"DEMOCRATIZAÇÃO"

Por que inteligência artificial é o novo punk rock, segundo Rick Rubin

Produtor de bandas como Slayer, Red Hot Chili Peppers, Beastie Boys e Black Sabbath apresenta argumentos em prol da utilização de IA

Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb)

Rick Rubin em 2024
Rick Rubin em 2024 - Foto: Tristar Media / Getty Images

Rick Rubin, um dos produtores mais famosos da indústria musical, também decidiu oferecer seus 10 centavos sobre um dos assuntos em voga na atualidade: o uso da inteligência artificial na arte. E sua opinião é positiva.

Vários artistas condenam a presença da IA nesse segmento. Rubin, contudo, saiu em defesa da tecnologia e apresentou seu argumento durante participação no programa The Ben & Marc Show.

O produtor, conhecido por ter trabalhado com Slayer, Red Hot Chili Peppers, Beastie Boys e Black Sabbath, dentre outros, fez um paralelo entre IA e punk. Ele disse (via Neo Niche / TMDQA):

“É a mesma ideia da democratização de uma tecnologia. No passado, para fazer música, você tinha que ir ao conservatório e estudar por anos e anos, e aí algum dia você poderia tocar em uma sinfonia. E aí quando o punk rock surgiu, você podia talvez aprender três acordes em um dia. E aí surgiram todas essas bandas, e isso fez com que todo mundo pudesse participar. E foi assim que eu comecei na música, foi no punk.”

Rubin acrescenta:

“Se você tinha algo a dizer, você podia dizê-lo. Você não precisava de uma expertise ou de um conjunto de habilidades, além da sua ideia e da sua habilidade de transmiti-la. E ‘vibe coding’ é a mesma coisa, é o punk rock da programação.”

Vibe coding é um dos recursos usados em softwares de IA. Nele, o usuário se torna uma espécie de diretor de arte e a IA funciona como programador, acelerando processos.

Segundo Rubin, o acesso à inteligência artificial poderá facilitar a rotina de pessoas ligadas à música. Como resultado, permitiria que mais artistas lancem seus materiais sem ter uma gravadora por trás.

 
 
 
 
 
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Björn Ulvaeus (Abba) usa IA em musical

Outro entusiasta do uso de inteligência artificial na arte é Björn Ulvaeus. O cantor, compositor e produtor sueco, mais conhecido pelo trabalho com o Abba, disse estar usando recursos de inteligência artifical para criar um musical.

Björn Ulvaeus, do Abba, em 2025
Björn Ulvaeus, do Abba, em 2025 – Foto: Jeff Spicer/Getty Images for SXSW London

 

A informação foi compartilhada durante um painel na edição londrina do South by Southwest (via Variety). Pela primeira vez, o festival de cultura, tecnologia e inovação criado em Austin, no Texas (EUA), acontece na Europa.

Durante sua fala, Ulvaeus rasgou elogios à IA e exaltou as possibilidades que tem encontrado. O músico de 80 anos afirmou:

“No momento, estou escrevendo um musical, auxiliado por IA. É fantástico. É uma ferramenta excelente. É como ter outro compositor na sala com um enorme quadro de referências. É realmente uma extensão da sua mente. Você tem acesso a coisas nas quais não pensava antes.”

Ao comentar sobre sua experiência, o artista sueco ressaltou que nem todo resultado obtido com IA na música é perfeito. Entretanto, a ferramenta permite explorar novos caminhos e oferecer ideias até então não pensadas durante o processo de criação.

Ele comentou:

“Você pode começar com uma letra que escreveu sobre algo e talvez fique preso nela, mas queira que essa música tenha um determinado estilo. Você pode perguntar à IA: como você a expandiria? Para onde você iria a partir daqui? Geralmente, o resultado é ruim, mas às vezes há algo nele que lhe dá outra ideia.”

Outros artistas se opõem à inteligência artificial

Na contramão das posturas de Rick Rubin e Björn Ulvaeus, recentemente um grupo de mais de 400 artistas britânicos assinou uma carta pedindo que o primeiro-ministro Keir Starmer atualize as leis de direitos autorais diante das tecnologias de inteligência artificial no Reino Unido.

Segundo o apelo coletivo de nomes como Elton John, Dua Lipa, Coldplay, Florence Welch e outros, a IA representa uma ameaça aos artistas. Na visão deles, tal recurso precariza a indústria da música, do cinema e a remuneração para diversas categorias ligadas à arte.

Paul McCartney, que anteriormente já havia pressionado autoridades britânicas por proteções às leis de direitos autorais, também assinou a carta, juntamente com Kate Bush, Robbie Williams e centenas de outros músicos, atores, dramaturgos, diretores e artistas.

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TAGS: inteligência artificial, rick rubin