Carlos Maltz reage a fala de Humberto Gessinger sobre convite de terceiro para reunião
Baterista confirma que Sandro Trindade foi o “engenheiro da ponte” para shows celebrativos e reforça chamado ao ex-colega de Engenheiros do Hawaii
Igor Miranda (@igormirandasite)
Repercutiu a declaração de Humberto Gessinger sobre o convite para tocar com Augusto Licks e Carlos Maltz. Em entrevista a Gabriel Zorzetto para o jornal O Estado de S. Paulo, o vocalista e baixista do já encerrado Engenheiros do Hawaii disse que até foi chamado para se apresentar ao lado dos ex-colegas, mas não por eles próprios e sim por “um cara que canta numa banda cover e que está tocando com eles”.
O nome não é citado, mas imagina-se que Gessinger se refira ao também cantor e baixista Sandro Trindade, membro do tributo Engenheiros Sem CREA. Junto dele e do guitarrista Jeff Gomes, Licks e Maltz têm realizado shows pelo Brasil revisitando a obra construída junto ao antigo parceiro — que segue em carreira solo.
Carlos soube da declaração de Humberto ao Estadão e resolveu responder por meio do Instagram (via Whiplash). Ao reproduzir uma captura de tela da Rolling Stone Brasil — que repercutiu a entrevista conduzida pelo jornal —, o baterista confirmou na seção de comentários que, sim, o convite ao ex-colega foi feito por Sandro, mas destacou que este foi o responsável também por chamá-lo.
Inicialmente, Maltz afirmou:
“Sim, é verdade [que convite para Humberto Gessinger participar de shows partiu de Sandro Trindade, não dos ex-colegas]. Mas eu também não fui convidado pelo Augusto. E nem o Augusto foi convidado por mim. Pior que fomos, os três, convidados pelo Sandro Trindade, que foi o nosso anfitrião, e foi quem teve a ideia de fazer esse show e convidar os três para um reencontro no palco. E é por isso que eu digo que ele, Sandro Trindade, apesar de ser um ‘Engenheiro Sem CREA’, é o engenheiro da ponte. Por que foi ele que construiu aquele reencontro. Ou seja, não precisamos brigar por causa disso.”
Em seguida, o baterista chamou o vocalista/baixista publicamente para participar. Deixou à disposição até mesmo seu número de WhatsApp, também presente na descrição de seu perfil na rede social.
“Se o problema for falta de convite, está resolvido agora, pois estou aqui e agora convidando publicamente, na frente de todos vocês, o senhor Humberto Gessinger pra, na hora que ele quiser, re-assumir o lugar que é seu na banda que ele construiu junto conosco e que se tornou a casa de todos vocês. Meu Whatsapp: 61 9972-7778.”
Por fim, Maltz compartilhou a seguinte reflexão:
“Paz na Terra é pros ‘homens de boa vontade’, ou seja, precisamos ter alguma boa vontade pra termos alguma chance. A vida nos traz a oportunidade de sermos grandes. Grandes de verdade. Pessoas que fazem diferença na vida das outras pessoas. Pelo EXEMPLO. O que mais tem por aí é blá-blá-blá, manipulação, marketing. Isso nós não precisamos mais. Precisamos de gente com coragem pra estender a mão e trazer o irmão que está longe, do outro lado do muro, pra perto de nós. Enfim, a vida nos dá a oportunidade pra sermos grandes de verdade. Mas a gente só pega se quiser.”
O que disse Humberto Gessinger
Em 2024, Augusto Licks e Carlos Maltz voltaram a tocar juntos. Guitarrista e baterista, respectivamente, representam dois terços da formação clássica dos Engenheiros do Hawaii — completa por Humberto Gessinger.
Antes mesmo de realizar o primeiro show de reunião com Maltz em Porto Alegre, Licks disse ao jornal O Globo que “as portas continuam abertas” caso Gessinger “mude de ideia e venha se associar a esse esforço”, que envolveu mais apresentações pelo Brasil. Todavia, o guitarrista demonstrou ter consciência de que o cantor/baixista poderia não querer participar.
Fato é que, de acordo com Humberto, nenhum convite real foi feito por seus ex-colegas. E pelo tom de suas declarações, nem isso seria capaz de convencê-lo a promover uma reunião.
Em entrevista a Gabriel Zorzetto para o jornal O Estado de S. Paulo, o vocalista e baixista disse ter recebido uma mensagem apenas de “um cara que canta numa banda cover e que está tocando com eles”. A reportagem associou tal descrição a Sandro Trindade, músico do tributo Engenheiros Sem CREA que tem acompanhado Licks e Maltz nas recentes apresentações.
“Eu nem recebi convite do Augusto e do Carlos. Quem me escreveu o e-mail foi um cara [Sandro Trindade] que canta numa banda cover e que está tocando com eles. E aí eu achei que não cabia nem responder. Não quero entrar nesse mundo. É muito autorreferente ficar pensando em ser uma banda cover.”

Na sequência, Gessinger confirmou ter recebido contato de empresas e festivais interessados em reunir a formação clássica dos Engenheiros do Hawaii. Porém, o frontman declarou não estar disposto — e voltou a explicar suas razões.
“Estou tão feliz com o que eu estou fazendo e com o tamanho que eu tenho agora. Acho que os guris [Carlos e Augusto] entendem isso também. Fico honrado que eles tenham saudade, mas eu não tenho. Pra mim seria entrar numa gaiola, onde estão me dando alpiste, me dando água. Pô, deixa eu errar um pouquinho, velho. Não quero ter a obrigação de encher arenas todos os dias da semana, não é o meu tamanho. Eu estudava arquitetura, montei uma banda, fiz o meu caminho, escrevo minhas letras complicadas, não sei lá quem entende, toco do meu jeito. Quer dizer, nada contra quem lota arena, mas esse não é meu jogo.”
Pressão pela volta dos Engenheiros do Hawaii
Ainda durante a entrevista, Humberto Gessinger negou sentir qualquer pressão para voltar a tocar com Augusto Licks e Carlos Maltz. O músico disse que o trabalho ao lado dos colegas representa apenas 7 anos de uma carreira que contabiliza quatro décadas.
“Não sinto pressão. Cada vez que as pessoas conheçam mais o trabalho que estou fazendo, menos forte fica esse ruído. Foram 7 anos da minha carreira, legais pra caramba, mas ela tem 40 anos. Não tenho problema de falar sobre isso, é que se eu me aprofundar, vou estar comparando colegas de várias gerações, e eu não quero comparar, acho isso extremamente deselegante. E outra coisa que acontece é que me colocam em uma posição esquizofrênica de me comparar a mim mesmo. É mais pressão comercial do que artística.”
Atualmente, o vocalista e baixista revisita dois momentos específicos da carreira de sua antiga banda, em uma turnê focada nos álbuns Acústico MTV (2004) e Acústico: Novos Horizontes (2007). Ambos os trabalhos foram gravados já sem Licks e Maltz, que saíram na década de 1990, mas trazem versões para várias músicas originalmente concebidas com eles.
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