TRIBUNAL

P. Diddy recusa acordo para se declarar culpado em caso de tráfico sexual

Durante uma audiência nesta sexta-feira, o juiz também decidiu que um vídeo que mostra Diddy agredindo a ex-namorada poderá ser exibido ao juri

Por Jon Blistein, da Rolling Stone

Publicado em 25/04/2025, às 19h21
Sean "Diddy" Combs (Foto: Shareif Ziyadat/Getty Images)
Sean "Diddy" Combs (Foto: Shareif Ziyadat/Getty Images)

Autoridades dos Estados Unidos confirmaram que Sean "Diddy" Combs rejeitou um acordo de confissão de culpa em uma audiência nesta sexta-feira, 25. A proposta foi oferecida apenas algumas semanas antes do início do julgamento do magnata do hip-hop, acusado de tráfico sexual.

O acordo, há muito especulado, foi mencionado perto do final da audiência, após a discussão de uma série de outros assuntos envolvendo Diddy. Os promotores pediram ao juiz Arun Subramanian se ele poderia incluir uma declaração formal do artista, ou seja, se poderia perguntar a ele, no tribunal, se ele compreende que o acordo foi oferecido e rejeitado.

Subramanian disse que abordaria o assunto em uma audiência na próxima quinta-feira, 1º de maio. Os termos da oferta que Diddy rejeitou são desconhecidos, e não está claro se eles serão revelados. Um advogado de Combs não retornou imediatamente ao pedido de comentário da Rolling Stone.

É procedimento padrão para os promotores oferecerem acordos de confissão de culpa na maioria dos casos que supervisionam. Francisco Mundaca, ex-promotor estadual em Nova York e agora proprietário do Mundaca Law Firm, diz à Rolling Stone: "Isso acontece com frequência nesses tipos de casos. Com casos de abuso sexual, os promotores tentam proteger as supostas vítimas tanto quanto possível. Talvez a segurança delas esteja em questão ou você queira protegê-las de ter que reviver o que aconteceu. Uma vez que elas testemunham, todos os detalhes são divulgados. Então os promotores querem equilibrar a busca por justiça em nome das vítimas enquanto também as protegem. É uma linha tênue que eles têm que atravessar."

Além da revelação do acordo rejeitado, a audiência desta sexta-feira também viu o juiz Subramanian decidir que a filmagem de 2016 que mostra Combs aparentemente agredindo sua então namorada, Cassie Ventura, em um hotel em Los Angeles poderia ser exibida ao júri. A infame gravação foi publicada pela CNN em maio passado. Na época, o artista (que ainda não havia sido preso ou indiciado) até postou um curto vídeo de desculpas, no qual disse: "Eu assumo total responsabilidade pelas minhas ações naquele vídeo. Estou enojado. Fiquei enojado quando fiz isso, e estou agora."

Nas últimas semanas, no entanto, Combs e seus advogados lutaram arduamente para questionar o vídeo e impedir que o material pudesse ser usado como evidência. Apenas no mês passado, ele alegou que a CNN havia alterado a gravação de segurança e destruído a fita original. O rapper acusou a emissora de "cobrir informações de data e hora e depois mudar a sequência do vídeo", além de "acelerar a filmagem para fazer parecer falsamente que as acontecem mais rápido do que realmente estão."

A CNN emitiu uma declaração negando as alegações de Combs. Sobre a decisão referente ao vídeo, Mundaca afirma: "É uma grande vitória para a acusação e uma dura derrota para a defesa. Não consigo ver como qualquer membro do júri será capaz de assistir àquele vídeo e pensar favoravelmente sobre Sean Combs. Vai ser difícil assistir. Imagens são tão poderosas em um julgamento, são quase insubstituíveis."

O julgamento de P. Diddy está marcado para começar no dia 5 de maio. Ele se declarou inocente das acusações de tráfico sexual e organização criminosa e negou todas as outras alegações de má conduta feitas contra ele.

Artigo publicado em 25 de abril de 2025 na Rolling Stone. Para ler o original em inglês, clique aqui.

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