Faixa ganhou videoclipe com participação de Arnold Schwarzenegger e serviu como prévia dos álbuns Use Your Illusion, em 1991
Publicado em 17/02/2024, às 12h00
O ano é 1991. Fãs de todo o planeta estão ansiosos pelos próximos passos do Guns N’ Roses, que havia se estabelecido como um fenômeno de popularidade no fim da década anterior.
O álbum de estreia, Appetite for Destruction, foi lançado em 1987, mas só estourou mesmo um ano depois. A demanda do público por mais material daquela jovem banda de Los Angeles era tão grande que um miniálbum, GN’R Lies (1988), foi improvisado com quatro faixas acústicas (incluindo o hit “Patience”) e outras quatro do EP “Live ?!*@ Like a Suicide” (1986).
Uma regravação de “Knockin’ on Heaven’s Door” (Bob Dylan) saiu em 1990, como parte da trilha do filme Dias de Trovão. Já no início de 1991, algumas canções inéditas foram tocadas ao vivo no festival Rock in Rio. Mas somente no meio daquele ano é que o público teve um vislumbre dos próximos passos do Guns, por intermédio de “You Could Be Mine”.
A faixa foi disponibilizada como single em junho de 1991, também como parte da trilha de um filme: O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. Atingiu um relativamente tímido 29º lugar na parada americana, mas chegou ao top 5 de oito países, incluindo Austrália, Suécia e Reino Unido. O videoclipe, com cenas do longa-metragem protagonizado por Arnold Schwarzenegger — e até uma interação entre os músicos e o ator —, entrou em alta rotação na MTV, como prévia dos álbuns Use Your Illusion, a serem disponibilizados em agosto.
Em entrevista à Total Guitar, o guitarrista Slash revelou detalhes a respeito da composição de “You Could Be Mine” e contou como a música foi parar na trilha de O Exterminador do Futuro 2. Inicialmente, sobre a criação, o integrante do Guns disse que as bases existiam há bastante tempo.
“Começamos a compor essa música e ‘Perfect Crime’ quando estávamos fazendo a pré-produção de Appetite for Destruction. ‘You Could Be Mine’ era um dos riffs de Izzy (Stradlin, guitarrista). Como sempre acontecia com Izzy, ele tocava alguma coisa, essa coisa chamava minha atenção e aí eu tocava junto, mas no meu próprio estilo. Isso era o que havia de tão mágico entre Izzy e eu: nunca parávamos para tentar resolver nada, era natural.”
O guitarrista da cartola admite, inclusive, que “You Could Be Mine” era, nos álbuns Use Your Illusion, o que havia de mais próximo a Appetite for Destruction. O peso na performance e a letra hedonista confirmam isso.
O processo de composição foi simples, logo, a entrada para a trilha sonora de O Exterminador do Futuro 2 não seria tão diferente. Slash conta que todos na banda eram fãs de Arnold Schwarzenegger — e logo eles descobriram que a recíproca era verdadeira. Uma entrevista do ator, disponível no YouTube, confirma isso.
“Eles são grandes fãs do Exterminador e expressaram isso muitas vezes. E eu sempre fui um fã da música deles. Então, fomos atrás de saber como seria fazer um vídeo juntos ou para obter algumas de suas músicas.”
Schwarzenegger, aliás, foi figura imprescindível para a inclusão da faixa na trilha sonora do filme. Slash revela:
“Eu sei que Arnold gostou da música, porque foi ele quem tomou a decisão final. Duff (McKagan, baixista) e eu fomos passar um tempo na casa dele. Ele parecia estar interessado na coisa toda. Tomamos várias doses com Arnold!”
O Guns N’ Roses ainda voltaria a colocar outras de suas músicas em trilhas sonoras de filmes. Em 1994, um cover de “Sympathy for the Devil” (Rolling Stones) entrou em Entrevista com o Vampiro — sendo a gravação final de Slash e Duff McKagan até seus retornos em 2016, além da despedida de Matt Sorum (bateria). Cinco anos depois, já com uma nova formação, o grupo emplacou “Oh My God” no longa Fim dos Dias e uma regravação parcial de “Sweet Child O’Mine” em O Paizão.