50 filmes ruins feitos por grandes diretores, segundo Rolling Stone
Desastres cinematográficos que os maiores gênios de Hollywood adorariam esquecer – com Martin Scorsese, Clint Eastwood, David Fincher e muito mais
Andy Greene
Publicado em 23/05/2025, às 12h00
Mostre-nos um diretor que nunca criou ao menos um verdadeiro fracasso cinematográfico, e nós mostraremos um diretor com uma carreira extremamente curta. Simplesmente há coisas demais que podem dar errado quando um filme entra em produção: o orçamento pode ser cortado, as filmagens podem começar antes que o roteiro esteja finalizado, atores importantes podem desistir, e o estúdio pode interferir de várias maneiras irritantes.
É por isso que titãs do cinema como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, James Cameron e Ridley Scott têm pelo menos um filme que gostariam de apagar de sua página do IMDb. Alguns deles foram feitos quando ainda eram jovens e inexperientes, sem nenhuma real capacidade de dizer não. Outros foram realizados no auge de suas carreiras, quando tomaram decisões horríveis, motivados por ganância, arrogância ou insanidade temporária. E muitos foram filmados nos últimos anos de suas trajetórias, quando conseguir aprovação para qualquer projeto já era difícil.
Com tudo isso em mente, a Rolling Stone montou esta lista com 50 filmes realmente ruins, feitos por diretores que, fora isso, são brilhantes. Sabemos que algumas dessas escolhas serão controversas. Existem pessoas por aí que realmente amam Alien 3 (1992), Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999) e O Destino de Júpiter (2015). O desastre de um cinéfilo é o clássico cult de outro. Mas não acreditamos que existam muitos fãs ferrenhos de Jack (1996), O Anjo da Guarda (1994) ou As Loucas Aventuras de James West (1999). Esses são filmes terríveis, terríveis. Se déssemos um soro da verdade para Francis Ford Coppola, Rob Reiner e Barry Sonnenfeld, eles provavelmente concordariam.
Um Novo Homem (Penny Marshall)
No período entre 1988 e 1992, Penny Marshall presenteou o mundo com Quero Ser Grande, Tempo de Despertar e Uma Equipe Muito Especial. Ela poderia ter seguido esse trio com praticamente qualquer filme que quisesse, já que todos foram enormes sucessos de crítica e bilheteria. Infelizmente, o próximo projeto de Marshall foi Um Novo Homem. É uma comédia simplória sobre um publicitário desempregado (Danny DeVito) que acaba ensinando cadetes em uma base militar. Eles não sabem muito sobre Shakespeare. Ele não sabe muito sobre o exército. Eles aprendem uns com os outros numa sucessão interminável de clichês de sitcom. Um jovem Mark Wahlberg chega a fazer um rap sobre Hamlet. Tudo isso é tão horrível quanto você pode imaginar. “Assistindo, senti vergonha pelos atores, que são forçados a atuar em cenas tão forçadas e artificiais que nenhuma habilidade seria capaz de lhes dar vida”, escreveu Roger Ebert. “É difícil acreditar que este seja um trabalho de Penny Marshall, cujos filmes pareciam cheios de uma confiança leve e natural.”
Fonte da Vida (Darren Aronofsky)
É um pouco injusto criticar Fonte da Vida, já que a versão final ficou muito distante do que o diretor Darren Aronofsky tinha em mente quando começou a trabalhar no filme. O plano original era escalar Brad Pitt e Cate Blanchett nos papéis principais, com um orçamento de US$ 70 milhões. Quando o orçamento foi reduzido para US$ 35 milhões, com Hugh Jackman e Rachel Weisz como protagonistas, Aronofsky precisou fazer cortes drásticos que comprometeram seriamente sua visão. Mas só podemos julgar o que acabou na tela: um filme no qual Jackman interpreta um conquistador espanhol em busca do elixir da vida eterna, um cientista contemporâneo tentando curar a doença cerebral da esposa e um homem do século XXVI viajando pelo espaço com uma árvore. A crítica ficou dividida, mas a maioria dos espectadores simplesmente ficou confusa e entediada.
“Reconheço que o filme não é um grande sucesso”, escreveu Roger Ebert. “Mas acredito que ainda não vimos o verdadeiro filme. Quando uma produção de US$ 75 milhões entra em colapso e é feita com US$ 35 milhões, elementos são eliminados. Quando um filme que conta três histórias e abrange milhares de anos tem apenas 96 minutos de duração, cenas certamente foram cortadas. Um dia haverá uma versão do diretor deste filme, e é essa que quero ver.”
Como Você Sabe (James L. Brooks)
James L. Brooks passou tanto tempo na televisão, trabalhando em séries como Mary Tyler Moore, Taxi e Os Simpsons, que só dirigiu seis filmes. Os melhores (Laços de Ternura, Nos Bastidores da Notícia, Melhor É Impossível) são verdadeiras aulas de narrativa. Os medianos (Disposto a Tudo, Espanglês) revelam suas limitações como roteirista e diretor, mas ainda assim valem a pena se você os encontrar passando na TV a cabo. E então há a comédia romântica de 2010 Como Você Sabe.
O filme tem um elenco maravilhoso liderado por Reese Witherspoon, Paul Rudd, Owen Wilson e Jack Nicholson, em seu último papel no cinema até hoje. Witherspoon interpreta uma jogadora de softball dividida entre um jogador de beisebol arrogante (Wilson) e um empresário encantador (Rudd). “Nada esquenta”, escreveu Roger Ebert. “O filme não nos conduz, apenas caminha ao nosso lado.”
É realmente uma pena que Nicholson tenha encerrado sua carreira com essa comédia romântica profundamente esquecível. Durante muito tempo, parecia que também seria o último filme de Brooks. Mas ele reuniu Jamie Lee Curtis, Woody Harrelson, Ayo Edebiri, Albert Brooks, Kumail Nanjiani e Spike Fearn para um novo longa chamado Ella McCay. Esperamos que seja mais próximo, em espírito, de Laços de Ternura e Melhor É Impossível do que de Como Você Sabe. Esse quase enterrou a comédia romântica sozinho.
O Segredo de Charlie (Jonathan Demme)
Refazer um clássico é sempre uma aposta arriscada. Existe a chance de você conseguir um milagre, como A Gaiola das Loucas, Nasce uma Estrela, Bravura Indômita ou Onze Homens e um Segredo. Mas as chances são muito maiores de você falhar miseravelmente em relação ao original e ser massacrado pela crítica. O Segredo de Charlie é um excelente exemplo. O suspense de 2002 dirigido por Jonathan Demme é um remake de Charade, filme de 1963 estrelado por Cary Grant e Audrey Hepburn.
A trama gira em torno de uma mulher que descobre que seu marido está morto, milhões de dólares desapareceram e várias figuras suspeitas estão atrás dela por causa disso. Demme escalou Mark Wahlberg para a ingrata missão de substituir Grant (apenas um ano depois do fiasco de Wahlberg em Planeta dos Macacos). Thandie Newton fez um trabalho muito melhor no papel de Hepburn, mas não há absolutamente nenhum motivo para este filme existir. O original é melhor em todos os aspectos imagináveis.
O filme arrecadou apenas US$ 7,1 milhões com um orçamento de US$ 60 milhões e foi o segundo fracasso consecutivo de Demme, após Bem-Amada. Mas Bem-Amada foi um fracasso nobre. O Segredo de Charlie foi apenas um fracasso comum. Demme seguiu em frente refilmando Sob o Domínio do Mal. Mas, ao escalar Denzel Washington e Meryl Streep — e não Marky Mark —, ele realmente conseguiu fazer a coisa funcionar.
