“REVOLTADOS COM OS GLOBALISTAS”

A segunda tentativa de se formar um Rage Against the Machine de direita

Anúncio viral em site de classificados foi feito cinco anos após primeira publicação, que também havia repercutido nas redes sociais

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 09/05/2025, às 15h43
Zack de La Rocha e Tom Morello em show do Rage Against the Machine em 1994 - Foto: Gie Knaeps / Getty Images
Zack de La Rocha e Tom Morello em show do Rage Against the Machine em 1994 - Foto: Gie Knaeps / Getty Images

Rage Against the Machine é uma das bandas de rock que mais discutem política em suas letras. Com inclinação à esquerda, o grupo faz com que todas as suas músicas se tornem manifestos bem claros de suas ideias.

Por isso, é difícil imaginar que músicos de direita tenham sido influenciados pelo quarteto americano — ainda que a mensagem esteja nas letras e, obviamente, não nas melodias. Mas isso aconteceu. Por duas vezes.

No início de 2020, uma banda chamada Youth of America se descreveu como uma espécie de Rage Against the Machine à direita política e anunciou, por meio do site de classificados americano Craiglist, que estava em busca de um vocalista. A iniciativa, é claro, viralizou no X, rede social à época chamada Twitter.

Cinco anos depois, a mesma plataforma recebeu um comunicado de uma banda que busca baixista e baterista para começar “uma versão de direita do Rage Against the Machine”. A publicação (via site Igor Miranda) afirma:

“Pretendo cantar, tocar guitarra e compor muitas músicas revoltadas e gostaria de fazer turnês pela região abrindo eventos políticos. Também quero montar um repertório com covers voltados para a liberdade. Se você ama os Estados Unidos e está revoltado com o que a esquerda e os globalistas fizeram com o nosso país, entre em contato comigo.”

A “culpa” é de Tom Morello?

Em maio de 2019, o guitarrista do Rage Against the Machine, Tom Morello, deu uma declaração em entrevista ao HardDrive Radio (via Blabbermouth) que pode até ter servido de inspiração para os “clones de direita” de sua banda. O músico disse que o público não deveria esperar pelo retorno de seu grupo, que estava em hiato — por isso, especialmente os mais jovens deveriam considerar formar um projeto próprio e seguir espalhando a mensagem.

“Não tenho notícias sobre o Rage Against the Machine. A atualidade exige que as pessoas se levantem. É o que estou fazendo com minhas coisas, com o Prophets of Rage. Não espere pelo Rage Against the Machine. Forme sua própria banda e faça isso.”

Curiosamente, o Rage Against the Machine retomou suas atividades no fim de 2019, após um hiato que durava desde 2011. A banda realizou uma turnê pela América do Norte ano passado, mas precisou suspender novamente as atividades para que o vocalista Zack de la Rocha se recuperasse de uma lesão no pé, ocorrida durante um dos shows. Depois disso, não retomaram mais.

Rage Against the Machine não discordam sobre política

O Rage Against the Machine é tão notório pelos temas políticos das letras quanto pelas discordâncias internas. A banda anunciou o encerramento de suas atividades no ano 2000, após uma série de conflitos entre Zack de la Rocha e os demais integrantes - Tom Morello, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk. Porém, as tretas nunca eram sobre questões ideológicas.

Em entrevista de 2018 ao programa de rádio It’s Electric (via site Igor Miranda), Morello deixou claro que as discordâncias ocorriam por conta de vários outros assuntos.

"Na reunião de 2007, algo que ajudou a ter camaradagem foi tirar tudo o que havia sido controverso no passado, como compor músicas, fazer entrevistas e tudo o mais. Pensávamos: ‘vamos apenas fazer shows, nos divertir e olhar um para o outro nos olhos, sem nada do passado’. Discordamos sobre muitas coisas. Mas política não é uma delas. Muitas vezes há algo em que Zack esteja liderando, ou eu, ou Tim com algum elemento não-conformista ao estilo punk rock, mas, como quarteto, nunca houve problema."

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