Em show em SP, maior transgressão do gótico foi cuspir; veja vídeo com trechos da apresentação e depoimentos de fãs (inclusive um "sósia")
Na fria noite desta quarta-feira, 26, em São Paulo, o anticristo veio do inferno esquentar suas crias - mas o fogo foi mais contido do que antigamente. Em um show que durou pouco mais de uma hora, contando com o bis, Marilyn Manson e sua banda revisitaram o passado e mostraram músicas do último disco da banda, Eat Me, Drink Me, de 2007 - tudo de forma comportada.
A apresentação foi marcada pelo pudor de Manson, que trocou o fio dental de outrora por roupas recatadas, deixando de expor as partes que interessam ao seu público cativo. Por um par de vezes pôs a mão dentro da calça em frente a uma platéia predominantemente feminina e jovenzinha (em um Via Funchal quase lotado). Cuspir foi uma das maiores transgressões.
O público, por sua vez, não parou durante o show. Ficou morno quando Manson tocou músicas de seu álbum mais recente, mas em nenhum momento deixou de participar. Durante a performance de grandes sucessos da carreira do cantor, como "Disposable Teens" (a segunda música da apresentação), o cover "Sweat Dreams", do Eurythmics, e os hits "Dope Show" e "Rock is Dead" (estas duas, apresentadas em seguida, quase no fim), o público se animou mais, acompanhou o cantor em coro e deixou clara sua preferência.
Aliás, depois de Manson ter sido atingido no rosto por uma camiseta, na quinta música tocada, "Car Crash", a platéia não parou de jogar coisas no ídolo, que aproveitava as oportunidades para esfregar em sua face e em seu corpo as roupas que o acertavam.
A banda apresentou quatro músicas do novo álbum, entre elas "If I Was Your Vampire", na abertura. Outras dez completaram os sessenta minutos de show - além das já citadas, Manson passou por "Mobscene", "Hate Anthem", "Fight Song" e "Reflecting God", entre outras. A clássica "The Beautiful People" foi o bis, fechando a apresentação dez minutos depois.
Não houve produção de palco. Manson e sua banda tocaram diante de uma cortina preta. Também faltou pirotecnia. O show ficou nas mãos do anticristo, que, chegando a perder o fôlego em alguns momentos, esperneou e provocou a platéia usando repetidos "motherfuckers". A retribuição foi à altura. Sua banda, com apenas um integrante da formação original, limitou-se a tocar os instrumentos. Não se manifestou, não provocou a audiência. Durante boa parte da apresentação, o frontman cantou deitado na plataforma central do palco.
Ficaram de fora músicas como "I Don't Like The Drugs But The Drugs Like Me", "Antichrist Superstar" e os covers "Tainted Love", do Soft Cell, e "Personal Jesus", do Depeche Mode. Nenhuma música do primeiro álbum da banda - Smells Like Childen - foi tocada.