Olha Quem Está Falando Também (Amy Heckerling)
O original Olha Quem Está Falando não é um filme ruim. E, quando comparado a todos os outros filmes sobre bebês falantes da história de Hollywood, é basicamente Cidadão Kane. O terceiro filme da série, Olha Quem Está Falando Agora, aparece frequentemente nas listas dos piores filmes já feitos — é aquele em que os cachorros falam. Mas a diretora do filme original, Amy Heckerling, não teve envolvimento com esse. Infelizmente, ela coescreveu e dirigiu Olha Quem Está Falando Também, de 1990.
Essa sequência apressada foi lançada apenas um ano após o original e reuniu Kirstie Alley, John Travolta e Bruce Willis como a voz do bebê Mikey. Roseanne Barr se juntou ao time, dublando a nova irmãzinha de Mikey. (Mikey já consegue falar normalmente como qualquer criança dessa idade, mas, de alguma forma, ainda tem pensamentos muito adultos. A voz de Willis algum dia saiu da cabeça dele? Ele foi assombrado por ela para sempre? Está internado em algum sanatório agora?) O filme original era sobre uma mulher solteira tentando manter o emprego e lidar com as responsabilidades da maternidade. A sequência é apenas um amontoado de piadas bobas de sitcom. Cinco anos depois, Heckerling escreveu e dirigiu As Patricinhas de Beverly Hills. Tudo foi perdoado.
O Homem Bicentenário (Christopher Columbus)
Christopher Columbus tem uma habilidade incrível de criar comédias que arrancam lágrimas em momentos inesperados. Isso é verdade para Uma Babá Quase Perfeita, Lado a Lado e até mesmo para os dois primeiros Esqueceram de Mim. (Há um motivo pelo qual o original reduz George Costanza a um amontoado choroso em Seinfeld.) Mas a fórmula não funcionou em O Homem Bicentenário, de 1999, no qual Robin Williams interpreta um robô que vive por mais de 200 anos.
O filme é baseado no conto homônimo de Isaac Asimov, publicado em 1976, mas trata-se de uma adaptação dolorosamente açucarada, na qual Williams é forçado a confrontar o fato de que todos que ele ama eventualmente morrerão. Muito já se escreveu sobre os filmes brilhantes de 1999, mas ninguém cita este como exemplo. Felizmente, o fiasco teve pouco impacto na carreira de Columbus. Seu próximo filme foi uma adaptação de um livro infantil sobre um garoto britânico que descobre ser um bruxo ao completar 11 anos. Esse funcionou muito bem.
Violação de Conduta (John McTiernan)
John McTiernan pode não ser tão conhecido quanto muitos outros diretores desta lista, mas é o homem por trás de Predador, A Caçada ao Outubro Vermelho, Duro de Matar e do criminalmente subestimado Duro de Matar 3: A Vingança. Em outras palavras, ele fez os dois bons Duro de Matar. Não teve envolvimento com os três ruins. (Sim, Duro de Matar 2 é melhor que o quarto e o quinto. Mas ainda assim é ruim.) Só por ter feito o Duro de Matar original, ele já merecia um prêmio pelo conjunto da obra no Oscar. Sua carreira sofreu um golpe em 1993, quando dirigiu O Último Grande Herói (que não é tão ruim quanto a lenda sugere), e despencou em 1999, quando O 13º Guerreiro foi um fracasso retumbante.
Mas ele atingiu o fundo do poço em 2003 com Violação de Conduta, thriller de ação que reuniu a dupla de Pulp Fiction: Tempo de Violência, John Travolta e Samuel L. Jackson. A trama convoluta gira em torno de um agente da DEA tentando descobrir por que um sargento-instrutor dos Rangers desapareceu durante um exercício de treinamento. O final tem uma reviravolta tão estúpida quanto implausível. Simplificando: é a reunião menos divertida de Pulp Fiction que se poderia imaginar. Já se passaram mais de 20 anos desde que Violação de Conduta fracassou, e McTiernan ainda não dirigiu outro filme. (Em grande parte devido ao seu envolvimento no escândalo de grampos telefônicos de Anthony Pellicano, que acabou levando-o à prisão por um ano, em 2013. Mas essa é uma outra história.)
Assassinos (Richard Donner)
Como os filmes mostram repetidamente, não é fácil se aposentar sendo um assassino profissional. Sempre aparece alguma figura do passado te forçando a aceitar mais um último trabalho. Essa é a trama clichê de Assassinos, filme de Richard Donner lançado em 1995, estrelado por Sylvester Stallone e Antonio Banderas. Já fazia alguns anos que o nome de Stallone no pôster não garantia um sucesso, assim como Donner também estava distante da fase em que produzia sucessos como Os Goonies, Os Fantasmas Contra-Atacam, Superman - O Filme e Máquina Mortífera 2 (que é melhor que o primeiro). Assassinos não tem a mesma mágica de Máquina Mortífera. É apenas um filme de ação arrastado que parecia datado já na estreia. Foi um fracasso comercial e de crítica que Donner nunca superou totalmente, apesar de algum sucesso moderado anos depois com Teoria da Conspiração, estrelado por Mel Gibson.
Garota 6 (Spike Lee)
Spike Lee escreveu os roteiros dos oito primeiros filmes que dirigiu, incluindo Faça a Coisa Certa, Febre da Selva, Uma Família de Pernas pro Ar e Malcolm X. Mas, em 1996, decidiu adaptar um roteiro de Suzan-Lori Parks, dramaturga vencedora do Prêmio Pulitzer. Garota 6 conta a história de uma atriz em dificuldades que começa a trabalhar como operadora de sexo por telefone. O trabalho afeta sua vida pessoal e sua saúde mental até que ela decide largar tudo. A premissa é interessante, mas quase nada funciona no filme.
“Garota 6 é o filme menos bem-sucedido de Spike Lee”, escreveu Roger Ebert, “e o problema é duplo: ele não entende realmente a personagem Garota 6, e não tem uma ideia clara da estrutura e do propósito do filme. Se tivesse resolvido o segundo problema, talvez tivesse conseguido disfarçar o primeiro. Histórias bem contadas costumam carregar seus personagens consigo. Mas aqui temos uma personagem indefinida em uma história sem rumo. Uma pena.”
O Segredo de Berlim (Steven Soderbergh)
Steven Soderbergh já fez praticamente todos os tipos de filmes que se pode imaginar. O único ponto em comum entre Solaris, Magic Mike, Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento, Onze Homens e um Segredo, Kafka e Contágio é o fato de que ele dirigiu todos. Mas ele provou que o noir não era sua praia em 2006, quando adaptou O Segredo de Berlim, romance de espionagem de Joseph Kanon. George Clooney, Cate Blanchett e Tobey Maguire lideram o elenco, e Soderbergh fez de tudo para que o filme parecesse um verdadeiro noir dos anos 1940 — com filmagem em preto e branco e um pôster em homenagem a Casablanca. Mas o estilo retrô não funcionou. Ele se concentrou tanto na estética que a história ficou de lado.
“Não há um momento neste filme autoconsciente e desinteressante em que você se esqueça de estar assistindo a um experimento”, escreveu Rene Rodriguez, do Miami Herald, “o que pode até servir de lição para estudantes de cinema sobre o que não fazer.”
