Brasileiro conta como foi trabalhar com Beyoncé em Cowboy Carter: 'Absolutamente inovador'
O engenheiro de som Daniel Pampuri trabalha com Beyoncé desde 2019, em projetos como The Lion King: The Gift, Homecoming e agora no Álbum do Ano do Grammy 2025
Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo)
Publicado em 06/02/2025, às 15h23
Cowboy Carter (2024), de Beyoncé, foi o grande vencedor da 67ª edição do Grammy, que aconteceu no último domingo, 2. O álbum levou a melhor nas categorias de Melhor Performance Country em Duo ou Grupo — por "II Most Wanted", colaboração da Queen B com Miley Cyrus — Melhor Álbum Country e Álbum do Ano.
No disco, Beyoncé reivindica a história do country como um gênero musical tradicionalmente preto e para ajudar a contar essa história, ela contou com um time para lá de qualificado. Entre os engenheiros de som temos três brasileiros, Daniel Pampuri ,Henrique Andrade e Matheuz Braz. Dani — como é conhecido — conversou com a Rolling Stone Brasil sobre como foi trabalhar no projeto. Confira:
Rolling Stone Brasil: Há quanto tempo está no mercado da música?
Dani Pampuri: Mais ou menos desde 2002.
RS: Como começou a trabalhar com Beyoncé?
Dani: Trabalhei com artistas próximos a ela, o que colaborou para começar a participar de trabalhos, mais ou menos na época de Homecoming.
RS: Essa parceria com ela vem se repetindo ao longo dos últimos seis anos. O que você mais gosta no trabalho com a Queen B?
Dani: Interagir, aprender e contribuir com produtores, músicos e compositores incríveis, e me faz sentir parte de algo especial. Poder contribuir com músicos de outros país e absorver a cultura de cada um, assim como também oferecer a minha, é o que tem de mais especial pra mim.
RS: Como foi o processo de produção de Cowboy Carter?
Dani: Posso falar pela minha parte, da engenharia de som. Um trabalho em estúdio pra fazer um disco é sempre intenso, requer toda atenção e um trabalho minucioso em todas as funções, das mais técnicas até as artísticas, trabalhando juntamente com produtores, músicos, artistas e outros engenheiros. Viajei bastante também, gravando os artistas convidados, como Post Malone, Gary Clark Jr. e Linda Martell. Como engenheiro de som, acompanho desde a composição das músicas, até a mixagem do álbum.
RS: O que esse álbum tem de mais especial na sua opinião?
Dani: Eu acho que culturalmente o disco é absolutamente inovador, dado o contexto dos Estados Unidos, especialmente no momento atual. Cowboy Carter quebrou barreiras de gênero musical nunca antes transpostas por nenhum artista.
RS: E como é para você ter trabalhado em uma obra dessa magnitude?
Dani: Ver o resultado do trabalho tomar proporções tão grandes, em termos de visibilidade e relevância cultural, é muito gratificante pra um engenheiro de som. Cresço e aprendo a cada vez que tenho a chance de fazer parte de algo no universo dela, sou eternamente grato a todo o time e especialmente aos meus "irmãos" brasileiros, que fizeram parte desse disco também, o Matheus Braz e Henrique Andrade.
RS: Pode nos contar um pouco mais sobre sua carreira e outros projetos dos quais participou?
Participei de diversos trabalhos no Brasil e EUA, recentemente gravei e mixei artistas como Marina Sena, Baco Exu do Blues, Nabiyah Be, Jean Dawson e etc.
Comecei nesta vida musical faz certo tempo, tocando bateria já com 10 anos, tive e participei de bandas, inclusive em L.A. Aos 16, tentava gravar músicas que fazia com o meu irmão, Filipe Pampuri. Comecei a produzir bandas de rock e, a partir daí, fui crescendo e modulando estúdios, até chegar no último, o EstúdioC4, que existiu entre 2002 e 2009, e foi relevante na cena de São Paulo na época pra muitos artistas.
Nessa caminhada de ter estúdios, gravar, tocar e produzir bandas, cheguei até o NRG RecordingStudios, um dos estúdios mais prestigiados de Los Angeles. Viemos pra cá em 2009, pra mixar um trabalho e deu tão certo que o estúdio continua sendo a minha base de trabalho aqui até hoje. Além do meu próprio estúdio, que fundei com meu irmão, o The Hive. Também sou cofundador da Beetronics, junto com meu irmão Filipe, marca de pedais de efeito.
RS: E pode nos dar algum spoiler de projetos futuros?
Daí só posso falar sobre o meu trabalho (risos). Estou ansioso pro disco novo do Rael, que mixei juntamente com meu parceiro Marcelinho Ferraz. Sai em breve e está incrível. Além disso, vou passar uma temporada no Brasil fazendo diversos trabalhos com artistas que eu admiro, então está vindo muitos projetos legais em breve, mas não posso dar detalhes de nada no momento.
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