VENDENDO O PEIXE

A curiosa tática de carreira adotada por Lady Gaga e Digão do Raimundos

Americana e brasileiro já revelaram ter seguido mesma estratégia, ainda que em momentos diferentes de suas trajetórias na música

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 15/02/2025, às 12h30

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Lady Gaga e Digão dos Raimundos - Fotos: reprodução / YouTube

Artistas e bandas que estão em início de carreira, ou passam por um momento turbulento, por vezes precisam adotar táticas não muito convencionais para atingir seus objetivos. Nesse sentido, uma curiosa estratégia une dois músicos de países e segmentos distintos: a americana Lady Gaga e o brasileiro Digão, guitarrista original e desde 2001 também vocalista dos Raimundos.

Em participação no canal Hot Ones (via Consequence), Gaga revelou que, nos primeiros anos de sua trajetória, fingia ser sua própria empresária ao ligar para casas noturnas e tentar vender seus shows. A metodologia envolvia até mesmo forjar um sotaque diferente para que ninguém descobrisse tratar-se da mesma pessoa.

Ela explica:

“Eu me lembro daquela época com tanto carinho, quando eu passava o dia inteiro tentando conseguir shows. Eu batia de porta em porta e dizia: ‘posso tocar aqui, por favor?’. Ou eu ligava e fingia ser minha empresária. Eu dizia às pessoas: ‘ela está bombando muito agora’. Às vezes eu fazia um sotaque diferente.”

Lady Gaga - Foto: Kevin Winter / Getty Images for The Recording Academy

Em outro momento da conversa, a artista de nome real Stefani Joanne Angelina Germanotta revelou que, no início da carreira, participou de uma banda de rock. O repertório contava com músicas do U2 — grupo com o qual ela dividiria o palco no futuro.

“Foi tão engraçado quando conheci Bono pela primeira vez e eu fiquei tipo: ‘eu costumava cantar ‘Pride (In the Name of Love)’ na minha banda de rock quando mais nova!’. Você aprende tudo o que veio antes de você, sendo apenas uma estudante de música.”

Digão: mesma tática, outro momento

Durante entrevista de 2024 ao podcast Papo Com Clê, Digão revelou ter feito uso da mesma estratégia de “autoempresariamento disfarçado”, mas em uma fase distinta de sua carreira: em 2007, quando o Raimundos perdeu o baterista Fred Castro e ainda tentava se reinventar desde a saída do vocalista Rodolfo Abrantes, seis anos antes. Tais movimentações dificultaram a sequência das atividades no mesmo nível de popularidade conquistado na década de 1990.

Conforme transcrição da Rolling Stone Brasil, Digão explica:

“A banda estava na mão de um empresário que também trabalhava com outras bandas que rodavam muito mais. O Raimundos era só mais um no casting dele. Então, decidi vender show também. Faríamos um show em Cascavel (PR) e a ideia era descer para Foz do Iguaçu (PR). Pesquisei na internet ‘Foz do Iguaçu casa de show’. Achei um teatro, liguei e pedi para falar com o responsável. Me deram o telefone de um cara, liguei e falei [mudando a voz]: ‘alô, eu sou o Rodrigo, produtor dos Raimundos, eles vão estar sábado em Cascavel, você não está com interesse de aproveitar a passagem e fazer [show em Foz do Iguaçu] na sexta?’.”

Inicialmente, o empresário responsável por essa parte foi mantido. Porém, o guitarrista e vocalista disse ter “pego a manha” e “passado” o profissional em número de shows vendidos, o que o levou a dispensá-lo.

Diferentemente de Gaga, Digão adota a estratégia até os dias de hoje — ainda que para sua carreira solo, não para os Raimundos. O músico envia seu próprio telefone/WhatsApp para pessoas que perguntam em rede social como contratá-lo para eventos, mas sem deixar claro que aquele é seu número. “Uso uma foto minha criança e cabeludo no WhatsApp, nada a ver comigo [hoje]“, pontua.