Destinos Cruzados (Sydney Pollack)
Quando Harrison Ford aceitou estrelar o remake de Sabrina em 1995, dirigido por Sydney Pollack (Tootsie, Três Dias do Condor), foi uma rara escolha equivocada para o astro de Hollywood. Ford se recuperou em 1997 com Força Aérea Um. Mas voltou a trabalhar com Pollack dois anos depois em Destinos Cruzados, adaptação do livro de Warren Adler, de 1984, sobre um romance entre uma congressista e um policial. Eles se conhecem quando seus respectivos cônjuges morrem em um acidente de avião.
O livro é bom, mas o filme é profundamente entediante. “Demora uma eternidade para esse drama pretensioso chegar ao momento inevitável em que a congressista fria se derrete nos braços do policial obstinado”, escreveu David Ansen, da Newsweek. “E quando finalmente acontece, a química entre essas duas estrelas atraentes mal passa da temperatura ambiente.”
O Destino de Júpiter (The Wachowskis)
O enorme sucesso de Matrix e suas duas sequências deu às Wachowskis carta branca para basicamente fazerem os filmes que quisessem. Elas usaram essa liberdade para se aventurar em projetos incrivelmente ambiciosos como Speed Racer, A Viagem e O Destino de Júpiter. Quando todos falharam em alcançar qualquer coisa remotamente comparável ao sucesso de Matrix, essa “licença para fazer o que quiser” foi revogada. Mas Speed Racer e A Viagem conquistaram seguidores fiéis ao longo do tempo. São filmes com falhas, mas interessantes. O Destino de Júpiter, por outro lado, é apenas uma bagunça completa. Trata-se de uma ópera espacial com Mila Kunis e Channing Tatum, sobre uma faxineira na Terra futurista que se vê em uma aventura interplanetária ao lado de um soldado geneticamente modificado.
Quase todo mundo envolvido sabia que estavam fazendo um fracasso desde o início, especialmente porque o orçamento foi cortado pela metade de última hora. “Foi um pesadelo desde o começo”, disse Tatum em 2022. “Foi um filme torto. Todos nós passamos sete meses lá, dando duro. Foi simplesmente difícil.” Também foi o último filme que as Wachowskis dirigiram juntas. Depois disso, Lana Wachowski dirigiu sozinha Matrix Resurrections. Não foi um grande filme, especialmente se comparado ao original, mas é infinitamente melhor do que O Destino de Júpiter.
Pequena Grande Vida (Alexander Payne)
Como Alexander Payne provou mais uma vez com Os Rejeitados, ele é um mestre na mistura de comédia e drama. Para mais provas disso, basta olhar para Eleição, As Confissões de Schmidt, Sideways - Entre Umas e Outras e Nebraska. Em 2017, no entanto, seus instintos falharam quando fez Pequena Grande Vida. Caso você tenha esquecido que esse filme existe (o que é bem provável), trata-se de uma trama com Matt Damon, sobre um homem que encolhe seu corpo até ficar com apenas 13 centímetros, para viver em uma comunidade experimental de pessoas minúsculas.
A ideia era criar uma vida de felicidade, mas as coisas rapidamente saem do controle. “É aquele raro filme que parece errar absolutamente em todas as partes do seu conceito”, escreveu Andrew Lapin, da NPR. “Um fiasco narrativo, tonal, visual e sociopolítico como poucos se viram nos últimos tempos.”
Garbo Talks (Sidney Lumet)
Sidney Lumet fez sua estreia como diretor em 1957 com 12 Homens e uma Sentença. Cinquenta anos depois, encerrou sua carreira com Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, um final deslumbrante. Mas teve alguns tropeços ao longo do caminho. O ponto mais baixo foi Garbo Talks, de 1984, estrelado por Carrie Fisher, Anne Bancroft e Ron Silver. A história gira em torno de uma mulher em estado terminal que quer conhecer a reclusa estrela do cinema mudo, Greta Garbo, antes de morrer, envolvendo um paparazzo e sua nora nessa missão.
A premissa é intrigante, mas a resolução é absurdamente decepcionante. “Com uma preparação dessas, a entrada de Garbo tinha que ser espetacular”, escreveu Roger Ebert em sua crítica de uma estrela. “Infelizmente, não é. É um anticlímax tão grande que teria sido mais eficaz se a mulher morresse sem nunca conhecer Garbo.”
Aterrorizada (John Carpenter)
Não é difícil identificar os maiores triunfos de John Carpenter como diretor. Claramente são Halloween - A Noite do Terror (1978), Fuga de Nova York (1981) e O Enigma de Outro Mundo (1982). Muitos apontam o fracasso de Memórias de um Homem Invisível (1992), com Chevy Chase, ou o mashup de ficção científica, faroeste e terror Fantasmas de Marte (2001), como seus piores momentos, mas esses falham de maneiras que são, ao menos, semi-interessantes e ocasionalmente originais. Fantasmas de Marte até conquistou um pequeno culto justamente por ser tão esquisito. Mas não há culto em torno de Aterrorizada, filme de terror de 2010 com Amber Heard.
É apenas um longa genérico e sem brilho sobre uma mulher presa em um hospital psiquiátrico assombrado. “[O filme] continua o doloroso declínio de um diretor que parece mais nostálgico de glórias passadas do que empolgado com novas ideias”, escreveu Jeannette Catsoulis, do The New York Times, em sua crítica negativa. “Antiquado no estilo, na trama e nos efeitos especiais, essa história familiar de desequilíbrio feminino e abuso institucional é tímida demais para assustar e rasa demais para envolver.”
Mulheres Perfeitas (Frank Oz)
Frank Oz é mais conhecido como o mestre por trás dos bonecos Yoda, Miss Piggy, Cookie Monster e Grover. Mas ele também é um cineasta talentoso, que dirigiu Os Muppets Conquistam Nova York, A Pequena Loja dos Horrores e Nosso querido Bob? (Aliás, esse último é o filme mais engraçado da história de Hollywood. Não importa o quão maluco isso soe — mantemos essa afirmação!). Mas, em 2004, ele teve o azar de dirigir Mulheres Perfeitas, remake do thriller cult de 1975. O projeto já era um desastre antes mesmo das filmagens começarem, pois John e Joan Cusack desistiram de última hora para cuidar da mãe doente. Nicole Kidman, Matthew Broderick, Bette Midler, Christopher Walken e Glenn Close acabaram com os papéis principais, mas simplesmente não tiveram química — nem na tela, nem fora dela. As audiências-teste odiaram a primeira versão, e as edições de última hora não ajudaram em nada. “Eu tinha dinheiro demais”, admitiu Oz em 2007, “e fui responsável e preocupado demais com a Paramount. Me preocupei demais com os produtores. E não segui meus instintos.”
Projeto Gemini (Ang Lee)
Ang Lee é um diretor notavelmente versátil, que deu ao mundo obras tão diversas quanto Tempestade de Gelo, O Segredo de Brokeback Mountain, As Aventuras de Pi, Hulk e O Tigre e o Dragão. Esses filmes não têm nada em comum, exceto pelo toque habilidoso de Lee. Mas esse talento o abandonou em 2019, quando dirigiu Projeto Gemini, em que um assassino, interpretado por Will Smith, enfrenta um clone mais jovem de si mesmo graças a efeitos de rejuvenescimento digital. Isso gerou um pôster muito legal, um trailer interessante e… um filme horrível.
