Ebony lança terceiro álbum da carreira de surpresa: 'Sobre a vida que eu tive'
KM2 já está disponível nas plataformas digitais e traz a artista em uma nova etapa da carreira, pessoal, introspectiva e corajosa
Redação
Publicado em 13/05/2025, às 18h54 - Atualizado em 20/05/2025, às 16h02
Quase dois anos após o último álbum solo, a rapper e compositora Ebony está de volta e inaugura uma fase mais pessoal, introspectiva e corajosa com o disco KM2. O trabalho faz referência à cidade natal da artista, Queimados, na Baixada Fluminense, que ela e seus amigos costumavam chamar de “K-M-Dois”.
No projeto, Ebony mergulha fundo em temas como identidade, vivências periféricas, dores e superpoderes construídos a partir da complexidade de ser uma jovem mulher negra em um mundo que insiste em enquadrar e categorizar tudo e todos em caixas.
Esse álbum vem da minha vontade de parar de me esconder. Não é um disco feliz. Mas também não é triste. É um chocolate meio amargo”, explica.
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Segundo ela, o desejo surgiu após perceber que vinha sendo constantemente reduzida à persona hiper sexual que elaborou durante o processo criativo de Terapia, seu trabalho anterior. Em KM2, o que ela apresenta é uma busca por mostrar – não apenas falar – a verdade.
Com participações de Black Alien e Larinhx, o disco percorre uma narrativa sonora e emocional sobre a juventude na periferia, a cacofonia das ruas, as projeções externas sobre corpos negros e as perguntas que a juventude da Baixada se faz diariamente. "Esse álbum é sobre a vida que tive, a vida que eu tenho e a vida que eu busco", resume a artista.
O processo de criação foi, em grande parte, solitário. Todas as letras são assinadas por Ebony, que também é compositora de outros artistas. "Nesse projeto, em especial, tinha que ser eu. Estava escrevendo e, ao mesmo tempo, me descobrindo. Isso me fez quase excluir músicas que julgava pesadas demais. Mas entendi que era sobre mim, sobre minha história."
A faixa “Extraordinária”, feita em parceria com a cantora Kesia, é um dos pontos altos de KM2 e representa bem essa conexão com suas origens. Inspirada em vivências na igreja pentecostal, onde Ebony começou a cantar, a música traz influências daquela época e reforça a dimensão do projeto. O disco também traz registros reais de sons captados em Queimados ao longo dos anos pela produtora Lara, o que cria um ambiente sonoro vivo, quase documental.
Musicalmente, KM2 é um caleidoscópio: mistura rap com drum and bass, trance, gospel, funk, indie e MPB. A proposta é refletir, nas batidas, a confusão do cotidiano e o glamour dos espaços de luxo que nem sempre foram acessíveis.
"O som desse álbum é diferente de tudo que eu já ouvi. E isso me mostra o quão especial ele é. Não tenho pretensão de agradar ninguém. Esse álbum é para mim."
Ao longo das faixas, Ebony transforma em poesia temas como traumas, abuso sexual, feminilidade, autonomia, família e sonhos. Com uma escrita afiada e potente, ela se propõe a reiterar perguntas que, por mais incômodas ou repetidas que sejam, precisam continuar sendo feitas para que novas respostas possam surgir.
Espero que quem ouça ‘KM2’ se sinta confuso e acolhido. A confusão também é um sentimento importante. A gente sempre busca estar feliz ou triste, mas e tudo que existe no meio?", indaga a artista.
KM2 é, acima de tudo, um reencontro. Uma dedicatória à Milena de Queimados, a menina que se tornaria Ebony, e que hoje se reconhece como extraordinária. Ouça KM2 a seguir: