RELIGIÃO

Baby do Brasil pede em culto que vítimas de abuso sexual “perdoem” os agressores

Vídeo que viralizou — e rendeu críticas — nas redes sociais mostra trecho de pregação da cantora durante evento religioso em boate de São Paulo

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 12/03/2025, às 17h09
Baby do Brasil durante culto - Foto: reprodução / X
Baby do Brasil durante culto - Foto: reprodução / X

Repercutiu nas redes sociais um vídeo em que Baby do Brasil pede para vítimas de abuso sexual “perdoarem” os agressores. A cantora recomendou que isso aconteça mesmo se o autor do crime fizer parte da família.

O momento foi gravado na última segunda-feira, 10, durante um culto realizado na D-Edge, casa noturna em São Paulo. A pregação da artista, que também é pastora evangélica, foi acompanhada pelo dono do local, Renato Ratier, que se manifestou em comunicado repudiando as declarações.

Entre músicas e discursos de tom religioso, Baby declarou em dado momento:

“Perdoa tudo que você tiver de ruim no seu coração, aqui, hoje, nesse lugar, perdoa! Se teve abuso sexual, perdoa! Se foi da família, perdoa!”

A filmagem rendeu uma série de críticas nas redes sociais. A página da cantora no Instagram, por exemplo, recebeu centenas de comentários. Uma internauta declarou: “Você ultrapassou todas as possibilidades de respeito: crie vergonha e não ouse, nunca mais, pedir para alguém ignorar e perdoar abuso sexual”. Outra disse: “Espero que seja responsabilizada por tantos absurdos que fala e corrobora”. Mais um afirmou: “POLÍCIA no abusador. Que o Ministério Público tome providências desses absurdos que você anda propagando”.

Baby do Brasil ainda não se pronunciou a respeito. Renato Ratier, por sua vez, enviou nota à imprensa onde lamenta “falas isoladas de convidados” que vão contra suas crenças. O empresário, que também se refere a um convidado que teria defendido a chamada “cura gay” — conceito sem comprovação científica que supostamente elimina a homossexualidade —, afirma:

“Deixo claro que sou absolutamente contra qualquer tipo de abuso e discriminação e que todo crime deve ser denunciado e apurado. Entendo a gravidade das palavras que foram ditas, não por mim, mas por um convidado chamado a falar de última hora sem o meu consentimento. Estou conversando com a Baby do Brasil e os outros para justificarem suas falas publicamente, já que elas não refletem meus valores nem os do D-EDGE.”

Ainda de acordo com Raltier, sua boate continuará com a mesma proposta de eventos focados em música eletrônica e a realização do culto se tratou de uma “exceção isolada” que “não irá mais acontecer”. Complementando sobre as declarações de Baby e do suposto convidado, ele pontuou:

“Sempre defendi que a justiça deve ser feita e que nenhum tipo de violência pode ser minimizada ou tolerada. Este é um problema grave que exige uma resposta contundente e a implementação de políticas públicas que protejam as vítimas e punam os agressores. Também quero reforçar que não acredito na chamada ‘cura gay’ – essa ideia não existe e jamais fez parte dos meus valores. Minha trajetória sempre esteve pautada no respeito e no apoio à comunidade LGBTQIAPN+, algo que se reflete, inclusive, na programação do próprio D-EDGE, que sempre abriu espaço para a diversidade.”

No Brasil, denúncias de abuso sexual podem ser feitas, inclusive sob anonimato, pelos números 100 (violação de direitos humanos), 180 (Central de Atendimento à Mulher) e 181 (Disque Denúncia). Hospitais e postos de saúde públicos também são obrigados a prestar apoio a vítimas que procurarem tais locais.

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