“Projeto Gemini não sabe o que quer ser”, escreveu Adam Graham, do Detroit News. “Por um lado, é um espetáculo de ação que tenta empurrar os limites dos efeitos especiais; por outro, é uma experiência de ficção científica que explora os limites da humanidade. Como o personagem central, está em guerra consigo mesmo.”
Buddy Buddy (Billy Wilder)
Havia poucos cineastas tão afiados nas décadas de 1940 e 1950 quanto Billy Wilder. Foi nesse período que ele dirigiu clássicos como Pacto de Sangue, Crepúsculo dos Deuses, Sabrina, O Pecado Mora ao Lado e Quanto Mais Quente Melhor. Mas Hollywood passou por uma grande mudança estilística nos anos 1960, com uma nova geração de talentos, e o estilo de Wilder, de repente, ficou ultrapassado. Ele continuou trabalhando nos anos 1970, mas nada parecia se conectar com o público. Seu ponto mais baixo foi Buddy Buddy, de 1981, que acabou sendo seu último filme, embora ele tenha vivido mais duas décadas.
Trata-se de um remake de uma comédia francesa, estrelado por Walter Matthau e Jack Lemmon, sobre um matador da máfia hospedado em um hotel que cruza o caminho de um marido deprimido que acabou de descobrir a traição da esposa. Wilder fez o possível para reviver a energia da dupla Lemmon e Matthau, como em Uma Dupla Desajustada, mas as risadas simplesmente não vieram. “Eu não estava trabalhando o suficiente e estava ansioso para voltar à ativa, fazer o que eu faço — escrever, dirigir”, disse Wilder anos depois. “Esse não foi um filme que eu teria escolhido.”
Sombras de Goya (Milos Forman)
Milos Forman escolheu seus projetos com muito cuidado, o que explica por que O Povo Contra Larry Flynt e O Mundo de Andy foram os únicos filmes que ele fez nos anos 1990. E, embora tenha vivido até 2018, o único filme que realizou depois dessa década foi o drama histórico Sombras de Goya, de 2007, estrelado por Javier Bardem, Natalie Portman e Stellan Skarsgård.
O filme conta a história do pintor espanhol Francisco Goya, que vive durante a Inquisição Espanhola e tenta libertar sua jovem musa do cativeiro. “Apesar de todos os pequenos detalhes vívidos, o quadro geral nunca entra em foco”, escreveu Tasha Robinson, do AV Club. “O filme não tem um centro, e o centro óbvio — a arte de Goya — é descartado como irrelevante logo na primeira cena. Se Forman queria comunicar que a arte não é uma maneira eficaz de mudar a sociedade americana, ele provou seu ponto de forma bem clara com esse fracasso confuso e errante.”
Esfera (Barry Levinson)
Havia uma enorme expectativa em torno de Esfera antes da exibição para a crítica em 1998. A história sobre uma antiga nave alienígena descoberta no fundo do oceano é um dos melhores livros de Michael Crichton. O diretor Barry Levinson — responsável por Quando os Jovens se Tornam Adultos, Rain Man e Sleepers - A Vingança Adormecida — foi contratado para adaptar a obra, com Dustin Hoffman, Sharon Stone e Samuel L. Jackson nos papéis principais. Parecia que teríamos outro Jurassic Park. Mas então os críticos assistiram ao filme.
“Quanto mais a trama revela, mais percebemos o quão pouco há para revelar”, escreveu Roger Ebert, “até que, finalmente, o filme se desfaz em cenas frouxas, onde os personagens sobreviventes ficam sentados, falando sobre suas perplexidades.” O público concordou, e o filme nem conseguiu recuperar o investimento. Talvez algum dia outro diretor seja corajoso o suficiente para tentar fazer uma versão melhor de Esfera. Enquanto isso, a que temos… é péssima.
O Último Magnata (Elia Kazan)
Nos últimos meses de sua vida, F. Scott Fitzgerald trabalhou em um romance épico sobre um chefão de estúdio de cinema, inspirado em Irving Thalberg, durante a era de ouro de Hollywood. Ele morreu antes de conseguir terminá-lo, mas a obra foi publicada postumamente como O Último Magnata. A adaptação para o cinema acabou sendo também o último filme do diretor Elia Kazan, que reuniu um elenco incrível com Robert De Niro, Tony Curtis, Robert Mitchum, Jeanne Moreau e Jack Nicholson.
Mas Kazan estava há décadas distante de sua fase áurea, de Sindicato de Ladrões, e falhou em capturar qualquer coisa próxima da magia do material original. “O trabalho de Kazan parece uma reação contra a energia estridente que ele às vezes usava para manter um filme em movimento”, escreveu Pauline Kael, da New Yorker. “Ele está tentando algo silencioso e revelador, mas parece ter renunciado a muito da sua própria natureza.”
Oz: Mágico e Poderoso (Sam Raimi)
Dois anos após James Franco ter feito uma performance apática como coapresentador do Oscar, ele repetiu a dose como protagonista do prelúdio de O Mágico de Oz, dirigido por Sam Raimi: Oz: Mágico e Poderoso. Franco interpreta uma versão mais jovem do personagem vivido por Frank Morgan no clássico de 1939, mas não tem nem um pouco do charme travesso ou do senso de humor dele.
Descobrimos como o Mágico deixou Kansas em um balão de ar quente muitos anos antes de Dorothy, enfrentou bruxas malignas e se estabeleceu como governante de Oz. Mas tudo soa como uma reciclagem sem propósito e completamente sem imaginação. O homem que nos deu Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio, Um Plano Simples e a trilogia Homem-Aranha com Tobey Maguire é capaz de muito mais.
Além da Terapia (Robert Altman)
Para sua comédia romântica de 1987, Além da Terapia, Robert Altman reuniu um elenco incrível, com Christopher Guest, Jeff Goldblum, Julie Hagerty e Glenda Jackson. Ele ainda tinha uma ideia inusitada: um filme sobre dois nova-iorquinos excêntricos procurando o amor, com psiquiatras tão malucos quanto eles. Mas a execução é simplesmente desastrosa — e não apenas porque Altman ambientou a história em Nova York, mas filmou tudo em Paris. As piadas não funcionam, as cenas se chocam sem qualquer lógica ou ritmo, e é impossível se importar com o destino de qualquer personagem. É difícil acreditar que o mesmo diretor nos deu Nashville, Onde os Homens São Homens e O Perigoso Adeus.
Dama por Um Dia (Frank Capra)
O filme de 1961 Dama por Um Dia surgiu em um momento decisivo para Hollywood. Figuras da velha guarda como Frank Capra eram deixadas de lado por uma nova geração de talentos. E, de fato, esse seria o último filme de Capra — e o primeiro da jovem estrela Ann-Margret, que aparece ao lado de Bette Davis e Glenn Ford. Era também um remake de um filme que o próprio Capra dirigiu em 1933, mostrando que as ideias novas estavam em falta entre os veteranos.
A história segue a linha de A Megera Domada: um contrabandista rico tenta transformar uma vendedora de maçãs sem-teto em uma dama da alta sociedade. Bette Davis reviveria sua carreira no ano seguinte com O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, e Ann-Margret estava prestes a se tornar uma superestrela com Adeus, Amor e Amor a Toda Velocidade. Mas o filme foi um fracasso comercial dolorosamente datado, que colocou Capra em “prisão cinematográfica” pelo resto da vida.
