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Música / sucesso

A resenha sobre o Led Zeppelin que praticamente previu o futuro da banda

Jornalista antecipou como a imprensa musical deixaria de criticar o grupo após o quarteto conquistar os Estados Unidos, onde se tornaram a terceira banda mais vendida da história

Por Igor Miranda (@igormirandasite)
por Por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 12/10/2024, às 08h00

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Jimmy Page, do Led Zeppelin, em 1975 (Foto: Chris Walter/WireImage)
Jimmy Page, do Led Zeppelin, em 1975 (Foto: Chris Walter/WireImage)

Apesar de reconhecido atualmente como um dos grupos de rock mais importantes da história, o Led Zeppelin não tinha o carinho da imprensa musical quando começou. A banda era muito criticada em vários veículos diferentes, mas uma resenha positiva em particular apontou como tudo isso logo mudaria e o futuro do gênero seria moldado por eles.

A revista OZ era uma publicação contracultural criada pelo britânico Felix Dennis, um dos poucos defensores públicos do grupo no final dos anos 60. Não apenas era normal criticar a banda surgida das cinzas dos Yardbirds, era moda fazer isso. Mesmo assim, o criador em pessoa escreveu uma resenha do álbum de estreia homônimo do Led Zeppelin na edição de março de 1969 e não mediu elogios ao trabalho.

+++LEIA MAIS: O grande mérito do Led Zeppelin, segundo Jimmy Page

Dennis escreveu o seguinte sobre o disco Led Zeppelin (via Far Out Magazine):

De vez em quando sai  um LP que resiste à descrição ou classificação imediata e fácil. Isso por ser claramente uma mudança de paradigma no rock que apenas o tempo é capaz de providenciar uma perspectiva adequada no futuro. (Bringing It All Back Home (1965) de Bob Dylan, Younger Than Yesterday (1967)  do The Byrds, Disraeli Gears (1967) do Cream, Are You Experienced? (1967) de Jimi Hendrix e Sgt. Pepper (1967)). Esse álbum do Led Zeppelin é assim.”

Entretanto, a parte mais importante do texto é a previsão feita por Felix Dennis acerca do destino do grupo. Enquanto a maior parte da imprensa inglesa ainda os tratava como piada, ele via sucesso no horizonte, junto de uma mudança de tom por parte da mesma mídia que os criticava. Perto do final do texto, o autor escreveu:

É claro que, como consequência desse álbum nós perderemos o grupo para os Estados Unidos e certamente dentro de um mês a seção de cartas da Melody Maker terá como manchete – ‘Será Page MELHOR que Deus?!!’ – e a BBC vai começar negociações quanto a um longa-metragem… mas tem algo a mais nisso. Existe uma expressão que ninguém mais usa (ao menos desde que paramos de fazer besteiras com o cabelo, devolvemos os colares de nossas avós, nos livramos dos kaftans e incenso). Essa expressão resume precisamente o álbum de estreia do Led Zeppelin. Lembram-se de boas vibrações?”

+++LEIA MAIS: A história por trás da música “Immigrant Song”, do Led Zeppelin

A mudança de tom da imprensa

O Led Zeppelin se tornou rapidamente uma das bandas mais populares do planeta após o lançamento de seu álbum de estreia, com turnês pela Europa e Estados Unidos solidificando sua reputação ao vivo. Entretanto, apesar do sucesso estrondoso de público, eles ainda eram bastante criticados.

A mudança de tom por parte da imprensa só ocorreu por completo a partir do álbum conhecido como IV (1971), que contém a canção mais conhecida deles, “Stairway to Heaven”. O sucesso do Led Zeppelin a partir desse ponto era inegável, mas a previsão de Felix Dennis se provou particularmente incisiva quanto à relação da banda com os EUA.

Até hoje, o grupo vendeu mais de 200 milhões de cópias pelo mundo todo, com mais da metade desse total vindo do mercado americano. Em termos de unidades nos Estados Unidos, eles são a terceira banda mais bem-sucedida da história, atrás apenas dos Beatles e do Eagles. IV também ocupa a quinta colocação na lista de álbuns com mais populares no país, tendo recebido 24 discos de platina.

Isso não quer dizer que o Reino Unido não ligava para eles. Os oito primeiros álbuns do Led Zeppelin atingiram o topo das paradas inglesas, mas a esse ponto o sucesso deles do outro lado do Atlântico fazia qualquer outra coisa minúscula em comparação.

Colaborou: Pedro Hollanda.