Show-carnaval adaptado a espaço pequeno, em SP, fez cantora ganhar em proximidade com o público
A australiana Kylie Minogue fez em São Paulo, neste sábado, mais uma apresentação de sua X-Tour, uma arena multireferencial (como pede o mundo pop) contaminada pelos embalos da disco, pela iconografia gay - com os dançarinos a la Pierre et Gilles -, pelo fluor oitentista e pela noite clubber dos 90 e convidou a todos para algumas horas de sua "Era Kylie".
Hits como "Can't Get You Out Of My Head" (vulgarmente conhecida como "Na na na/ Na na na na na"), "Wow", "Spinning Around", "Slow", "Your Disco Needs You" são os carros-chefe desse carnaval, prejudicado pela adaptação para espaços pequenos (perdia a magia e explicitava uma produção quase artesanal), mas lucrando em proximidade, carisma, calor.
Os vídeos, com estética ora kitsch ora new wave, e os figurinos exuberantes e exagerados marcam a apresentação que mantém um clima de balada, pulsante e incansável. Emocionada (na vida real ou no palco), a cantora rendeu-se à platéia, filmou os fãs, respondeu aos cartazes-pedidos de casamento, vestiu a bandeira do Brasil e sambou (bem, até) em sinal de comoção - exatamente como pede a etiqueta de ações para estrangeiros em sua primeira vez por aqui.
Aos gritos, fanáticos conseguiram uma versão a cappella, não prevista no setlist, de "Come Into My World", single do álbum Fever (2001). Quase duas horas de dança depois, o público sai de cena devidamente apaixonado, não antes de ensaiar em massa um levantar/abaixar de braços esticados em devoção a essa "deusa da noite". Porque Kylie sabe que sua festa nunca termina.