As Loucas Aventuras de James West (Barry Sonnenfeld)
Will Smith cometeu um dos maiores erros da história de Hollywood ao recusar o papel principal de Matrix para estrelar As Loucas Aventuras de James West, uma adaptação espantosamente inepta de uma série de TV esquecida dos anos 1960. Mas sua lógica não é difícil de entender. As irmãs Wachowski não tinham muito currículo quando começaram a trabalhar em Matrix, e Smith e o diretor Barry Sonnenfeld tinham acabado de fazer juntos Homens de Preto. Esse filme foi um enorme sucesso, baseado em uma propriedade intelectual igualmente obscura, e Smith o promoveu com uma música-rap onde basicamente explicava a trama. A (terrível) música de As Loucas Aventuras de James West também chegou ao primeiro lugar na Billboard Hot 100, mas nada mais no filme funcionou em qualquer nível.
“As Loucas Aventuras de James West é uma zona morta de comédia”, escreveu Roger Ebert, em sua crítica de uma estrela. “Você assiste incrédulo enquanto as cenas falham e morrem. O filme é todo conceito e nenhum conteúdo; os elaborados efeitos especiais são como assistir dinheiro queimando na tela.” É tão ruim que estamos chamando este de pior filme de Sonnenfeld — mesmo ele tendo dirigido Virei um Gato, aquele filme sobre Kevin Spacey preso no corpo de um gato. Esse é insuportavelmente horrível… mas As Loucas Aventuras de James West consegue ser ainda pior.
Phobia (John Huston)
John Huston foi um dos poucos grandes diretores das décadas de 1940 e 1950 que ainda continuava fazendo filmes nos anos 1980. E, embora Annie, de 1982, dificilmente estivesse no mesmo nível de The African Queen, Paixões em Fúria e O Tesouro de Sierra Madre, foi um sucesso genuíno que famílias ainda assistem hoje. O mesmo não pode ser dito de Phobia, de 1980. O filme de terror, conduzido de forma desajeitada, é sobre um terapeuta radical que força seus pacientes a confrontarem seus maiores medos de maneiras extremas. Um assassino começa a persegui-los um por um. Tudo é tão previsível e apelativo quanto parece. Também foi um fracasso colossal, arrecadando pouco menos de 60 mil dólares.
The Wings of Eagles (John Ford)
John Ford começou a dirigir filmes tão cedo na história de Hollywood que muitos deles foram filmes mudos da década de 1910 que literalmente se perderam. Sua sequência de sucessos durou décadas e nos deu No Tempo das Diligências (1939), As Vinhas da Ira (1940), Rastros de Ódio (1956) e O Homem Que Matou o Facínora (1962). Ele seguiu Rastros de Ódio — possivelmente seu maior filme — com outra epopeia estrelada por John Wayne, The Wings of Eagles. É uma cinebiografia livre do aviador naval Frank Wead, abrangendo desde o período logo após a Primeira Guerra Mundial até sua carreira em Hollywood e seu retorno às forças armadas na Segunda Guerra Mundial. O filme tem apenas uma hora e cinquenta minutos, mas parece muito, muito mais longo. É difícil acreditar que foi criado pela mesma equipe que fez The Searchers apenas um ano antes.
15h17 - Trem Para Paris (Clint Eastwood)
Em 2016, Clint Eastwood pegou a história real do Capitão Chesley “Sully” Sullenberger — que ficou famoso por pousar um avião comercial no rio Hudson após a falha dos motores — e transformou em um filme aclamado, mesmo que o drama central tenha durado apenas alguns minutos. Para seu projeto seguinte, dois anos depois, 15h17 - Trem Para Paris, ele fez um filme semelhante sobre três estadunidenses que impediram um ataque terrorista em um trem que viajava de Amsterdã para Paris.
Tom Hanks interpretou o papel principal em Sully, mas Eastwood decidiu escalar os heróis da vida real em 15h17 - Trem Para Paris. Foi um enorme erro, já que eles simplesmente não eram atores profissionais. Seu grande momento de heroísmo, assim como o de Sully, durou apenas alguns instantes. Isso forçou Eastwood a preencher a história de maneiras monumentalmente entediantes, mostrando a vida deles antes do incidente e as consequências dele. Quase nada disso foi envolvente.
“[Eastwood] parece estar testando os limites do minimalismo, vendo até que ponto pode eliminar a encenação e ainda assim alcançar algum tipo de impacto dramático”, escreveu o The New York Times. “Não há muita tensão, nem muita exploração psicológica.” Seu filme Jersey Boys: Em Busca da Música, de 2014, pode ser considerado ligeiramente pior, mas vamos manter 15h17 - Trem Para Paris como o pior filme que Eastwood fez ao longo de uma carreira muito, muito longa.
Joana d'Arc (Victor Fleming)
É praticamente inegável que nenhum diretor na história do cinema teve um ano melhor do que Victor Fleming em 1939, quando dirigiu O Mágico de Oz e ...E o Vento Levou, os dois filmes que simbolizam a era de ouro de Hollywood. Ele foi encarregado de ambos os projetos porque a MGM o considerava seu gênio residente, capaz de lidar com as maiores produções. Seu filme final não foi uma produção da MGM, mas ainda assim foi bastante ambicioso: Joana d'Arc, estrelado por Ingrid Bergman. Aos 33 anos, ela era muito velha para interpretar a mártir adolescente.
Mas esse é o menor dos problemas do filme, que é entorpecedoramente tedioso e arrastado. No final, você torce para que a personagem-título finalmente morra, apenas para que o filme termine. De acordo com a lenda de Hollywood, Fleming teve um caso com Bergman durante a produção, o que pode ter afetado seu julgamento. Pouco depois do lançamento, Fleming morreu de ataque cardíaco.
Juno e o Pavão (Alfred Hitchcock)
Alfred Hitchcock se destacou pela primeira vez na década de 1920 como diretor de filmes mudos aclamados, especialmente o suspense O Inquilino (1927). Mas quando os filmes falados surgiram no início dos anos 1930, ele teve dificuldade, por um breve período, em se adaptar à inovação. Isso é mais evidente em Juno e o Pavão, de 1930, no qual ele adapta uma peça bem-sucedida de Sean O’Casey sobre uma família vivendo a Guerra Civil Irlandesa, mas se limita a filmá-la em um estúdio.
Existem longos trechos em que a câmera não se move um centímetro, e parece que quem está dirigindo é um tripé. “Um caso bastante mortal de teatro enlatado”, escreveu Jonathan Rosenbaum no Chicago Reader, “que se aproxima bastante do que Hitchcock, muitos anos depois, chamaria de ‘fotografias de pessoas conversando’.” Apenas quatro anos depois, Hitchcock lançou O Homem Que Sabia Demais. É um filme brilhante e inovador, que prende sua atenção desde a cena de abertura e nunca a solta. Em outras palavras, é exatamente o oposto de Juno e o Pavão.
De que Planeta Você Veio? (Mike Nichols)
No papel, o filme De que Planeta Você Veio?, dirigido por Mike Nichols em 2000, parecia algo que não poderia fracassar. A comédia de ficção científica foi coescrita por Ed Solomon, que tem um histórico brilhante nesse gênero específico, graças a MIB - Homens de Preto e Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica, e conta com um elenco dos sonhos: Garry Shandling, Annette Bening, John Goodman e Ben Kingsley. As coisas começam a parecer um pouco piores quando você percebe que Shandling interpreta um alienígena assexuado que viaja à Terra com o objetivo de engravidar uma mulher. Seu pênis emite um som alto sempre que ele fica excitado. Se você acha que isso soa sem graça, está absolutamente certo.
