Parte da Cidade do Rock teve de se contentar com volume baixo e som confuso
Mais uma vítima do som sofrível do Palco Mundo, o System of a Down não se deu por vencido e executou as 28 músicas que estavam previstas para o show deste domingo, 3, no Rock in Rio.
Tudo bem que a banda nem deve ter percebido o problema, já que os maiores prejudicados foram os espectadores que optaram por ficar ao mais ao fundo, onde as torres de som auxiliares estavam aparentemente desligadas. Com um vento constante, o volume oscilou o tempo todo, indo do ruim ao péssimo – como já havia ocorrido com o Coldplay no dia anterior.
A falha ficava ainda mais clara em momentos de cantoria generalizada, como nos sucessos “Chop Suey!” (com a plateia fazendo o backing vocal em uníssono) e “Aerials”.
Em uma performance tão agressiva quanto coesa, o System of a Down nem precisou se apoiar em clichês dos grandes shows: a decoração do palco era simples, com apenas um backdrop ao estilo cortina, e não houve fogos ou explosões.
Até o comportamento dos músicos pareceu contido. O vocalista Serj Tankian mal se mexeu, apenas marcando uma discreta dança como braço esquerdo erguido. Só por volta da sétima música, “Hypnotize”, ele arriscou caminhar lentamente pelo palco.
O guitarrista Daron Malakian foi ainda mais retraído. Depois da lenta “Lonely Day”, que diminuiu ainda o ritmo, ele decretou: “chega dessa besteira lacrimejante. Quero ver vocês pularem!” De trilha para a ordem veio a frenética “Bounce”.
O discurso político – característica do grupo, que luta pelo reconhecimento do genocídio armeno – apareceu discretamente, em uma referência aos “povos indígenas brasileiros injustiçados pelo desenvolvimento desnecessário”, uma referência clara à polêmica construção da usina de Belo Monte, no Pará.