Catto lança o álbum mais íntimo da carreira: ‘Absolutamente verdadeiro’
Caminhos Selvagens estreia nesta quinta-feira, 15, e traz rock dramático que confirma a força da artista enquanto cantora e produtora
Rodrigo Tammaro
Publicado em 14/05/2025, às 18h50
“Nada do que fiz, por mais feliz, está à altura do que há por fazer”. O verso é de Gal Costa na música “Sem medo nem esperança”, mas traduz com precisão a nova etapa da carreira de Catto.
Não só porque a cantora nascida em Lajeado (RS) acabou de encerrar a turnê de Belezas São Coisas Acesas Por Dentro (2023), que celebra a obra da baiana, mas também porque lança Caminhos Selvagens, um disco que inaugura uma fase mais íntima, cinematográfica e profundamente emocional. O quinto álbum de estúdio ainda marca os 15 anos de carreira e chega nesta quinta-feira, 15.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Catto falou sobre a preparação de Caminhos Selvagens, os aprendizados enquanto artista e o desejo de se divertir com o novo trabalho.
A versão mais íntima de si
Em Caminhos Selvagens, a cantora abraça a intimidade. Das primeiras demos gravadas no celular ao som orquestrado da versão final, a obra foi atravessada por perdas, transformações, uma separação e o impacto da pandemia de Covid-19 — experiências que ressoam nas canções com lirismo e profundidade.
“É o disco mais íntimo que eu poderia fazer na minha vida. Sempre fui muito atraída por esse tipo de abordagem poética porque fui salva por artistas que entregaram sua intimidade na sua obra, então sempre tive muita vontade de fazer isso. Mas acho que eu tinha muitas questões comigo mesma antes de poder abrir o jogo do jeito que abri. Me senti pronta para isso mais velha e estou o muito feliz de ter feito um trabalho tão absolutamente verdadeiro”, comenta.
As pessoas me agradeciam muito na pandemia por eu fazer lives semanais. E falavam muitas vezes que aquele projeto salvou a vida delas. Mas a verdade é que a vida salva foi a minha por causa delas.”
Caminhos Selvagens tem oito faixas e produção assinada por Catto ao lado de Fabio Pinczowski e Jojo Inácio, parceiros de longa data. O resultado é um disco de rock dramático e inovador, que destaca seu potencial como cantora, compositora e produtora.
“Eu Não Aprendi a Perdoar” abre o disco com um cenário emocional desolador. Em seguida, "Eu Te Amo" nos transporta para uma noite à deriva na estrada, marcada por um amor incerto e visceral — o single acompanha um clipe já disponível e dirigido por Juliana Robin.
“Solidão É Uma Festa” traz guitarras dolorosas e confissões cruas enquanto transforma a vulnerabilidade em hino. “Para Yuri Todos Os Meus Beijos” fecha a primeira parte do disco com uma declaração de amor nada convencional, direta e sem pudores.
A transição vem com a faixa-título, um poema-manifesto sobre dor e transformação. Depois, o clima muda com “Madrigal”, canção densa e sensual que celebra o prazer como libertação. A ode à leveza emocional “1001 Noites Is Over” traz o mantra de “querer arrasar e ser feliz”. Por fim, “Leite Derramado” encerra o álbum com um epitáfio romântico entre ruínas, ironia e despedida.
Antes da estreia oficial, a artista foi a primeira a participar de uma Rolling Stone Sessions especial com audição e pocket show no Blue Note São Paulo na segunda-feira, 12. "Sinto uma onda de muito afeto vindo na minha direção. E esse afeto dá segurança para continuar fazendo o meu trabalho."
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Amadurecimento
Além da intimidade, Caminhos Selvagens traz Catto em uma versão mais madura e confiante. Ao longo dos 15 anos de carreira e prestes a lançar o quinto álbum autoral, a artista aprendeu a valorizar as próprias origens: uma garota punk na Zona Norte de Porto Alegre que colava cartazes e nunca pôde ser impedida de realizar os seus desejos.
A cantora se emocionou ao refletir sobre a própria trajetória. Perguntada sobre um conselho que daria a si mesma no início da carreira, respondeu que falaria sobre a importância da força de vontade para vencer os desafios.
Se eu estou aqui, foi porque eu desobedeci todo mundo que tentou me enquadrar, e isso é uma coisa que me dá muito orgulho.”
Com outro olhar, Catto também passou a encarar o próprio papel enquanto artista de uma forma diferente. Se antes ela se colocava em um pedestal e buscava incessantemente "ser alguma coisa", hoje ela se reconhece como uma referência, mas sem que isso seja uma preocupação. "O que me interessa é estar junto das pessoas, pisar na mesma boate que elas, estar na rua com elas."

Com Caminhos Selvagens, Catto também mira no prazer. A turnê de Belezas São Coisas Acesas Por Dentro terminou recentemente, mas a artista está pronta para voltar para a estrada com a promessa de uma performance tão teatral e cinematográfica quanto o álbum.
Eu sofri para fazer esse disco, fui até o fundo do poço. Agora quero me divertir de novo. A arte tem momentos obscuros que são viscerais e dolorosos, mas necessários à vida humana. Mas a arte também passa por um lugar de absoluta diversão, tesão mesmo de fazer as coisas. Então, estou louca para botar as minhas garrinhas nesse projeto novo. A gente vai viajar para c*ralho com isso."
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