Nada no filme é remotamente engraçado, e ele foi um enorme fracasso. É difícil imaginar que este longa veio do mesmo diretor visionário que fez A Gaiola das Loucas apenas quatro anos antes. Naquele filme, há risadas a cada 30 segundos. Em De que Planeta Você Veio?, não há nenhuma. Cada segundo é uma agonia.
A Morte lhe Cai Bem (Robert Zemeckis)
De Volta para o Futuro deu início a uma sequência notável de filmes para o diretor Robert Zemeckis, que continuou com Uma Cilada Para Roger Rabbit, De Volta para o Futuro 2, De Volta para o Futuro
III, Forrest Gump - O Contador de Histórias, Contato, Revelação e Náufrago. Todos foram grandes sucessos que ainda são muito apreciados anos depois. Mas há um filme no meio dessa sequência que não mencionamos, e é um que Zemeckis provavelmente gostaria que nunca tivesse acontecido.
Estamos falando de A Morte lhe Cai Bem, de 1992. A suposta comédia é estrelada por Meryl Streep, Goldie Hawn e Bruce Willis, e gira em torno de duas mulheres egoístas que bebem uma poção de juventude eterna, com resultados desastrosos. As risadas nunca vieram, os efeitos especiais eram cafonas, mesmo para os padrões de 1992, e as críticas foram péssimas. Os principais envolvidos nesse filme se recuperaram rapidamente, deixando esta obra como pouco mais que uma nota de rodapé meio esquecida em suas carreiras.
Um Bom Ano (Ridley Scott)
Ridley Scott brilha quando se propõe a fazer algo grandioso, seja um filme de terror sobre um extraterrestre assassino numa nave espacial (Alien, o 8.º Passageiro), um épico histórico sobre um guerreiro romano (Gladiador), ou uma ficção científica distópica sobre um caçador de androides (Blade Runner - O Caçador de Androides). Mas, em 2006, ele mirou surpreendentemente baixo ao se reunir com Russell Crowe, de Gladiador, para uma comédia romântica sobre um banqueiro britânico que reforma uma propriedade francesa herdada do tio.
O filme é incrivelmente entediante e nem remotamente engraçado. “Um Bom Ano é o equivalente cinematográfico de folhear um folheto de viagem de luxo que você nunca poderia pagar, enquanto um vendedor rude (o Sr. Crowe) que pensa ter classe insiste para você decidir logo se vai fazer o tour”, escreveu Stephen Holden em sua crítica no New York Times. “Meu conselho é resistir à pressão.”
Alien 3 (David Fincher)
David Fincher enfrentou uma tarefa muito difícil quando aceitou dirigir o terceiro filme da franquia Alien. O diretor de 28 anos vinha de anos dirigindo videoclipes ambiciosos para astros como Michael Jackson, Madonna e Aerosmith, mas nunca havia feito um longa — e esse precisava dar sequência a Alien, o 8.º Passageiro, de Ridley Scott, e Aliens: O Resgate, de James Cameron. O projeto já havia passado por várias reescritas de roteiro quando Fincher foi contratado, e o estúdio questionava cada uma de suas decisões durante a filmagem e edição, num processo agonizante.
O resultado final é um verdadeiro caos que anula os eventos de Aliens e termina com a morte da personagem Ripley, interpretada por Sigourney Weaver. Mas é difícil culpar Fincher. Ele estava completamente fora de sua profundidade e o estúdio não confiava nele. “Muita gente odiou Alien 3”, disse em 2009, “mas ninguém odiou mais do que eu.” Três anos após o desastre, Fincher dirigiu Se7en - Os Sete Crimes Capitais, que o transformou em um dos maiores diretores de Hollywood, deixando Alien 3 como uma lição difícil de seu passado. “Aprendi então a ser um babaca beligerante”, afirmou, “no sentido de: ‘você precisa conseguir o que precisa tirar do projeto’. Tem que lutar pelo que acredita — e ser esperto o suficiente para não se tornar só mais um ruído de fundo.”
Jade (William Friedkin)
Após o sucesso de Instinto Selvagem, que arrecadou mais de 350 milhões de dólares em 1992, Hollywood começou a lançar filmes eróticos de suspense a todo vapor. A maioria foi um desastre absoluto (Corpo em Evidência, A Cor da Noite, Invasão de Privacidade) — e o pior de todos foi Jade, que gira em torno de um promotor investigando um assassinato brutal. Hoje, ele é lembrado principalmente como o filme que arruinou para sempre a carreira cinematográfica de David Caruso, apenas um ano depois de sua desastrosa decisão de deixar Nova York Contra o Crime. O que menos gente lembra é que o diretor por trás de O Exorcista e Operação França, William Friedkin, foi quem dirigiu o longa. Ele continuou fazendo filmes decepcionantes depois disso — incluindo o fracassado Regras do Jogo (2000), com Tommy Lee Jones e Samuel L. Jackson — mas nenhum afundou tanto quanto Jade.
Clube Paraíso (Harold Ramis)
É tentador apontar os filmes da fase final de Harold Ramis, como Ano Um, A Sangue Frio ou Endiabrado, como o ponto mais baixo de sua incrível carreira — e não seria completamente errado. Ele realmente viveu uma fase fria na última década de sua vida. Mas, no auge de seu sucesso nos anos 1980, logo após Clube dos Pilantras e Férias Frustradas, ele dirigiu e coescreveu um pequeno filme chamado Clube Paraíso, estrelado por Robin Williams, Jimmy Cliff, Peter O’Toole, Rick Moranis, Eugene Levy, Andrea Martin e Brian Doyle-Murray. A trama gira em torno de um bombeiro de Chicago e um cantor de reggae que tentam transformar um resort decadente no Caribe em um luxuoso destino de férias. Isso aconteceu dois anos depois de ele ter interpretado Egon Spengler em Os Caça-Fantasmas, filme que ele também coescreveu. Mas todas as suas habilidades pareceram escapar dele em Clube Paraíso.
O filme é dolorosamente sem graça. Se você não era um cinéfilo ativo em meados dos anos 1980, provavelmente nunca nem ouviu falar dele, já que foi praticamente apagado dos registros históricos. Ramis fez uma longa pausa na direção após Clube Paraíso, mas voltou com Feitiço do Tempo. É difícil acreditar que o mesmo homem escreveu e dirigiu os dois filmes, já que Feitiço do Tempo é uma obra de genialidade profunda, que cresce em prestígio a cada ano que passa. Em outras palavras, é o completo e total oposto de Clube Paraíso.
Junior (Ivan Reitman)
Arnold Schwarzenegger surpreendeu ao mostrar talento cômico em Irmãos Gêmeos, de 1988, onde formou dupla com Danny DeVito sob a direção de Ivan Reitman. Seis anos depois, o trio se reuniu para Junior. Assim como Irmãos Gêmeos, a trama gira em torno de um improvável experimento genético. Em Irmãos Gêmeos, Schwarzenegger e DeVito descobrem que são irmãos, filhos de seis pais diferentes. Em Junior, eles interpretam médicos que criam um remédio capaz de engravidar um homem. Irmãos Gêmeos é muito engraçado e, de forma surpreendente, comovente. Junior é extremamente sem graça e, de forma surpreendente, estúpido.
