘nós contra eles’ ou ‘o mundo contra nós’. E quando a cultura entra nisso, é como um time de futebol: não é tanto um esporte quanto se trata de hastear as ‘cores do meu time’. As pessoas estão dispostas a bater em alguém que torce pelo outro time. Está a seu favor se você tem uma base de fãs que se sente conectada e tem uma bandeira, como no futebol. É como tribalismo.”
Nem sempre a mensagem precisa ser agressiva, de acordo com Simmons. O músico do Kiss aponta que Taylor Swift desenvolveu uma “cultura” em torno de seu trabalho mesmo com canções de temáticas mais triviais.
‘É uma identidade. ‘Swiftie’ [movimento formado por fãs de Taylor Swift] é uma cultura. Não são apenas fãs. Ela representa algo. Quando você pensa sobre isso, vai além da música e das letras — ‘Esse cara partiu meu coração’ — e assim por diante. Acima disso está ela como o Jesus do movimento, se é que você me entende. O que é o cristianismo como movimento, religião, sem Jesus, certo? Você precisa desses líderes, desses apóstolos no topo para encapsular o que a cultura e essa coisa são.”
Lady Gaga e Kiss
Sabe-se que Lady Gaga é grande fã de rock e heavy metal — e o Kiss está entre as bandas que admira. Em entrevista de 2011 à Rolling Stone EUA (via site Igor Miranda), a cantora se inspirou no grupo ao compor Born this Way, um de seus álbuns mais famosos. Mais especificamente, em um cover: “Then She Kissed Me”, releitura de “The He Kissed Me” (The Crystals) lançada em 1977.
Na ocasião, sobre o grupo mascarado, ela disse:
“O que é tão mágico sobre uma banda como Kiss ou alguém como Elton John é o sentimento de estar vendo algo de outro mundo. Quando conheci o Kiss, eles poderiam ter flutuado no chão e isso não me surpreenderia. Em um show, Paul Stanley voa pela arena e é estranhamente normal. É tipo, ‘Mas é claro’. Eu quero fazer isso. Mas não quero que seja em um momento de palco, preciso recriá-lo em uma situação cotidiana. Eu preciso estar no supermercado e voar. Isso precisa acontecer! Eu sou fanática por teatro.”
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