Elton John detona governo do Reino Unido por plano de IA burlar direitos autorais
'É criminoso e me sinto incrivelmente traído', disse sobre proposta que permite empresas de tecnologia usarem furarem direitos autorais para treinar sistemas
Emily Zemler
Publicado em 19/05/2025, às 10h52
Elton John se pronunciou contra planos do governo do Reino Unido de permitir que empresas de tecnologia e Inteligência Artificial (IA) utilizem obras protegidas por direitos autorais sem autorização. Em entrevista ao programa Sunday with Laura Kuenssberg, da BBC One, no último fim de semana, o músico afirmou que a estratégia “vai roubar dos jovens seu legado e sua fonte de renda”. As informações são da Rolling Stone.
“É um crime, na minha opinião”, disse Elton. “O governo está sendo totalmente patético, e estou muito irritado com isso.” Ele ainda chamou Peter Kyle, secretário de tecnologia, de “meio imbecil” e afirmou que levaria os ministros à Justiça caso o governo não mude de postura: “Vamos lutar até o fim”. O cantor também declarou que o primeiro-ministro Keir Starmer precisa “acordar para a realidade”.
Starmer propôs flexibilizar as leis de direitos autorais para permitir que desenvolvedores de inteligência artificial treinem seus modelos com qualquer material ao qual tenham acesso legal. A proposta exigiria que os criadores optassem ativamente por não participar, caso desejassem impedir o uso de suas obras. Recentemente, o governo rejeitou propostas da Câmara dos Lordes que obrigariam empresas de IA a divulgar quais materiais criativos utilizaram em seus sistemas.
"O perigo é para os jovens artistas, que não têm recursos para ficar monitorando ou enfrentando as gigantes da tecnologia", acrescentou Elton. "É criminoso e me sinto profundamente traído".
No início do mês, Elton John foi um dos mais de 400 artistas que assinaram uma carta pedindo a Starmer a atualização das leis de direitos autorais diante do avanço da tecnologia de IA. O documento também foi assinado por nomes como Paul McCartney, Dua Lipa, Coldplay, Ed Sheeran e Florence Welch. “Nós, junto com outros 400 criadores, assinamos e enviamos essa carta ao primeiro-ministro, pedindo apoio do governo a propostas que protejam os direitos autorais na era da IA”, escreveu Elton nas redes sociais.
A carta afirmava: “O direito autoral criativo é a base vital das indústrias criativas. Ele reconhece a autoridade moral que temos sobre nosso trabalho e garante uma fonte de renda para 2,4 milhões de pessoas nas quatro nações do Reino Unido. A luta em defesa de nossas indústrias criativas conta com o apoio de dezenas de empresas britânicas, incluindo aquelas que usam e desenvolvem IA. Não somos contra o progresso ou a inovação. As indústrias criativas sempre adotaram novas tecnologias com rapidez. Na verdade, muitas das maiores invenções do mundo — da lâmpada elétrica à própria IA — são resultado de mentes criativas britânicas lidando com a tecnologia.”
Paul McCartney também se manifestou em uma entrevista à BBC no início deste ano. “Nós somos o povo, vocês são o governo. Vocês deveriam nos proteger. Esse é o trabalho de vocês”, disse McCartney. “Então, se estão elaborando uma lei, certifiquem-se de proteger os pensadores criativos, os artistas. Caso contrário, eles deixarão de existir. Se existe algo como um governo, a responsabilidade dele — eu diria — é proteger os jovens e promover tudo isso para que funcione. Para que essas pessoas tenham empregos e possam tornar o mundo melhor com sua arte.”
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