O filme faturou metade do que Irmãos Gêmeos arrecadou. Também marcou o fim de uma sequência vitoriosa de Reitman, que incluiu Clube dos Pilantras, Recrutas da Pesada, Os Caça-Fantasmas, Irmãos Gêmeos, Um Tira no Jardim de Infância e Dave – Presidente por um Dia. Ele ainda fez alguns fracassos após Junior, como Evolução e Minha Super Ex-Namorada, mas nenhum envelheceu tão mal quanto Junior.
Sexy e Marginal (Martin Scorsese)
Martin Scorsese era um jovem diretor ainda tentando se firmar quando aceitou rodar este derivado picante de Bonnie e Clyde para Roger Corman, com um orçamento mínimo. O filme é estrelado por Barbara Hershey como uma órfã em plena Grande Depressão que se une a um líder sindical e passa a assaltar trens. Como todo filme de exploração produzido por Corman na época, é recheado de cenas de sexo e violência. Scorsese faz o que pode para superar o orçamento e o material de origem, mas, no fim, é uma causa perdida. No entanto, seu projeto seguinte foi Caminhos Perigosos. Isso garantiu que ele nunca mais precisaria aceitar um projeto apenas por dinheiro, como Sexy e Marginal.
Os Babacas (John Landis)
Do final dos anos 1970 até toda a década de 1980, o diretor John Landis brindou o mundo com comédias clássicas como Clube dos Cafajestes, Os Irmãos Cara-de-Pau, Trocando as Bolas, Um Príncipe em Nova York e a subestimada Espiões como Nós. Mas, como muitas bandas de hair metal, ele teve muita dificuldade para se adaptar aos anos 1990. Depois de fracassos consecutivos com Oscar – Minha Filha Quer Casar e Inocente Mordida, além de decepcionar com Um Tira da Pesada 3, ele atingiu o fundo do poço ao aceitar adaptar a popular série de livros infantis Os Babacas para o cinema, estrelando Tom Arnold. (Isso foi pouco depois de True Lies, quando “Tom Arnold, astro de cinema” parecia que poderia ser uma realidade.)
Não há razão para um filme sobre idiotas não ser divertido — Debi & Lóide provou isso dois anos antes. Mas Os Babacas não é Debi & Lóide. É apenas uma sucessão interminável de piadas constrangedoras e uma trama ridícula sobre um ataque terrorista descoberto pela família Os Babacas. O filme foi um fracasso tão colossal que quase encerrou a carreira de Landis como diretor.
Matadores de Velhinha (The Coen Brothers)
Em 1955, Alec Guinness estrelou a excelente comédia de humor ácido Matadores de Velhinha, sobre um elaborado assalto a um trem frustrado por uma senhora idosa. Em 2004, o filme foi refilmado pelos irmãos Coen, com Tom Hanks no papel principal. Os irmãos Coen são ótimos em escrever seus próprios filmes — e já existe uma versão perfeita de Matadores de Velhinha. Se eles tivessem encontrado um ângulo criativo para reinterpretar o original, talvez pudessem ter justificado essa empreitada.
Mas o que fizeram foi apenas uma refilmagem sem propósito, que transfere a ação de Londres para o Mississippi, e troca o roubo de um trem por um assalto a um barco-cassino. Em um erro crucial, eles se esqueceram de torná-lo engraçado. O filme arrecadou respeitáveis 77 milhões de dólares — bem mais do que O Grande Lebowski faturou —, mas nunca houve nenhum tipo de resgate ou reavaliação de Matadores de Velhinha. Ele foi amplamente esquecido.
O Grinch (Ron Howard)
Theodor Seuss Geisel (também conhecido como Dr. Seuss) deixou de ganhar uma quantia impressionante de dinheiro ao longo de sua vida ao se recusar a permitir que Hollywood transformasse seus livros infantis em filmes live-action. Ele sabia que qualquer tentativa de transformar atores de carne e osso em personagens surreais como O Gato ou Grinch não funcionaria e provavelmente prejudicaria sua marca. Todos temos memórias vívidas dessas obras da infância — por que distorcer algo tão puro?
No entanto, quando ele morreu, sua esposa, Audrey Geisel, basicamente leiloou os livros para os maiores lances de Hollywood. O primeiro resultado foi O Grinch, dirigido por Ron Howard e estrelado por um Jim Carrey quase irreconhecível no papel principal. É um filme agressivamente feio, que esvazia toda a ternura e alegria do material original. Quando, três anos depois, um igualmente perturbado O Gato com Mike Myers fracassou, a experiência equivocada de Hollywood com adaptações live-action de Dr. Seuss chegou ao fim. Ron Howard, por sua vez, teve muitos tropeços neste século, incluindo O Dilema, Era uma Vez um Sonho e Anjos e Demônios, mas nenhum deles erra tanto quanto O Grinch. Toda cópia restante deste filme deveria ser banida da Terra. Esse personagem deveria existir apenas nas páginas ou em forma de animação. Dr. Seuss estava certo.
Ela Vai Ter um Bebê (John Hughes)
Ao contrário de muitos grandes diretores desta lista, John Hughes se afastou da carreira muito antes de se tornar um homem velho correndo atrás das glórias do passado. Ele tinha apenas 41 anos quando seu último filme, A Malandrinha, chegou aos cinemas em 1991. E, embora A Malandrinha esteja longe de ser um grande filme, ele fez algo ainda pior no auge de sua criatividade, em 1988, entre Antes Só do que Mal Acompanhado e Quem Vê Cara Não Vê Coração. Estamos falando da comédia romântica Ela Vai Ter um Bebê, estrelada por Kevin Bacon e Elizabeth McGovern.
Como o título sugere, trata-se de um jovem casal lidando com a iminente paternidade. Mas os dois protagonistas tinham pouca química, e o filme é notavelmente insosso, especialmente quando comparado a todos os outros filmes que Hughes fez nos anos 1980. A única qualidade redentora do filme é que ele torna o jogo “Seis Graus de Kevin Bacon” muito fácil, já que cerca de 85% de Hollywood faz participações relâmpago na sequência dos créditos.
Amsterdam (David O. Russell)
Quando a notícia de Amsterdam, de David O. Russell, apareceu na imprensa, houve uma verdadeira empolgação na comunidade cinéfila. O. Russell tem uma filmografia praticamente impecável, graças a filmes como Três Reis, O Vencedor e O Lado Bom da Vida. E, para Amsterdam, ele reuniu um elenco absolutamente gigantesco de estrelas, como Christian Bale, Margot Robbie, John David Washington, Chris Rock, Anya Taylor-Joy, Zoe Saldaña, Mike Myers, Michael Shannon, Rami Malek e Robert De Niro. (Ele também criou um papel para Taylor Swift — o que já deveria ter sido um sinal de alerta, considerando que seus outros filmes são Cats, O Doador de Memórias e Idas e Vindas do Amor.) Trata-se de um mistério convoluto ambientado principalmente nos anos 1930, centrado em três amigos tentando descobrir quem matou um general proeminente.
“Leva bem mais de uma hora para Amsterdam decidir o que quer ser”, escreveu James Berardinelli, do ReelViews, “e, até lá, os espectadores já podem estar exasperados com a excentricidade do filme e exaustos com sua narrativa dispersa e sem foco.”
Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (George Lucas)
O primeiro prelúdio de Star Wars levanta muitas questões: nós realmente precisávamos conhecer Darth Vader quando ele tinha nove anos? Eles realmente acharam que o público se encantaria com as palhaçadas de Jar Jar Binks? Por que o mestre de Anakin é um inseto voador com um sotaque israelense e um nariz que parece saído diretamente de cartuns nazistas? O que diabos são esses midi-chlorians? Esperamos 16 anos intermináveis para isso? Para ser justo, os prelúdios foram melhorando com o tempo — o terceiro é realmente muito bom. E a trilogia sequência é tão abismal, especialmente o filme mais recente, que este aqui até parece relativamente sólido em comparação. Mas George Lucas não dirigiu os filmes mais novos. Ele dirigiu A Ameaça Fantasma.
Piranha 2: Assassinas Voadoras (James Cameron)
Não é exatamente justo culpar James Cameron pelo desastre absoluto que é Piranha 2: Assassinas Voadoras, de 1982. Foi seu primeiro longa-metragem. O orçamento era minúsculo. Ele não teve nada a ver com o roteiro ridículo sobre piranhas voadoras. E, mais importante, ele não mandava no set. O produtor italiano Ovidio G. Assonitis tinha a palavra final sobre todas as decisões, e só creditou Cameron como diretor por razões contratuais. Cameron também teve pouca influência na edição final. Mas ele esteve presente no set o tempo todo e é creditado como o único diretor, então vamos contar. (Logo depois, ele dirigiu um certo filme chamado O Exterminador do Futuro. Dessa vez, ele estava no comando total. E os resultados falam por si.)
Planeta dos Macacos (Tim Burton)
O Planeta dos Macacos original, de 1968, é uma obra-prima da ficção científica. A franquia que reimaginou a história, a partir de 2011, surpreendentemente foi excelente. Mas houve outro filme de Planeta dos Macacos, em 2001, dirigido por Tim Burton, que a maioria das pessoas adoraria esquecer. Estrelado por Mark Wahlberg, no papel que foi de Charlton Heston, ele interpreta um astronauta que acaba naufragando em um planeta governado por macacos humanóides.
As expectativas eram altíssimas, afinal Burton estava na direção, vindo de uma sequência de sucessos nos anos 1990, como Batman: O Retorno, Edward Mãos de Tesoura e Ed Wood. Esses eram filmes incríveis. Planeta dos Macacos, infelizmente, foi uma bagunça incompreensível. A única coisa que a maioria das pessoas lembra é o final insano, no qual Wahlberg retorna à Terra dos dias atuais e descobre que ela é governada por macacos — incluindo uma estátua de Abraham Lincoln em versão símia no Memorial Lincoln. Um filme sequência deveria explicar isso, mas nunca foi feito. Para deixar claro: Burton fez muitos filmes terríveis depois de Planeta dos Macacos, incluindo Sombras da Noite e Dumbo, mas nenhum fracassa de forma tão grandiosa quanto este.
Psicose (Gus Van Sant)
Depois de Gênio Indomável, Gus Van Sant poderia ter dirigido o que quisesse. Ninguém estava dizendo “não” para ele naquele momento. Por razões que permanecem impossíveis de compreender, ele usou essa valiosa carta de Hollywood para criar uma refilmagem quadro a quadro de Psicose, de Alfred Hitchcock, estrelada por Vince Vaughn como Norman Bates. E dizemos “quadro a quadro” no sentido mais literal possível: ele recriou cada ângulo de câmera e cada linha de diálogo do clássico de terror de 1960 com a maior precisão possível. Por que, em nome de Deus, ele achou que havia demanda para algo assim? O original já existe. É perfeito. Você pode, claro, repintar os “Girassóis” de Vincent van Gogh por diversão — mas nenhum museu de arte vai exibir essa cópia. É apenas uma curiosidade. Esta nova versão de Psicose não é diferente.
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Steven Spielberg)
Em um momento chave de Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros, Steven Spielberg coloca o personagem de Jeff Goldblum para explicar por que o parque temático de dinossauros não é uma boa ideia: “Seus cientistas estavam tão preocupados se poderiam fazer, que não pararam para pensar se deveriam.” Spielberg deveria ter aplicado essa lição a si mesmo quando, em 2008, cedeu à pressão de anos e fez um quarto filme de Indiana Jones. O terceiro havia terminado lindamente, com Indiana Jones e seu pai literalmente cavalgando rumo ao pôr do sol.
Quando a história retoma, duas décadas depois, é 1957 e Jones descobre que tem um filho adolescente, interpretado por Shia LaBeouf. Eles viajam ao Peru, perseguidos por espiões soviéticos, e eventualmente se deparam com alienígenas antigos em um templo. Depois que passa a emoção de rever nosso velho amigo Indy após tantos anos, fica claro que essa simplesmente não é uma história muito envolvente. (E nem mencionamos o momento em que Indy sobrevive a uma explosão nuclear dentro de uma geladeira.) O quinto filme é, indiscutivelmente, ainda pior, mas Spielberg teve o bom senso de passar a direção para James Mangold. Em um mundo melhor, só os três primeiros filmes existiriam.
O Anjo da Guarda (Rob Reiner)
Roger Ebert escreveu milhares de críticas ao longo de sua longa carreira como crítico de cinema. Mas, num curioso golpe do destino, a crítica mais citada hoje em dia é sobre o péssimo filme O Anjo da Guarda (1994), de Rob Reiner e estrelado por Elijah Wood, que conta a história de um garoto viajando pelo país para conhecer pais em potencial.
“Eu odiei esse filme”, escreveu ele. “Odiei, odiei, odiei, odiei, odiei esse filme. Odiei. Odiei cada momento bajulador, estúpido, vazio e insultuoso para o público. Odiei a mentalidade que achou que alguém gostaria disso. Odiei a insinuação de que o público seria entretido por isso... North é um filme ruim — um dos piores filmes já feitos. Mas não foi feito por um cineasta ruim, e deve representar algum tipo de lapso do qual Reiner vai se recuperar — possivelmente antes de mim.”
Rob Reiner até conseguiu uma breve recuperação em 1995 com Meu Querido Presidente, mas ele não fez muitos grandes filmes nas últimas três décadas. Porém, nem mesmo os mais terríveis — como Being Charlie, O Reencontro ou Um Amor de Vizinha — chegam perto da ruindade absoluta de O Anjo da Guarda. Pelo menos inspirou o título de uma coletânea de críticas negativas de Ebert: I Hated, Hated, Hated This Movie.
Jack (Francis Ford Coppola)
A sequência de filmes que Francis Ford Coppola fez nos anos 1970 — O Poderoso Chefão, A Conversação, O Poderoso Chefão 2 e Apocalypse Now — é, provavelmente, a melhor sequência de quatro filmes da história de Hollywood. Mas as coisas mudaram drasticamente nos anos 1980 e 1990, com fiascos de alto perfil como Cotton Club e O Poderoso Chefão 3. Em 1996, ele já estava reduzido a aceitar trabalhos por encomenda, como diretor de Jack.
Esse é o infeliz filme no qual Robin Williams interpreta uma criança cujo corpo envelhece quatro vezes mais rápido que o normal. É uma premissa decente para um drama sério, mas aqui trata-se de uma comédia: ele participa de guerras de balões de água com seus colegas de escola, compra pornografia para eles e espera pelo dia em que morrerá tragicamente jovem. O filme termina sete anos no futuro, com um Jack idoso fazendo um discurso de formatura, claramente à beira da morte. O filme até teve um sucesso modesto nas bilheterias, mas a crítica o destruiu. Só piorou com o tempo — especialmente pelo fato de Bill Cosby interpretar o tutor de Jack. E, independentemente do que se pense do filme hoje, é certo que estava muito aquém dos talentos de um titã como Coppola.
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