Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

John Zorn vem ao Brasil com o projeto Masada pela primeira vez

"Muito da música com a qual as pessoas têm sido golpeadas hoje em dia é produto, são negócios", diz Joey Baron, baterista do grupo

Stella Rodrigues Publicado em 15/03/2012, às 09h09 - Atualizado às 10h56

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Quarteto Masada - Reprodução/MySpace Oficial
Quarteto Masada - Reprodução/MySpace Oficial

John Zorn é igualmente conhecido como um expoente brilhante da música contemporânea, um difusor da cultura judaica e um músico avesso a entrevistas. Nesta primeira vinda do músico ao Brasil com seu projeto Masada, o trio que o acompanha nos shows, coube ao baterista Joey Baron falar à Rolling Stone Brasil a respeito do grupo. A primeira coisa que ele diz, contudo, é que não se sente confortável em discorrer sobre o complicado processo de composição do prolífico Zorn, que tem mais de 100 discos lançados, somando as funções de intérprete, compositor e produtor. As composições dele seguem uma específica e complicada sonoridade de renovação da música judaica que poucos músicos conseguem acompanhar satisfatoriamente. Baron (de camisa regata preta, na foto ao lado) é um deles.

Hábil improvisador, passeando entre muitos estilos, do punk ao klezmer tipicamente judaico, Zorn (de camisa branca, na foto) promove uma piração musical ao vivo que só pode ser definida apropriadamente como a mais competente das fritações auditivas. Os públicos do Rio de Janeiro e São Paulo terão a chance de testemunhar todo esse virtuosismo esta semana (veja mais informações abaixo).

O discurso de Baron a respeito desse trabalho é quase o de um guardião da música artesanal. “Dedicamos nossas vidas a tocar música que tem um tipo de raiz mais profunda, um significado profundo”, explica. “Muito da música com a qual as pessoas têm sido golpeadas hoje em dia é produto, são negócios. Somos artistas, amamos música. Nossa razão para fazer música é o amor. Somos curiosos e interessados por ela, queremos pintar uma imagem do mundo através dela. A gente quer dar uma alternativa a tudo aquilo que você consegue arranjar por aí com tanta facilidade. Tem muita gente interessada em música, mesmo, em vez de cultura pop.”

“É incrível poder viajar pelo mundo sabendo que as pessoas estão interessadas em nos ouvir”, continua. “Temos a oportunidade de compartilhar nosso trabalho com gente que mora muito longe da gente. Colocamos meses de trabalho e anos de prática naquilo.”

Contudo, o foco de Baron, que já trabalhou ao lado de gente como David Bowie, Tony Bennett, Michael Jackson, Dizzy Gillespie, Art Pepper, John Abercrombie e outros, é a parte musical – prefere se manter afastado das complicações que a religião implica. “Não me envolvo com os aspectos políticos e religiosos. Estou ciente das pesquisas de John, da relação que ele traça da religião com a música, mas eu fico longe disso. Música é uma coisa tão grande, que dá tanto para tanta gente sem nenhuma complicação... é uma das poucas coisas do mundo assim. Eu não sei você, mas minha vida já tem complicações o suficiente”, ele brinca.

"Grandes nomes"

“Eu aprendi mais com as pessoas de quem nunca se ouviu falar do que com os grandes nomes da música”, diz francamente Baron quando o assunto são as entidades da música com quem já tocou. “Quando você trabalha com alguém como um David Bowie... ele é muito forte, direto, claro com o que está fazendo. Acho que clareza foi o que mais aprendi com todos eles, a alma que eles têm. Esse é o tipo de coisa que me atrai”, explicou. Esse aprendizado, inclusive, aconteceu parcialmente no Brasil. “Eu não sou uma enciclopédia, mas quando estive no Brasil, na década de 70, conheci vários músicos incríveis, fiquei seguindo-os por aí, foi bem legal. O Brasil tem uma riqueza impressionante, musicalmente, culturalmente. Não vou para aí com muita frequência, mas sempre que vou tenho a chance de ouvir instrumentistas impressionantes. Da última vez que estive no país, tive a ótima oportunidade de conhecer Carlinhos Brown”, relembra.

John Zorn & Trio Masada

Rio de Janeiro

16 de março, às 22h

Teatro Tom Jobim – Rua Jardim Botânico, 1.008 - Jardim Botânico

Ingressos a partir de R$ 100 - www.ingresso.com.br

São Paulo

17 de março, às 22h30

Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82 - Liberdade

Ingressos a partir de R$ 100 - cinejoia.tv/ingressos