DIFERENCIADO

O músico que era a alma do Pink Floyd, segundo David Gilmour

Cinco músicos passaram pela banda como integrantes oficiais — e, na visão do guitarrista, apenas um deles poderia ser definido de tal forma

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 14/02/2025, às 17h40
Pink Floyd em 1988 (E-D): Rick Wright, David Gilmour e Nick Mason - Foto: Michael Putland / Getty Images
Pink Floyd em 1988 (E-D): Rick Wright, David Gilmour e Nick Mason - Foto: Michael Putland / Getty Images

De forma oficial, apenas cinco pessoas podem ser citadas como integrantes do Pink Floyd: Syd Barrett (voz/guitarra), Roger Waters (voz/baixo), Richard Wright (teclados), Nick Mason (bateria) e David Gilmour (voz/guitarra). E, de acordo com o último citado, um desses músicos representa a “alma” da banda, uma das mais bem-sucedidas da história do rock.

Em bate-papo de 2007 à Mojo (via PinkFloydz.com), o guitarrista e cantor atribuiu tal definição a Wright, falecido um ano após aquela entrevista. O assunto foi abordado enquanto Gilmour discutia a importância de “Echoes”, música lançada pelo grupo em 1971, como parte do álbum Meddle.

Ele disse:

‘Echoes’ marcou um momento real de clareza, o momento em que todos nós percebemos que estávamos chegando a algum lugar, encontrando uma direção. E Rick, que de muitas maneiras é a alma do Pink Floyd, foi parte disso tanto quanto qualquer um.”
Pink Floyd em 1973 (E-D): Nick Mason, Dave Gilmour, Roger Waters e Rick Wright
Pink Floyd em 1973 (E-D): Nick Mason, Dave Gilmour, Roger Waters e Rick Wright - Foto: Michael Ochs Archives / Getty Images

David conta ainda que “Echoes”, embora tenha créditos compartilhados entre os quatro membros da formação mais famosa (todos citados no primeiro parágrafo exceto Syd Barrett), conta com autoria majoritária dele e de Richard. O guitarrista diz:

“Se você está olhando para quem escreveu o quê, eu diria que 80% da parte musical em ‘Echoes’ é minha ou de Rick.”

Curiosamente, a trajetória de Wright com o Pink Floyd se mostrou sinuosa, seja pela perda de espaço como compositor ao longo da década de 1970 ou por sua saída em 1981, no auge dos conflitos com Roger Waters. Com a saída deste, o tecladista retornaria em 1987, mas apenas como membro contratado devido a um imbróglio jurídico — ainda que fosse apresentado como integrante oficial.

Pink Floyd em 1988 (E-D): Rick Wright, David Gilmour e Nick Mason
Pink Floyd em 1988 (E-D): Rick Wright, David Gilmour e Nick Mason - Foto: Michael Putland / Getty Images

Razão para o Pink Floyd não voltar

Em entrevista de 2024 à Classic Rock, David Gilmour disse ter colocado “toda essa coisa do Pink Floyd para hibernar há muitos, muitos anos”. E o motivo para uma reunião sequer ser discutida é  justamente a ausência de Richard Wright.

“É impossível voltar sem o Rick. E eu não gostaria. Está encerrado.”

Além disso, Gilmour afirma estar contente com sua carreira solo. Um novo álbum, Luck and Strange, foi lançado em setembro último — e o artista realizou uma série curta de shows para promovê-lo.

“Estou muito feliz e satisfeito com a pequena equipe que tenho ao meu redor hoje em dia. Tivemos muitas ofertas para fazer turnês, mas estou nessa posição egoísta de ter dinheiro mais do que suficiente e ter tido fama mais do que suficiente.”

Ele também foi pontual em esclarecer que não tem qualquer insatisfação com o trabalho realizado junto ao Pink Floyd. Talvez por isso não esteja disposto a considerar uma expansão desta obra.

“Simplesmente não preciso dessas coisas hoje em dia. Não gostaria que ninguém tivesse a impressão de que não estou cem por cento feliz e satisfeito com o trabalho que fiz com o Pink Floyd ao longo dos anos, que foram produtivos, satisfatórios e alegres, principalmente. É fantástico. Mas meu foco agora é diferente.”
David Gilmour, guitarrista do Pink Floyd (Foto: Francesco Prandoni / Getty Images)
David Gilmour, guitarrista do Pink Floyd - Foto: Francesco Prandoni / Getty Images

O Pink Floyd saiu de cena como uma das maiores bandas da história. Estima-se que tenha vendido mais de 250 milhões de discos em todo o planeta. Dois de seus álbuns estão entre os mais populares de todos os tempos: The Dark Side of the Moon (1973) e The Wall (1979), respectivamente com 45 e 30 milhões de unidades comercializadas.

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