MÚSICA URBANA

Como o transporte público foi essencial para existência dos Beatles, segundo Paul McCartney

Músico reflete sobre como o avanço na mobilidade em Liverpool se mostrou preponderante para a revolução cultural na década de 1960

Igor Miranda (@igormirandasite)

Paul McCartney, dos Beatles
Paul McCartney, dos Beatles - Foto: Fiona Adams / Redferns

O surgimento e a ascensão dos Beatles coincidem com uma revolução cultural verificada na Inglaterra dos anos 1960. Tal situação não passa despercebida por Paul McCartney.

A banda foi uma espécie de símbolo da modernização de cidades como Liverpool e Londres. Isso se refletiu no desenvolvimento de uma música tipicamente urbana.

Para tanto, alguns fatores foram primordiais, dentre eles o acesso a transporte público rápido e de qualidade. McCartney, baixista e principal compositor do grupo ao lado de John Lennon, refletiu a respeito em entrevista ao NME.

Beatles em 1966
Beatles em 1966 – Foto: Chris Walter / Getty Images

 

De acordo com Macca, o avanço em áreas como educação e mobilidade teve papel decisivo na formação dos Beatles. Tais melhoras inclusive possibilitavam o encontro de jovens artistas com ideias e anseios semelhantes:

“Era um sistema (de transporte) incrível. Eu não sabia que éramos a primeira geração a se beneficiar disso. Além disso, havia uma lei educacional que permitia que crianças como eu, de famílias menos abastadas, pudessem frequentar escolas muito elegantes. Isso deu a todos na Grã-Bretanha a oportunidade de ter mais mobilidade e melhor educação – e isso foi um grande fator na revolução cultural.”

Beatles em época marcada por atrasos

Em contraponto, Paul lamenta que os Beatles também tenham vivenciado o contraste em outros países. Segune ele, a banda ainda pegou uma época marcada por atraso, em especial nos Estados Unidos, em estados que promoviam a segregação entre brancos e negros.

“Quando fomos para os Estados Unidos, houve uma época em que íamos tocar em Jacksonville ou em algum lugar… o promotor dizia: ‘Ok, preparem-se porque amanhã à noite, quando vocês forem tocar, os negros vão sentar ali e os brancos vão sentar ali’. Nós dissemos: ‘Como é?’. Ele disse: ‘É, é assim que fazemos aqui.’ Então, nós dissemos: ‘Ah, não, não, não, não! Vocês não podem fazer isso’.”

Contra a segregação racial

Em post nas redes no ano de 2020, Paul McCartney relembrou como os Beatles enfrentaram o racismo nos Estados Unidos. Segundo ele, o Fab Four tinham um show programado na cidade de Jacksonville, em 1964. Quando os músicos chegaram no local, descobriram que a apresentação seria feita para um público segregado — ou seja, separado pela cor da pele.

Ele escreveu:

“Pareceu errado. Nós falamos: ‘Não vamos fazer isso”. E o show que fizemos foi o primeiro deles para uma plateia não segregada.”

Em seguida, Macca afirmou que, a partir daquele momento, os Beatles fizeram questão de colocar nos contratos que os shows do grupo não seriam feitos para um público segregado. Para eles, “pareceu como um senso comum”.

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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Começou em 2007 a escrever sobre música, com foco em rock e heavy metal. É colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022 e mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, revista Roadie Crew, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram e outras redes: @igormirandasite.
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