O álbum mais “disfuncional” do Fleetwood Mac, segundo Lindsey Buckingham
Trabalho em questão foi muito além das separações de Rumours (1977) ao ter gravações marcadas por outro tipo de problema
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 04/02/2025, às 08h00
A história do Fleetwood Mac é marcada pela tensão interpessoal. Após inúmeras mudanças, a formação se estabeleceu no meio dos anos 1970 e o maior clássico, Rumours (1977), se deu entre separações dos dois casais que também eram integrantes da banda.
Curiosamente, outro álbum deles permanece intocável em termos de disfunção. Ao menos na opinião de Lindsey Buckingham.
Em entrevista de 2021 à Vulture (via Far Out Magazine), o guitarrista e vocalista elegeu Tango in the Night (1987) como o pior processo no qual esteve envolvido enquanto parte do grupo. Ele relembrou:
Chegar ao final de Tango in the Night foi meio que um triunfo. A gente conseguiu! Porque aquele álbum demorou por volta de um ano pra gravar. Durante aquele período, juro por Deus, a gente provavelmente viu Stevie [Nicks, cantora] apenas por algumas semanas. Três no máximo.”
O álbum foi gravado entre novembro de 1985 e março de 1987. Durante essa época, Nicks estava em um período complicado. A cantora chegou a se internar na reabilitação em outubro de 1986 para tratar seu vício em cocaína.
De sua parte, a vocalista cita outro elemento que a desmotivou de participar tanto das gravações. Tango in the Night foi produzido no estúdio caseiro de Lindsey Buckingham, que era seu ex-namorado. Ambos continuaram trabalhando juntos mesmo após o rompimento, ainda nos anos 1970, mas sabe-se que a relação nunca foi das melhores.
Em entrevista de 2017 ao Miami Herald, a cantora falou sobre a experiência:
Lembro de ir até lá e não me sentir bem nem de estar no lugar… acho que não fui com muita frequência. E quando ia, ficava tipo: ‘me deem uma dose de conhaque e me deixem cantar quatro ou cinco canções que me vierem à cabeça’.”
Não era apenas ela que estava com problemas de vícios no Fleetwood Mac. De acordo com Buckingham isso também se manifestou no período com Mick Fleetwood, baterista, e Christine McVie, tecladista e vocalista. Nicks e a dupla citada estavam perto de atingir o fundo do poço na época.

Lindsey Buckingham deixa o Fleetwood Mac
Tango in the Night fez muito sucesso — é o segundo álbum mais vendido da carreira do Fleetwood Mac, atrás apenas de Rumours —, mas Lindsey Buckingham não quis saber. O vocalista e guitarrista deixou a banda em agosto de 1987, quatro meses após o disco chegar a público.
A razão foi simples. O músico afirma que a experiência das gravações foi tão disfuncional que chegou à conclusão: a turnê seria ainda pior.
Eu não queria viver aquilo de novo na estrada. Eu percebi que eles precisavam de… se houvesse um momento no qual fossem se reunir, eles precisariam resolver algumas de suas coisas no meio tempo — o que felizmente fizeram.”
O guitarrista só voltou a se apresentar com o Fleetwood Mac novamente em 1993, quando a canção “Don’t Stop” — presente de Rumourse cantada por Lindsey — se tornou tema da campanha presidencial de Bill Clinton. O grupo se separou em 1995 após o fracasso comercial do álbum Time, do qual o músico só participou com backing vocals. Dave Mason era o guitarrista. Stevie Nicks também não colabora com esse disco, sendo substituída por Bekka Bramlett.
A formação mais famosa do Fleetwood Mac — Stevie, Lindsey, Mick Fleetwood, Christine McVie e o baixista John McVie — se reuniu novamente em 1997, com o álbum ao vivo The Dance. O grupo também lançou um trabalho de estúdio, Say You Will, em 2003. Lindsey Buckingham foi oficialmente demitido da banda em 2018, após um ultimato de Stevie Nicks. Com a morte de McVie, em 2022, o grupo é dado como encerrado.
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Colaborou: Pedro Hollanda.