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Julgamento de Sean 'Diddy' Combs por tráfico sexual começa nesta segunda (5)

Rapper é acusado de liderar esquema de exploração sexual por mais de uma década com apoio de sua equipe e empresas

Aline Carlin Cordaro (@linecarlin)

Publicado em 05/05/2025, às 11h52
Sean Combs foi preso pela polícia de Nova York em dezembro de 1999 e acusado de porte ilegal de arma de fogo após um tiroteio em uma boate em Manhattan | Foto: GettyImages
Sean Combs foi preso pela polícia de Nova York em dezembro de 1999 e acusado de porte ilegal de arma de fogo após um tiroteio em uma boate em Manhattan | Foto: GettyImages

O julgamento de Sean “Diddy” Combs, de 55 anos, teve início nesta segunda-feira, 5 de maio, com a fase de seleção do júri no Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York. O artista e empresário responde por cinco acusações criminais, incluindo conspiração de extorsão, tráfico sexual e transporte para fins de prostituição, por crimes que teriam sido cometidos entre 2009 e 2024. A previsão é que o processo se estenda por pelo menos oito semanas, com as declarações iniciais agendadas para 12 de maio.

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NOVA YORK, NOVA YORK - 5 DE MAIO: Uma pessoa vestindo um moletom com a inscrição "Free Puff" chega para o início do julgamento de Sean "Diddy" Combs no Tribunal Federal de Manhattan, em 5 de maio de 2025, na cidade de Nova York. A seleção do júri começa no julgamento de Combs, que foi acusado de tráfico sexual, conspiração para extorsão e transporte para prostituição. Combs está preso desde sua prisão em setembro passado e se declarou inocente de todas as acusações. (Foto de Michael M. Santiago/Getty Images)

Combs se declarou inocente e rejeitou um acordo judicial. Caso seja condenado, pode pegar de 15 anos à prisão perpétua.

O processo de seleção envolve 150 candidatos e deve durar três dias. Serão escolhidos 12 jurados e seis suplentes. Os promotores e a equipe de defesa estão conduzindo perguntas específicas para entender a visão dos potenciais jurados sobre temas como estilo de vida sexual não convencional, o papel da riqueza em julgamentos e consumo de conteúdo sobre crimes.

Entre as questões do questionário, os jurados foram perguntados se já passaram por eventos traumáticos, se acreditam que pessoas ricas têm tratamento diferenciado da justiça e se conseguiriam ser imparciais diante de relatos sobre múltiplos parceiros sexuais e uso de drogas. A estratégia da defesa gira em torno da ideia de que os atos sexuais foram consensuais e faziam parte de um “estilo de vida alternativo”, que incluiria práticas conhecidas como swingers.

“Há um estilo de vida, chame de swing ou o que quiser, que ele acreditava ser apropriado porque é comum”, afirmou o advogado Marc Agnifilo em audiência pré-julgamento.
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NOVA YORK, NOVA YORK - 17 DE SETEMBRO: O advogado de Sean Combs, Marc Agnifilo, deixa o Tribunal Distrital dos EUA em 17 de setembro de 2024, na cidade de Nova York. O magnata da música Sean "Diddy" Combs foi preso em Manhattan em 16 de setembro em uma investigação de tráfico sexual após uma acusação federal. (Foto de John Lamparski/Getty Images)

De acordo com o Departamento de Justiça, Combs teria usado sua rede bilionária de empresas para montar uma organização criminosa voltada à exploração sexual. As alegações envolvem violência física, coerção, ameaças, tráfico sexual e abuso de funcionárias e ex-namoradas, além de manter o controle sobre empregados sob ameaça de demissão ou retaliações.

Entre os nomes esperados para depor está a cantora de R&B Casandra “Cassie” Ventura, identificada como “Vítima-1” nos documentos do processo. Ela afirma ter sido traficada sexualmente por Combs entre 2008 e 2018, período em que mantiveram uma relação. Em um processo civil já encerrado, Cassie relatou ter sido forçada a participar de orgias com profissionais do sexo enquanto era filmada e drogada com ecstasy, ketamina, GHB e cocaína. Segundo a cantora, Combs a agredia fisicamente quando ela se recusava a obedecê-lo.

Outros relatos apontam que Combs teria ameaçado e violentado diferentes mulheres ao longo dos anos, inclusive utilizando um martelo para arrombar a porta de uma das vítimas. Há também acusações de sequestro, incêndio criminoso e trabalho forçado.

O julgamento atual é o mais grave entre os diversos episódios envolvendo o rapper. Em 1999, ele invadiu o escritório de um executivo da Interscope Records e o agrediu com uma garrafa e uma cadeira. Na época, fez um acordo judicial e concluiu um curso de controle da raiva. Ainda em 1999, foi detido após fugir de uma boate onde houve um tiroteio. Foi absolvido das acusações. Em 2015, foi acusado de agressão com um peso de academia na Universidade da Califórnia, mas o caso foi arquivado.

Apesar das alegações, a defesa sustenta que Combs passou por reabilitação, buscou ajuda profissional e estaria transformado. Entretanto, uma investigação publicada pela Rolling Stone, em janeiro, contradiz essa narrativa. A reportagem revelou que o rapper continuava a apresentar comportamentos violentos e abusivos até sua prisão, mantendo o padrão desde os tempos de estudante na Universidade Howard